Essa foi a definição dada por um locutor aos participantes desse “esporte” – as lutas UFC. Difícil é entender como isso pode ser chamado de esporte... Culto ostensivo à força bruta e à violência, praticamente sem limite, aplaudido por ilustres, famosos, pela mídia em geral e, mais triste, pelo público anônimo em geral, pois, na realidade, efetivamente se assemelham a modernos gladiadores, que logo estarão ganhando fortunas...
Há um outro tipo de gladiadores, tão ferozes (ainda que veladamente) e irresponsáveis quanto os primeiros – os participantes dos “reality shows”, tal como o BBB, já em sua 12ª edição (!), A Fazenda etc, onde as criaturas são reunidas com o firme propósito de suplantar uns aos outros, a qualquer custo, inclusive o de sua dignidade, por dinheiro e fama, ainda que nociva e deprimente...
Há ainda outro tipo e esse de alto risco por que em geral envolve jovens, adolescentes e até crianças, agarrados aos seus videogames, computadores, ipads etc, etc, etc, vidrados e fanatizados pelos jogos eletrônicos de guerra, destruição, aniquilamento, nos quais vence aquele que tiver matado mais, destruído mais, aniquilado mais... Ou em vídeos e filmecos de segunda, e até de quinta categoria, apresentando pornografia e violência da mais sórdida.
O que vemos atualmente é exatamente o que a nossa doutrina aponta, em vários momentos, como no desenvolvimento da Lei de Progresso, questão 784, quando Allan Kardec observa e pergunta: A perversidade do homem é bastante intensa, e não parece que ele está recuando, em lugar de avançar, pelo menos do ponto de vista moral? Ao que os Espíritos Superiores respondem: “Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que ele avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e dia a dia corrige os seus abusos. É preciso que haja excesso do mal para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas”.
E é nesse ponto que estamos nessa fase de transição – destaca-se o excesso do mal a fim de nos sacudir, nos tirar da nossa inércia e fazer com que, após tantos milênios de dores, sofrimentos e experiências de todo tipo, despertemos para a necessidade inadiável da busca do bem. Foram séculos incontáveis de aprendizado; agora é chegada a hora de assumirmos, não só as consequências de nossas escolhas infelizes, mas, sobretudo, a elaboração de oportunidades evolutivas mais eficazes e eficientes.
Em A Gênese, no capítulo XVII, Sinais Precursores, item 57, Kardec comenta com muita propriedade: “Quando chegar o momento, os homens serão advertidos pelos índices precursores. Tais sinais não estarão nem no Sol, nem nas estrelas, mas no estado social e nos fenômenos mais morais do que físicos”...
E ainda na Gênese, no item 7 do capítulo XVIII, Sinais dos Tempos, encontramos outra lúcida reflexão do nosso Codificador: “Uma mudança tão radical como a que se elabora, não pode realizar-se sem comoção; há a luta inevitável entre as idéias. De tal conflito nascerão forçosamente perturbações temporárias, até que o terreno haja sido desobstruído e o equilíbrio restabelecido. É pois da luta das idéias que surgirão os graves acontecimentos anunciados e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais eram a conseqüência do estado de formação da Terra; hoje não são as entranhas do globo que se agitam, são as da humanidade”.
E eis que constatamos com facilidade esses sinais quando tomamos conhecimento do que se passa no mundo e entre os homens – haja vista a chamada “primavera árabe”, que nada mais representa do que tais comoções e perturbações em busca de melhores situações materiais, sociais e morais...
Contudo, já sabemos o que tudo isso significa; já sabemos que temos ao nosso alcance todas as possibilidades e as faculdades necessárias para superação desse processo porque justamente já possuímos entendimento e conhecimento suficientes para tomar decisões mais acertadas e responsáveis e, assim, entrar na nova etapa com o “pé direito”, como se diz.
Junto de todo esse excesso, desabrocha, por todo lado, a semente do bem, de forma irresistível, nos terrenos mais imprevisíveis e nos recônditos mais afastados, e mesmo naqueles mais opulentos e sensacionalistas – desabrocha e cresce, fulgurante, sem que mais nada nem ninguém possa impedir seu avanço. As ervas daninhas estão apodrecendo a olhos vistos e sendo ceifadas por cada vez mais e mais pessoas.
E fazemos essa ceifa usando os botõezinhos mágicos dos nossos aparelhos de televisão: o de troca de canais e o de ligar/desligar... Fazemos isso colocando nossos computadores, nossa internet a serviço da solidariedade e da fraternidade... Fazemos isso dentro do nosso próprio lar, no seio da nossa família, alimentando entre as paredes da nossa casa a certeza de um futuro melhor a partir do nosso esforço e trabalho, o respeito à toda criação e o culto ao amor, amor a Deus e ao próximo, quem quer ele seja...