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Artigo do Jornal: Jornal Abril 2017

Sobre o autor

Iris Sinoti

Iris Sinoti

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Enquanto a maioria das pessoas considera prioritária a conquista da felicidade, Carl Gustav Jung asseverou que a finalidade da vida é a busca do significado, do seu sentido psicológico profundo.

O que podemos chamar de felicidade nos dias atuais? Na ânsia das conquistas nos afastamos cada vez mais da profundidade da existência, não temos tempo para a família, amigos, menos ainda para silenciarmos e entrarmos em contato com o espírito que somos. Como costumava pregar na antiga Grécia o filósofo Sócrates: “Uma vida sem o exame não é digna de ser vivida”. Não raro nos questionamos sobre a finalidade do sofrimento, da dor e de todos os desafios que enfrentamos, mas sem o autoexame consciente, não encontraremos as respostas que buscamos, pois é na história escrita por cada um de nós, na vida presente e no decorrer das nossas experiências pretéritas, que encontramos as escolhas, os feitos e não feitos, os ditos e não ditos que foram se acumulando no sótão do nosso ser.

Nesse ponto onde nos encontramos precisamos escolher: somos protagonistas da nossa história ou meros espectadores passivos?

Se já possuímos consciência do espírito que somos, sabemos que somos herdeiros dos nossos atos, e se queremos uma vida melhor precisamos encontrar o problema. Para isso não precisaremos ir muito longe. Agora, se ainda estamos esperando que a vida nos apresente uma resposta para os nossos problemas, acreditando que as circunstâncias que nos ocorrem são injustas e que somos vítimas, provavelmente temos muito a aprender.

A Mentora Joanna de Ângelis1 afirma: “O sentido, o significado existencial, entretanto caracteriza-se pela busca interna, pela transformação moral e intelectual do indivíduo ante a vida, pelo aproveitamento do tempo na identificação do self com o ego”. Não existe busca externa capaz de transformar o ser interiormente; o ser que nascemos para ser necessita da moralidade, da ética e dos verdadeiros valores para se desenvolver. Urge o tempo! Não podemos encontrar justificativas na preguiça, na acomodação, nas desculpas, pois já fomos apresentados à Doutrina Libertadora das Almas, somos seres livres dotados de capacidade de escolhas.

Se ainda permitimos o domínio do egoísmo em nossas vidas é porque ainda não reconhecemos a sombra que nos domina, ainda desperdiçamos o nosso tempo no atendimento às questões diminutas do mundo material, em detrimento do enriquecimento das nossas almas. O ego precisa reconhecer que o Self é o dono da casa, o espírito é imortal, e tudo o que fizermos para o nosso aperfeiçoamento nos levará ao encontro da finalidade existencial, pois como assevera Joanna de Ângelis: “Quando a busca é de sentido, a pessoa não se detém para avaliar o resultado das conquistas imediatas, porque não cessa o significado das experiências vivenciadas e por experienciar”.2

A partir dessas reflexões podemos questionar: Qual o seu objetivo na vida?

Para Jung3, “a tarefa do homem é... Tornar-se consciente dos conteúdos que sobem do inconsciente. Ele não deve persistir em sua inconsciência nem permanecer identificado com os elementos inconscientes do seu ser, fugindo assim do seu destino que é criar uma consciência cada vez maior”. Consciência essa que consiste em revelar em nós um aspecto de Deus até agora oculto, pois o melhor de nós ainda é inconsciente. O trabalho de autoiluminação nos levará ao encontro com Deus, e assim como Paulo poderemos viver a real experiência do significado, pois já não mais seremos nós que viveremos, mas o Cristo que viverá em nós.

Assim poderemos entender que o sentido da vida não é chegar ao fim de um trajeto, mas percorrer o trajeto, caminhar o nosso caminho, carregar a nossa cruz até o fim, pois não é possível ao homem nem à mulher viver uma vida sem significado, uma vida sem o encontro com o Pai.


1 Psicologia da Gratidão, cap. 1, parte 2.

2 Idem

3 JUNG, Carl Gustav. Sonhos, memórias, reflexões.

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