
A teoria científica atualmente aceita para a formação do universo diz que sua origem é decorrente de um determinado evento, denominado de "A Grande Explosão", mais conhecido em inglês como "Big Bang". Esta explosão, contudo, não deve ser considerada como a detonação de uma granada, por exemplo, em que os pedaços da granada se expandem no espaço circundante.
O Big Bang, segundo a teoria, seria a expansão do próprio espaço. Isto significa que, na visão científica, o espaço não existia, assim como o tempo, que teve seu surgimento, ou seu início, neste mesmo evento.
Desta forma, devemos considerar dois pontos importantes: 1) o universo teve um início e; 2) podemos considerar que o espaço não é infinito.
Todavia, segundo a questão 35 d'O Livro dos Espíritos temos o seguinte:
Pergunta: O espaço universal é infinito ou limitado?
Resposta: “Infinito. Supõe-no limitado: que haverá para lá de seus limites? Isto te confunde a razão, bem o sei; no entanto, a razão te diz que não pode ser de outro modo. O mesmo se dá com o infinito em todas as coisas. Não é na pequenina esfera em que vos achais que podereis compreendê-lo.”
Kardec, no sentido de viabilizar a perpetuação do Espiritismo como uma doutrina que deveria se manter atual mesmo no futuro sem, contudo, estabelecer ou estimar um “prazo de validade”, diz que a doutrina que surgia deveria "encarar a razão em todas as épocas da humanidade". Assim sendo, podemos analisar a informação disponível no sentido de compatibilizar as teorias espírita e a científica sem que haja qualquer dano tanto a uma quanto a outra.
Precisamos, portanto, estabelecer uma distinção entre a Criação com “C” maiúsculo e a criação com “c” minúsculo. Por “Criação” entende-se toda obra em que Deus opera diretamente, como na Criação de espíritos; enquanto que por “criação” deve-se entender tudo o que é operado pelos seres inteligentes da Criação, isto é, os espíritos.
André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, no Cap. 1, define esta ideia diferenciando entre “Criação” e “co-criação”. Em linhas gerais, Deus cria, enquanto o espírito, atuando sobre o que foi criado previamente, tal como o fluido, co-cria. A co-criação é temporária, tem um tempo de vida útil que dependerá do grau evolutivo do espírito atuante, enquanto que a Criação transcende o tempo.
André Luiz categoriza, ainda, a co-criação em dois níveis: "plano menor" e "plano maior". A co-criação em plano menor está relacionada com a formação do perispírito e corpo físico por parte dos espíritos que ainda necessitam encarnar, enquanto que a co-criação em plano maior está relacionada com o trabalho desenvolvido pelos espíritos superiores, mais especificamente na formação do universo conhecido. Temos, então, nas próprias palavras de André Luiz: “Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade.”
O conceito de co-criação claramente apresentado por André Luiz é uma abordagem mais abrangente da teoria dos fluídos que permeia os livros da Codificação como um todo e mais enfaticamente n'O Livro dos Médiuns, Parte Segunda, Cap. VIII - Do Laboratório do Mundo Invisível e no livro A Gênese, Cap. XIV - Os Fluidos.
Considerando que o fluido universal é o princípio elementar de todas as coisas, o espaço e o tempo como conhecemos também devem ser considerados como expressões do fluido universal, tal como a matéria. Portanto, pode-se conceber o surgimento de ambos a partir do Big Bang, tendo um ponto de partida para sua existência.
Neste sentido, podemos estabelecer uma distinção entre o Universo de Deus e o universo conhecido. O Universo de Deus é infinito em todos os sentidos, inclusive espaço e tempo que, neste caso, possuem uma conotação completamente diferente daquele que concebemos. Em contrapartida, segundo a teoria tanto científica quanto espírita, o universo conhecido é finito em todos os sentidos, inclusive o espaço e o tempo como os concebemos.