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Artigo do Jornal: Jornal Maio 2017

Sobre o autor

Cláudio Conti

Cláudio Conti

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Comumente, a ligação entre o espírito, o perispírito e o corpo é referenciada como sendo formada por laços. A forma mais trivial de interpretação é aquela que se utliza no dia a dia quando se pretende prender algo, isto é, laços físicos com barbantes e cordas ou, ainda, num aprofundamento um pouco maior, como as suturas médicas, com as quais se unem dois lados de um corte, por exemplo, para a cicatrização. Ainda sob esta mesma abordagem, na desencarnação tais laços seriam desfeitos, tal qual a retirada da sutura, na qual os pontos são cortados um a um.

Contudo, a análise pode e deve ser abordada diferentemente para melhor entendimento do processo da encarnação, da desencarnação e, mais ainda, da própria manutenção do corpo físico.

Visando maior compreensão neste tema, podemos fazer uma analogia com o “laço” que “prende” os corpos ao solo – a gravidade. Existe uma interrelação entre corpo e planeta, em que há uma atração mútua, isto é, o planeta atrai o corpo e o corpo, por sua vez, atrai o planeta. A força que cada um exerce é dependente da massa que possui – quanto maior a massa, maior a força. Desta forma, se verifica que este tipo de laço não é de uma única intensidade, tal como seria nos casos de uma corda, por exemplo.

Kardec se refere à esta ligação como um “laço fluídico” e diz que, no processo de encarnação, há uma atração por uma força irresistível, enquanto que no processo inverso, a desencarnação, a união se desfaz logo que essa força deixa de atuar1.

Kardec apresenta a forma como os laços devem ser interpretados, isto é, como forças, assim como a força da gravidade no exemplo utilizado anteriormente.

Sob este aspecto, no processo encarnatório, a estrutura espiritual inicia como que uma espécie de projeção de forças mentais que se expressarão na matéria com a formação do perispírito e corpo físico. Assim como a gravidade, na qual os corpos se atraem mutuamente com força compatível com a massa que possui, ao mesmo tempo em que o espírito se liga ao gérmen, este também atrai o espírito a ele designado por uma força irresistível, desde o momento da concepção1.

Segundo o Modelo Padrão da Física2, a teoria que descreve as partículas e as agrupam conforme as características que apresentam, há dois grandes grupos: os férmions e os bósons. Os férmions são denominados de “partículas reais”, que formam a matéria como a conhecemos, isto é, formam os átomos e, consequentemente os corpos materiais. Os bósons, por sua vez, são denominados de “partículas virtuais” e são responsáveis pela ação das forças; cada tipo de força apresenta um bóson específico. Dentre as partículas virtuais, são conhecidas quatro, enquanto que a quinta é, ainda, uma suposição: os grávitons.

Os grávitons seriam as partículas virtuais responsáveis pela força gravitacional. Assim, a teoria diz que dois corpos se atraem simultaneamente em decorrência de uma “troca” destas partículas. A troca deste tipo de partícula está relacionada com fatores específicos, no caso da gravidade, massa é o fator que estabelece a intensidade da força.

Outro ponto interessante com relação à força gravitacional é que sua ação se estende a grandes distâncias e é responsável pela manutenção da estrutura do universo.

Baseado na informação apresentada pela Doutrina Espírita com relação ao laço fluídico, pode-se teorizar a existência de uma partícula virtual responsável pela força de interação entre o espírito, o perispírito e o corpo físico.

Esta partícula portadora, que aqui denominaremos de “láciton”, em alusão ao laço fluídico, teria propriedades peculiares, pois, enquanto que as outras partículas são universais para os seus respectivos campos, os lácitons teriam ação individual, tal como uma impressão digital, e sua ação estaria restrita ao espírito que a gerou.

Outra peculiaridade dos lácitons é que sua ação poderia se estender a grandes distâncias, muito superiores à dos grávitons, por ser a mantenedora da comunicação constante entre o perispírito e o corpo físico nos casos de emancipação, também conhecido no meio espírita como “cordão de prata”.

No processo de desencarnação natural haveria uma diminuição gradual dos lácitons, diminuindo gradualmente de intensidade. Nesta situação, a morte "sobrevém pelo esgotamento dos órgãos, em consequência da idade, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de óleo"3.

O conceito dos lácitons, isto é, da interligação espírito-perispírito-corpo físico através de uma partícula portadora, fornece explicação para vários dos fenômenos espirituais, tais como os efeitos físicos, sonambulismo e o êxtase.



Notas bibliográficas:

1. Allan Kardec; A Gênese; Cap. XI, item 18.

2. Marco A. Moreira; O Modelo Padrão da Física de Partículas; http://www.if.ufrgs.br/~moreira/modelopadrao.pdf

3. Allan Kardec; O Livro dos Espíritos; comentário à questão 154.

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