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Artigo do Jornal: Jornal Setembro 2015
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A morte dói?

 O 5º CONGRESSO ESPIRITISMO NA UERJ – A TRANSIÇÃO DESTA VIDA PARA OUTRA – O HOMEM, UM SER COMPLEXO: ALMA – PERÍSPIRITO – CORPO – COMO SE DÁ A SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO – A LINHA DIVISÓRIA DA VIDA E DA MORTE

Participei no dia 4 de agosto de 2015 do 5º CONGRESSO ESPIRITISMO, cujo tema central foi O Céu e o Inferno, de Platão e Dante a Kardec, quando abordei o sub tema: MECANISMOS: DESENCARNAÇÃO – DESPRENDIMENTO – FELICIDADE – SOFRIMENTO – PROGRESSO NO PLANO ESPIRITUAL, promovido pelo Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões – PROEPER, do Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, “Projeto Espiritismo na Universidade”, tendo como representante da Doutrina Espírita, a Professora Nadja do Couto Valle.

 

A TRANSIÇÃO DESTA VIDA PARA A OUTRA

Comecei a conferência citando o texto de Allan Kardec no item 1, do capítulo I, da II Parte de O Céu e o Inferno, ao dizer que a confiança da vida futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida. Há muita gente que teme não a morte em si, mas o momento da transição. Sofremos ou não nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém foge à lei fatal dessa transição. Podemos dispensar-nos de uma viagem neste mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos fazê-la, e, por dolorosa que seja a franquia, nem posição nem fortuna poderiam suavizá-la.

 

 O HOMEM É UM SER COMPLEXO

Para dar continuidade ao tema era preciso situar o homem na visão Espírita, considerando a sua natureza física e espiritual, pois nele combinam três elementos: ALMA – PERÍSPIRITO – CORPO, sendo:

1º - CORPO - envoltório material temporário, que abandonamos na morte como vestuário usado;

2º - PERISPÍRITO - invólucro fluídico permanente, invisível aos nossos sentidos naturais, que acompanha a alma em sua evolução infinita, e com ela se melhora e purifica; e

3º - ALMA - princípio inteligente, centro de força, foco da consciência e da personalidade.

 

ILUSTRAÇÃO

COMO SE DÁ A SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO

Como vimos no comentário do Codificador no item 1, do capítulo I, da II parte de O Céu e o Inferno, “há muita gente que teme não a morte, em si, mas o momento da transição”, e justamente para esclarecer se a morte dói, apresentei a seguir a pergunta 154 de O Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec indaga dos Instrutores da Humanidade se “A separação da alma e do corpo é dolorosa”. A resposta foi a seguinte:

— Não; o corpo, frequentemente, sofre mais durante a vida que no momento da morte; neste, a alma nada sente. Os sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.

E Kardec, a seguir, faz o seguinte comentário:

Na morte natural, que se verifica pelo esgotamento da vitalidade orgânica em consequência de idade, o homem deixa a vida sem perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de energia.

Diante desse esclarecimento, aproveitei para desfazer um conceito errôneo de que a morte se dá com a saída da alma; essa saída se verifica durante o sono quando a alma se emancipa do corpo, porém permanecendo ligada ao corpo pelo cordão perispiritual. Kardec deixou bem claro no seu comentário que a morte se verifica pelo esgotamento do fluido vital que mantém o perispírito ligado ao corpo. E ilustrei com a chama da lamparina que se apaga naturalmente por falta do combustível. Ainda dei o exemplo prático do automóvel que pode ter o chassi e o motorista, mas sem gasolina ele não anda, ou seja, sem fluido vital o corpo não funciona.

 

Sem combustível a chama se apaga, assim sem fluido vital a alma se desprende

 

HUMOR INTELIGENTE

Aproveitei a oportunidade para descontrair o público contando que um médico legista, pensando que poderia abalar a crença de Chico Xavier, disse-lhe que durante muitos anos, fazendo necropsias e dissecando cadáveres a bisturi, nunca havia encontrado a alma, matéria-prima das religiões, e principalmente do Espiritismo, que o médium professava.

Chico Xavier, com a sua habitual tranquilidade, respondeu-lhe perguntando: "Doutor, como é que o senhor queria encontrar o pássaro depois que ele fugiu da gaiola?".

A LINHA DIVISÓRIA DA VIDA E DA MORTE

155 – a) A separação se verifica instantaneamente, numa transição brusca? Há uma linha divisória bem marcada entre a vida e a morte?

— Não; a alma se desprende gradualmente e não escapa como um pássaro cativo subitamente libertado. Os dois estados se tocam e se confundem, de maneira que o Espírito se desprende pouco a pouco dos seus liames; estes se soltam e não se rompem.

Segundo o Codificador a sensação dolorosa da alma, por ocasião da morte, está na razão direta da soma dos pontos de contato existentes entre o corpo e o perispírito, e, por conseguinte, também da maior ou menor dificuldade que apresenta o rompimento. Não é preciso, portanto, dizer que, conforme as circunstâncias, a morte pode ser mais ou menos penosa. Estas circunstâncias é que nos cumpre examinar.

A extinção da vida orgânica acarreta a separação da alma em consequência do rompimento do laço fluídico que a une ao corpo, mas essa separação nunca é brusca. O fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo.

 

QUATRO SITUAÇÕES

Para encerrar essa questão o Codificador no item 1, do capítulo I, da II Parte de O Céu e o Inferno, estabelece em primeiro lugar, e como princípio, os quatro seguintes casos, que podemos reputar situações extremas dentro de cujos limites há uma infinidade de variantes:

1º Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente;

2º Se nesse momento a coesão dos dois elementos estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma;

3º Se a coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo;

4º Se após a cessação completa da vida orgânica existirem ainda numerosos pontos de contato entre o corpo e o perispírito, a alma poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do corpo, até que o laço inteiramente se desfaça.

 


 Ilustração da alma vendo o seu corpo físico

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