
Como em nossa condição evolutiva ainda estejamos aprisionados nas teias aderentes da dimensão física, submissos às paixões humanas, o fenômeno da morte exibe uma conotação sombria, sendo ligado à extinção da criatura, quando, em verdade, pela luz grandiosa da revelação espírita, tem o sentido de renovação, de final de uma etapa transitória e imperiosa ao progresso espiritual: “Nascer, crescer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei” (apotegma gravado no túmulo do excelso Kardec, no cemitério Père-Lachaise, em Paris). Portanto, nascer e morrer são etapas normais e mandatórias para que a Criatura imortal adquira conhecimentos, expanda sua consciência, desperte de dentro de si as potencialidades imanentes, adquiridas desde o momento de sua formação na eternidade.
Na questão 339 de “OLE” (O Livro dos Espíritos), os Arautos do Além nos confortam, dizendo que “pela morte, o Espírito sai da escravidão”. Portanto, a desencarnação nunca é um fim e sim um recomeço, ressurgindo o Ser, no casulo extrafísico. Então, percebe que a vida continua, sendo sua sobrevivência inerente a todas as criaturas. O decesso físico trata-se de uma etapa imprescindível ao aperfeiçoamento e ao aprendizado de todos os espíritos, constituindo-se em uma libertação. Deixando o casulo terreno onde eram submetidos a uma verdadeira tirania biogenética e, alçando o voo da imortalidade, “voltam como andorinhas celestes ao ninho de amor, desdobrando as próprias asas no reino da Eterna Luz” (Trecho do Hino do Repouso, ouvido por via mediúnica por Chico Xavier, em Pedro Leopoldo).
Na questão 160 de “OLE”, Allan Kardec pergunta se “o Espírito reencontra imediatamente aqueles que ele conheceu sobre a Terra e que morreram antes dele”? A resposta bem reconfortadora: “Sim, conforme à afeição que lhes votava e a que eles lhe consagravam. Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria. Encontra-se também com muitos dos que conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na dimensão espiritual, como vê os encarnados e os vai visitar”.