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Em 2009, o Brasil disparou na frente do ranking no número de depressivos diagnosticados, e a OMS estima que até 2020 a depressão será a segunda doença de maior ocorrência no mundo, devendo atingir o primeiro lugar até 2030.
Joanna de Ângelis1 enfatiza como uma das principais causas da depressão a insatisfação do ser em relação a si mesmo, resultado das frustrações de desejos não realizados, quando os "impulsos agressivos se rebelam ferindo as estruturas do ego que imerge em surda revolta, silenciando os anseios e ignorando a realidade".
Evidente, porém, que além dos sintomas físicos, os de ordem psicológica e espiritual manifestam-se com muita intensidade na depressão, mas convém recordar que "nem sempre, porém, serão encontradas as matrizes de tais patologias, que estão profundamente registradas no Espírito, como decorrência de condutas, de atividades, dos insucessos das reencarnações passadas"2.
Existe uma ausência de significado na vida do depressivo, por isso a Mentora chama a atenção para a importância de estimular a busca do objetivo existencial, no qual o indivíduo encontra forças para vencer os desafios, descobrindo-se capaz de amar mesmo que desamado.
Mas, o que significa a depressão?
É muito comum confundir-se tristeza com depressão. Na depressão ocorre com frequência um desânimo devastador, debilitante e duradouro que interfere diretamente na vida da pessoa. A tristeza, que pode ser dolorosa é normal e desaparece com o tempo. Já na depressão essa sensação não desaparece tão facilmente, interrompendo muitas vezes a capacidade de pensar e agir da pessoa.
De acordo com Joseph Campbell, uma das maiores autoridades em mitologia, "uma coisa que revela nos mitos é que, no fundo do abismo, desponta a voz da salvação. O momento crucial é aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a surgir. No momento mais sombrio surge a luz".
A depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. É uma doença que "dói na alma".
E se o individuo não consegue vivenciar sua tristeza, se não consegue se aproximar do abismo, se não se permite ter contato com a parte sombria, como poderá alçar a luz?
Um ego exaltado é incapaz de perceber nos eventos que desencadearam a tristeza as oportunidades de crescimento, pois identifica apenas derrota. Em saúde mental, a crise é uma oportunidade de mudança. A tristeza é definitivamente um estado de ausência de alegria, o que não significa desânimo em relação à vida. É um convite à introspecção, à reflexão, e somente um ego equilibrado será capaz de suportá-la para realizar a análise dos aspectos não pensados, alcançando sua importante e verdadeira função em nossas vidas, sem derrapar para a depressão ou demais conflitos existenciais.
Qual o convite que a vida me faz neste exato momento? O que deixei para trás no meio de desculpas e agora preciso resgatar? Quais os meus medos? O que realmente estou sentindo agora?
Se a vida é a possibilidade de nos desenvolver e nos melhorar enquanto seres humanos que somos, então tudo o que a vida nos apresenta estará a esse serviço. Não seria a depressão uma oportunidade para revermos as nossas crenças e verdades? Será que não estamos correndo com muita pressa e esquecendo de olhar as flores do caminho? A depressão marca o momento de importante escolha: VOCÊ! Todos somos importantes, e temos algo de grandioso para realizar.
E sendo fruto do autodesamor, o Amor transforma-se no grande antídoto e o grande solvente deste mal da alma. Certamente por isso o Mestre o colocava como o maior dos mandamentos.
1 Triunfo Pessoal
2 Joanna de Ângelis - O Ser Consciente