
O Espírito, em sua jornada evolutiva, aquilata experiências e conhecimento, transformando-se e possibilitando o aprimoramento do próprio corpo físico, que vai sendo modelado e reinventado a cada etapa. De acordo com estudos do eminente psiquiatra cubano, Dr. Mira y Lopez1, a primeira manifestação do pensamento veio através do Pensamento Primitivo, que se manifestava "em condições de emergência, isto é, em situações que de algum modo quebram o equilíbrio existencial e ameaçam a integridade do Ser". Joanna de Ângelis2 acrescenta que se tratava de uma "grosseira manifestação do psiquismo divino", nesse ser fisiológico dominado pelo medo, cujas manifestações instintivas de sobrevivência predominavam.
Mais tarde, sob o impulso das experiências vividas, assim como das forças espirituais que transcendiam à sua compreensão, assevera a Benfeitora que desenvolveu-se o Pensamento Mitológico ou Mágico, através do qual relacionava-se de forma mística com as forças da natureza e tudo que o ameaçava. Embora rudimentar, essa fase proporcionou aos seres "situar-se com equilíbrio no solo e passar às edificações trabalhadas". A consciência social começava a ampliar-se, embora muito timidamente, e o próprio medo, na condição de emoção primária, serviu de estímulo para proteção e construção de melhores ferramentas para a caça e alimentação.
Extremamente belicoso, por conta da falta da razão e discernimento, o Pensamento Egocêntrico foi ganhando campo ao longo do processo, pois como esclarece o Dr. Mira y Lopez: "a realidade vivida nessa fase evolutiva só existe e adquire valor, quando de algum modo serve ou ameaça o bem-estar pessoal." O eu (ego) era então a medida de todas as coisas.
Aos poucos o Pensamento Racional foi sendo desenvolvido. O Self – totalidade e impulso divino em nós – impulsionou o discernimento e articulação de ideias. As ciências começaram a desenvolver-se, assim como a escrita e as artes ganharam intensidade. Nessa etapa a existência foi prolongada, pois os ambientes eram mais habitáveis e salutares. O homem e a mulher racionais dominaram com maior facilidade a natureza... Mas ainda não dominam nem conhecem a si mesmos.
O grande desafio do processo evolutivo é proporcionar que, aliados à evolução do pensamento, tenhamos o sentimento e a nobreza de caráter como companheiros inseparáveis de jornada. De acordo com as ciências do comportamento humano, temos em média mais de 50 mil pensamentos diários. O problema é que, em sua maior parte, são pensamentos doentios e egoístas, gerando o mundo atual como consequência, de seres com muito conhecimento, porém belicosos. Sidarta Gautama, o Buda, já dizia que o mundo é resultado dos nossos pensamentos.
A proposta terapêutica de Joanna de Ângelis, para esse pensamento enfermiço – embora fértil – da atualidade, é trocar de pensamento toda vez que a onda enfermiça e doentia tentar se apoderar de nossas mentes. Para auxiliar, alimentemos o nosso inconsciente – e a consciência – com boas leituras e músicas, conversas edificantes e nobres ideais. Além disso, o pensamento que se sintoniza com a prece e a meditação fica menos suscetível às alterações de estado e sintonia, evitando tanto os quadros de doenças psicossomáticas quanto as obsessões de ordem espiritual.
Caberá a esses homens e mulheres da modernidade, que alçaram os altos voos do pensamento, conquistarem a si mesmos, e desenvolvendo o sentimento sublime do Amor, avançarem ainda mais na escala evolutiva, rumo à plenitude que nos aguarda.