
(Pergunta nº 540 d`O Livro dos Espíritos: “Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da natureza, operam com conhecimento de causa, usando o livre arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?) Resposta dos Espíritos: Tudo se encandeia no Universo, desde o átomo até o Arcanjo, que um dia também começou por ser átomo.”
A evolução terrena do nosso Planeta começou quando Espíritos arcangélicos teriam tomado como empréstimo o hausto divino, ou seja, o fluido cósmico universal e, com ele, formado uma imensa bola de fogo (cuja temperatura é indescritível para a mente humana), dando-lhe uma movimentação centrípeta e centrífuga, ou seja, puxando para dentro e jogando para fora ao mesmo tempo, dentro do espaço infinito. Essa bola de fogo seria o nosso sol, que ao desgarrar-se de sua Nebulosa, fez desgarrar também nove partes de sua estrutura, dando origem aos Planetas que circulam em torno do Sol, inclusive o nosso Planeta Terra – que ao se resfriar da temperatura elevadíssima formou continentes, mares, rios e lagos, através de chuvas torrenciais que o inundaram.
Esse período durou milênios para que a Terra tivesse condições de receber as mônadas celestes, os “princípios espirituais” que se uniriam à matéria para formar os primeiros seres vivos que habitariam o nosso Planeta. O primeiro estágio do princípio espiritual se verifica nos minerais: depois de muito tempo, alguns tipos de pedras se cristalizam, tomando formas geométricas e apresentando brilho, como acontece com os diamantes, safiras, esmeraldas, rubis, dando a entender que mesmo entre os seres chamados inanimados existe uma hierarquia evolutiva em que o espírito imortal em seu início se apresenta atuante.
Um passo adiante, vemos o princípio espiritual estagiando nos vegetais, começando pelas algas marinhas de formas mais simples, quase invisíveis aos olhos humanos, passando pelas mais complexas: por outros vegetais de estrutura mais fortes, até chegar as grandes árvores, como ipê, o jacarandá, a peroba, que muitas vezes atingem mais de cem metros de altura, e cujas raízes se espalham por quilômetros de distância.
O próximo passo ocorre no reino animal, onde o estágio inicia nos vírus, nas bactérias, nos micróbios, passando por animais de estrutura simples: unicelulares, depois os multicelulares, em seguida os de esqueletos ósseos, crustáceos, chegando aos insetos, e também pelos de infraestrutura, até os mais adiantados, como os besouros, formigas, abelhas, cupins, e a borboleta, que realiza uma intrigante metamorfose. O estágio seguinte ocorre entre os peixes, desde o mais pequenino até o grande e terrível tubarão, que pode atingir até 10 metros de comprimento.
Na contínua busca de sua evolução, o princípio espiritual estagia entre os batráquios, como sapos, pererecas e outros, atingindo, depois de milênios, o concurso dos répteis, desde os mais simples até as grandes cobras, o jacaré e os lagartos. Mais à frente o principio espiritual estará entre as aves, desde a de menor importância, até aqueles cujo instinto se apresenta notável, como as galinhas, os gansos, marrecos, avestruz, ema, e até mesmo entre as ditas aves selvagens, como a águia, o gavião, o condor e o pavão.
Mas o estágio mais importante ocorre entre os mamíferos, começando com os animais quase ínfimos, como um ratinho da Austrália, que mede pouco mais de dois centímetros; passando por todas as classes, até chegar ao último degrau, onde estagia em animais cujo instinto já está individualizado e apresenta sinais e características humanas, como é o caso do gato, cão, elefante, baleia, peixe-boi, macacos, gorilas, e outros mamíferos de grande porte domesticados pelo homem. Esse estágio final dura milênios, porque nesses animais superiores da criação, o instinto de conservação, que é um determinismo divino, passará para o homem terreno, como uma aquisição permanente de sua evolução.
Quando o princípio espiritual já está suficientemente desenvolvido no estado animal, ele é restituído ao todo universal em condições especiais e levado por espíritos superiores aos chamados mundos “ad hoc”, que são regiões preparativas onde será elaborada a estrutura eletromagnética do períspirito: o corpo fluídico do espírito imortal. Nesse estágio, o espírito perde a consciência do seu ser a fim de não ser influenciado pela matéria densa, numa espécie de estado letárgico, amparado por espíritos superiores, e quando acorda depois de muito tempo, já está ostentando a forma humana. Existem no mundo espiritual instituições extremamente especializadas, ou seja, verdadeiras cidades espirituais, para receber os princípios espirituais que atingiram o máximo grau no reino animal, e funcionam como se fossem maternidades espirituais, dotadas de câmaras de ativação, de reciclagem, de adaptação e desenvolvimento psíquico em que esses seres primordiais recebem cargas eletromagnéticas para iniciar suas primeiras apresentações no mundo físico, portando o pensamento contínuo e o livre-arbítrio.
Por causa da aparência grotesca dos primeiros seres humanos neste estágio, surgiram várias lendas e contos sobre entidades espirituais com os nomes de sereias, gnomos, sacis, lobisomem, mula-sem-cabeça, ondinas. Segundo Alan Kardec, seriam os chamados “elementais”, intermediários na evolução entre os animais e os homens. Esses elementais seriam os responsáveis pelos fenômenos da natureza, como os furacões, tsunamis, tempestades, maremotos e outros, sob a supervisão de espíritos enobrecidos que presidem esses fenômenos.
A primeira encarnação desses espíritos da natureza se efetua em mundos primitivos, praticamente desabitados, para que junto dos animais, e em seu próprio ambiente selvagem, possam desenvolver habilidades próprias, estruturando o períspirito, experimentando o uso do livre-arbítrio e aprendendo a utilizar o pensamento contínuo, o maior instrumento já concedido ao homem terreno pelo seu Criador. Até chegar ao estágio em que nos encontramos hoje, são necessários muitos milênios de experimentações no campo da carne e do espírito. O espírito imortal, esse viajor incansável da eternidade, esse nômade do espaço, esse andarilho do infinito, através de reencarnações sucessivas, muitas delas repetitivas, volta para fazer as mesmas coisas que fez antes; até que, exausto e cansado do mal, possa chegar ao final da jornada evolutiva, quando a mente humana vai se unir de uma forma indescritível à mente divina.