“Em Carta dirigida aos Romanos, capítulo sete, versículo dezenove, o Apóstolo Paulo, um dos maiores seguidores do Cristo de todos os tempos, afirma categoricamente, a respeito do bem e do mal: “O bem que eu quero, eu não faço, mas o mal que eu não quero, esse eu faço, porque não é o mal que está em mim; é o pecado que vive dentro de mim”.
Em outra análise, Joanna de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, afirma que: ”Enquanto o bem e a virtude andam na semiobscuridade com sandália de veludo, o mal e o vício ganham título de cidadania das praças públicas, sob os arautos da promoção”. N’O Evangelho Segundo o Espiritismo está escrito que a predominância do mal na Terra seria uma questão insolúvel, sem o conhecimento dos mundos habitados e da destinação do Planeta terreno, que comporta apenas uma fação mínima da humanidade geral.
Através da Doutrina do Consolador, temos condições de lançar luzes nos patamares que se descortinam no horizonte, conscientizando o homem terreno de sua responsabilidade diante da vida, alertando-o sobre os escândalos, os crimes, corrupção, e tantas outras inferioridades que dificultam a caminhada evolutiva do homem, deixando-o apequenado diante de Deus e dos companheiros de jornada, fazendo com que tenha que voltar muitas vezes ao vaso carnal, em reencarnações repetitivas e dolorosas, com sérios problemas na área mental e física, atraindo enfermidades de difícil cura e difícil diagnóstico, que se abatem sobre o corpo físico que, em síntese, é o instrumento que o espírito imortal usa para exsudar para fora as mazelas que estão perturbando esse viajor incansável da eternidade.
O certo é que a humanidade encarnada e desencarnada ainda se compraz na prática do mal, devido ao nosso estágio atual de intemperança mental em que não conseguimos abandonar o ódio, o rancor, o ressentimento, a raiva; não nos desvencilhamos ainda dos vícios, dos desejos e das paixões. Acalentamos ainda no nosso coração o orgulho, o egoísmo, a inveja, o despeito, a mentira, a maledicência, o ciúme, a maldade, a crueldade, a perversidade, o autoritarismo e a prepotência. Todas atitudes negativas no campo da matéria e do espírito acarretam dores, sofrimentos e aflições que muitas vezes duram anos e anos consecutivos, e às vezes passam para o outro lado da vida, quando atravessamos as águas enigmáticas do rio da morte.
Explica ainda Kardec, na sua obra gigantesca da Codificação Espírita, que o homem carnal, ainda preso à vida corpórea do que a vida espiritual, tem na Terra penas e gozos materiais, e sua felicidade aparente e ilusória está na satisfação fugaz de todos os seus desejos e paixões. Sua alma, no entanto, está constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, que em última análise, cobra de todos os desvios morais que cometemos uns junto aos outros, aqui ou no além, onde também nos espera a Justiça infalível de Deus, que se encontra programada dentro da nossa consciência imortal, daí advindo que podemos fugir de tudo e de todos, menos desse juiz implacável, que já se encontra dentro de nós.
É interessante observar que o homem moral, que se coloca acima das necessidades fictícias criadas pelas paixões que denigrem, já neste mundo experimenta gozos que o homem material desconhece, porque a moderação de seus desejos dá à alma a serenidade que necessita, e ditoso pelo bem que pratica, livra-se das decepções e as contrariedades que deslizam sobre o seu espírito, sem deixar nenhuma impressão dolorosa da vida terrena. Do mesmo modo, quando abandonar os padrões grosseiros da matéria corruptível, estará pronto para experimentar a felicidade que é reservada aos bons, não sentindo mais nenhuma atração pelas práticas inferiores da vida, que em última análise, é a perdição de todos que se envolvem com essas mazelas do campo da carne.
No entanto, a felicidade dos espíritos é proporcional a elevação de cada um, e somente as almas purificadas pelo comportamento ético e convivência pacífica com os outros atingem a suprema felicidade, sem que os outros espíritos, aos milhares, não possam também gozar de uma felicidade relativa, de acordo com o merecimento de cada um. Entre os maus espíritos e aqueles cujos corações Deus já tocou – e por isso estão felizes – há uma infinidade de graus, em que cada recebe exatamente o que plantou nos corações alheios, não faltando, porém, ajuda dos mais adiantados em relação aos mais atrasados, que recebem ajuda diuturnamente, mas muitos, ainda algemados pelas correntes da maldade, crueldade e perversidade, não atendem esses reclamos, e por isso permanecem na retaguarda da vida, onde segundo Jesus, haverá sempre dores e ranger de dentes.
Quando pensamos nas modificações morais que obrigatoriamente teremos que realizar para atingirmos um nível compatível de evolução, que nos dará condições de habitarmos mundos regeneradores, ficamos perplexos e apreensivos porque tudo está muito difícil neste mundo de provas e expiações; mas podemos afirmar com absoluta certeza que muitos espíritos estão ultrapassando essas barreiras da inferioridade moral, e avançando para mundos superiores seguindo uma frase monumental do Apóstolo Paulo, que diz: ”Lute, trabalhe, com fé, coragem e determinação, com as coisas que você pode ver, a fim de que depois de muito tempo você possa entesourar no fundo do seu coração aquilo que você ainda não pode ver”. Paulo afirma categoricamente que as coisas espirituais vêm depois das materiais, e isso leva tempo. O importante para o ser humano, no presente, é aumentar os laços fraternos e de amizade com os irmãos de luta, que na realidade é a moeda corrente que circula do outro lado da vida, para onde certamente iremos um dia.