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Iris Sinoti

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banner-quem-somosMitos: A verdade sobre quem somos
Por Iris Sinoti
De Salvador

Em um mundo onde reinam o racionalismo e o cientificismo, confrontamo-nos, vez que outra, com a riqueza simbólica dos mitos. Mesmo não tendo uma veracidade histórica, a verdade neles contida é relevante para o desenvolvimento do ser humano, por apresentar uma forma peculiar de revelar as experiências humanas. Os mitos, através dos seus símbolos, nos ajudam a reconhecer a complexidade e o mistério supremo que envolvem a psique e a vida humana.
O romancista e poeta alemão Thomas Mann, falando sobre o significado de tornar-se consciente, afirmava: “o mito é a legitimação da vida... somente por meio dele e nele a vida toma consciência de si mesma, encontra aprovação, consagração”. Toda vez que vivemos a história de nossa própria vida com dignidade e autenticidade, realizamos padrões míticos muito antigos. Não estamos com isso negando o livre-arbítrio ou pregando o determinismo, mas ao observarmos a sabedoria milenar dos mitos, perceberemos que estamos verdadeiramente conectados a um todo maior, e que determinados temas da vida humana continuam sendo percorridos na trajetória evolutiva, com o colorido particular de cada um ao fazer seu percurso.
A psicologia não deixou passar despercebida a grandeza dos mitos para tentar entender a psique humana, e inicialmente com Freud, no estudo do mito de Édipo, estabeleceu correlações importantes com os padrões humanos. Mais tarde, com uma visão mais ampla da criatura humana, Carl Gustav Jung percebeu nos mitos a chave para entendimento dos arquétipos – os padrões de comportamento humano. A respeito da importância dos mitos, estabelece Joanna de Ângelis : “Os gregos antigos... conceberam, através da Mitologia, os referenciais para bem traduzirem as ocorrências e seus efeitos, em bem entretecidas catarses que ainda servem de modelo para um bom entendimento dos conflitos humanos e suas soluções”.
Um dos maiores estudiosos da mitologia, Joseph Campbell, afirmou que “essas informações provenientes de tempos antigos têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, construíram civilizações e formaram religiões através dos séculos, e têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os profundos limiares da nossa travessia pela vida...”. Nesse sentido, complementa a Benfeitora : “Medos e ansiedades, aspirações e sofrimentos estereotipam-se em fórmulas e formas mitológicas que lhe refletem o estágio evolutivo, em alguns deles perfeitamente consentâneos com as suas conquistas contemporâneas”.
No mito da criação, por exemplo, podemos identificar a ampliação da consciência como uma conquista arquetípica humana, representada no símbolo da árvore do conhecimento do bem e do mal. Como a simbologia propõe, é necessário conhecermos os nossos opostos, pois não existe crescimento se não nos aventurarmos por caminhos ainda desconhecidos em nós. Nesse mito bíblico, encontramos presente a tendência humana de conquistar a consciência de si e a necessidade de “sermos expulsos do paraíso”, do jardim paradisíaco – da ignorância e da ausência de sentido. Essa estória e tantas outras podem nos servir como bússolas psíquicas para guiar a nossa alma na incrível aventura da conquista da consciência.
Assim como nos sonhos, os símbolos que aparecem nos mitos nos permitem compreender o valor das dificuldades, desilusões e limitações, para que se torne vivo o “herói” que existe em cada um de nós, impulsionando-nos a encontrar o maior de nossos tesouros, pois como Jesus afirmava: “o Reino dos Céus está dentro de vós”. Resta-nos conquistar esse tesouro ao construir nossa trajetória mitológica.
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