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Artigo do Jornal: Jornal Junho 2017
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A grande dificuldade de aceitação do Magnetismo por parte da maioria dos cientistas sempre esteve relacionada à questão da existência ou não do fluido magnético. Assistindo a uma apresentação do magnetizador Charles Lafontaine, em 1841, o inglês James Braid (1795-1860) convenceu-se da realidade dos fenômenos, mas desenvolveu a sua própria teoria para explicá-los: a sugestão. Assim, ele se tornou o pai da hipnose, termo cunhado por ele.

A sugestão hipnótica existe como fenômeno concreto, sendo estudada, inclusive, por Freud e utilizada no início da Psicanálise. É usada hoje por psicólogos de diversas abordagens, psicoterapeutas, odontólogos e outros profissionais para o tratamento de doenças e traumas. Daí não se segue que o fluido magnético seja uma ilusão. No livro Mesmer a ciência negada e os textos escondidos, de Paulo Henrique de Figueiredo, há uma interessante narrativa que mostra a atuação do magnetismo sem o uso da sugestão.

Atendendo à insistência do visitante [Seifert], Mesmer conservou-se de pé, a três passos da parede, enquanto Seifert se colocou à entrada da porta entreaberta, a fim de poder observar o magnetizador e o magnetizado ao mesmo tempo.

Anton Mesmer, com naturalidade, fez diversos movimentos retilíneos dum lado para o outro, com o dedo indicador da mão esquerda, na direção presumida do enfermo, que começou logo a queixar-se, apalpando as costas e parecendo sofrer um incômodo.

Seifert então lhe perguntou:
 - Que sente?
- Parece-me – disse o paciente – que tudo oscila em mim, de um lado a outro.

Alguns minutos depois, Mesmer fez movimentos ovais com o dedo.
- Agora estou sentindo que tudo dá voltas em mim, como num círculo – disse o doente.

Mesmer cessa os movimentos, e o paciente declara no mesmo instante que as sensações haviam terminado e nada mais sentia. Outras ações se seguiram, e todas as declarações tinham uma perfeita correlação (2005, pág. 118-119).

Em Manual do Estudante Magnetizador, o barão du Potet afirma a possibilidade de o magnetizador obter o sono magnético sem a ajuda da palavra. Mas, e a sugestão mental? Ela não poderia realizar o mesmo fenômeno? É possível, sim, a realização do fenômeno hipnótico por transmissão telepática, apesar de ser bem mais difícil, pois não dispensa a capacidade de transmitir/captar o pensamento de outrem. Não podemos esquecer, porém, dos tratamentos magnéticos realizados com animais e plantas. Não seria razoável acreditar que estes estariam sujeitos à sugestão verbal ou mental, donde o imperativo de se buscar outra explicação.

Em Magnetismo Espiritual, de Michaelus, encontramos a referência à visão dos fluidos pelos sonâmbulos. Milhares de experiências foram realizadas nesse sentido. Uma delas consistia em magnetizar uma dentre várias garrafas com água para que o sonâmbulo identificasse qual delas recebeu a magnetização. Não só o sensitivo acertava a garrafa como ainda descrevia o aspecto do fluido que a penetrava e a rodeava formando um halo brilhante, outras vezes vaporoso, esbranquiçado ou colorido.

Diversos magnetizadores contemporâneos também descrevem as suas próprias observações:

“Sim, já vi, com muita clareza fluindo das minhas mãos e penetrando o corpo do atendido, uma vez. Era como raios de néon, como um líquido luminoso, não posso dizer luz, porque tinha certa viscosidade. Era verde tendendo a um tom floresta, intenso.

É mais comum ver na magnetização da água e aí, sim, muitas variações de cores”.

“Vi uma vez uma magnetizadora aplicar longitudinais concentradores do frontal ao gástrico de um assistido. A sala estava em penumbra e vi claramente. Os fluidos eram esbranquiçados, vaporosos e desciam das mãos dela até o corpo do doente”.

“Alguém estava fazendo uma imposição na perna de um doente. Os fluidos saiam das mãos do magnetizador e iam se juntando na superfície da pele. Quando o magnetizador aplicava dispersivos transversais, os fluidos rapidamente eram assimilados pela perna do doente”.

“Observo os fluidos sendo liberados das minhas mãos quando estou fazendo imposição sobre alguma parte do corpo do doente. Os fluidos têm a cor branca (em forma de fumaça, nuvem), como se fossem novelos se desenrolando. Saem dos espaços interdigitais das mãos, creio que tendo origem nas palmas das mãos. Algumas vezes são emitidos em grande quantidade, outras vezes em quantidade moderada”.

“Vejo com certa frequência os fluidos saírem de alguns centros de força dos doentes. A primeira vez que vi fiquei assustada, dada a quantidade que saía do coronário. Vejo-os saindo de outros centros como laríngeo, gástrico e esplênico e também nos secundários, sobretudo nas plantas dos pés”.

Infelizmente, ainda não existe tecnologia suficiente para comprovar em definitivo a existência do fluido magnético que dá vida à matéria e promove o seu funcionamento harmonioso. Na hipnose, apesar do meio empregado ser geralmente a sugestão verbal, não deixa de haver a participação implícita do magnetismo interligando o hipnotizador ao hipnotizado de modo que este possa estar sob o relativo comando do primeiro. Ao mesmo tempo, no sonambulismo magnético, bem como nos tratamentos por magnetismo humano, a sugestão faz parte intrínseca através da vontade do magnetizador, que assim caracteriza os seus fluidos de modo a promover o transe sonambúlico ou dando-lhes a capacidade curativa.

Uma última forma em que a sugestão participa do tratamento magnético é na possibilidade de se aproveitar o estado de sonambulismo para dialogar com o sujet em condições de maior receptividade para incutir em sua alma valores melhores e correção de conduta às vezes difícil de modificar quando o mesmo não se sente capacitado para tanto.

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