O filólogo Antenor Nascentes, em seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, define a palavra carnaval, oriunda do latim: Carne, vale! Adeus, carne! É o prazer da carne antes das tristezas e contingências da quaresma.
A quaresma, aceita pelos católicos como penitência pelos abusos da carne, é um período de quarenta dias contados a partir da quarta-feira de cinzas mais os seis domingos que não são contados, totalizando quarenta e seis dias até a Páscoa.
A origem do carnaval vem de manifestações populares que ocorriam na antiga Roma, nos festejos em homenagem aos deuses Saturno e Baco. Uma festa pagã. Começava em 25 de dezembro, estendia-se até a Epifania, passando pelas comemorações do ano-novo. Posteriormente, foi adotado, regulado pela Igreja católica, e passou a ser regido pela Páscoa.
No Rio de Janeiro, o carnaval foi oficializado no ano de 1855, quando foram fundadas as duas primeiras sociedades carnavalescas: Sumidades Carnavalescas e Veneziana. O entrudo e o Zé-Pereira, orgias trazidas de Portugal, tinham acabado de ser proibidas pela polícia, no ano de 1854.
O carnaval é o resquício da barbaria, do primitivismo, em forma de alegria. É um polo de atração de energias negativas e um desperdício de valores dos bens públicos para o seu sustento.
Quantos policiais, quantas viaturas, quantas despesas na segurança aos foliões nesses três dias de completa insanidade!? E o Corpo de Bombeiros, as ambulâncias, os profissionais de saúde: médicos e paramédicos, mobilizados para atenderem aos conflitos oriundos da insensatez dos foliões arremessados na selvageria instintiva de que tudo pode nesse período momesco, conforme o hábito adquirido, embalados pelo lema: deixa a vida me levar!
Os noticiários, nas quartas-feiras de cinzas, apresentam as estatísticas das ocorrências destruidoras e as lágrimas das vítimas e de seus entes queridos.
Todo ano é a mesma coisa! Até quando? Até o momento em que o indivíduo decidir transformar sua vida elevando-a para um patamar superior, na certeza de que alegria se faz com harmonia. A vida é escolha, a vontade é soberana. Teremos sempre o que quisermos.
No momento em que se preparam postos de atendimento visando à segurança da população, o mundo espiritual, num trabalho árduo, se organiza, seleciona e convoca trabalhadores, providenciando tendas, macas e instrumentos para socorrer os que escolhem, através do pensamento, da oração e da atitude, um novo caminho.
O mal ainda prevalece no mundo. Jesus, em Sua despedida, no Horto do Getsêmani, deixou-nos como última mensagem: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. Observamos que vigiai vem em primeiro lugar, depois orai, mostrando a importância fundamental da vigilância.
Vigiar nossos pensamentos, palavras e atitudes. Não sabemos a bagagem nociva que trazemos, como diz o profeta Jó: somos de ontem, e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra.
No livro Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco, há um caso de uma jovem que, em pleno carnaval, ao ser encurralada em local ermo por um grupo de jovens, orou, pedindo socorro.
Imediatamente, sua prece foi recebida pelo Departamento de Comunicações do grupo que ali se encontrava para esse mister, que logo, repassou o pedido ao Dr. Bezerra de Menezes, que agiu com urgência:
“Concentrou o pensamento no Cristo e dirigiu a onda mental com alta carga vibratória sobre os agressores que tentavam imobilizar a moça, a fim de facilitar a tarefa dos outros violentadores, e descarregou-lhes enérgica vontade bem controlada.”
“Sob a imantação mental que os colheu de surpresa, os agressores afrouxaram os braços sem poder conter a vítima que se levantou do solo aonde fora arrojada, com as vestes rotas, chorando copiosamente.”
“Dr. Bezerra sintonizou com o motorista do carro da Rádio Patrulha e chamou-o mentalmente, com vigor.”
O motorista colheu-os em flagrante. Eles foram detidos e levados para a delegacia. A jovem não apresentava lesões e se negou a formular queixa, “recompondo-se, explicou que fora um grande susto e convenceu-os, inspirada, de que tudo estava bem, agradecendo, sinceramente comovida”.
Os jovens ficaram detidos na prisão até o final do carnaval, a fim de não perturbarem a ordem e causar danos a outras vítimas indefesas.
“No trâmite do atendimento médico da moça, seu acompanhante espiritual revelou-nos que ela retornava da visita a uma enferma, a quem fora atender com a palavra amiga, confortando-a com sua assistência fraterna. Tratava-se de uma anciã solitária, que lhe recebia ajuda financeira e espiritual. Sabendo-a doente, muito embora os perigos a que se exporia, por estar desacompanhada, orou e foi em seu auxílio. Levou-lhe o concurso de emergência e algum medicamento oportuno.”
Ante o relato, fica a indagação: Como explicar a agressão se a jovem se encontrava em tarefa relevante de caridade e envolvida pela força da oração?
Ao que o benfeitor, Dr. Bezerra, responde:
“A oração imuniza-nos contra o mal, dá-nos força para suportá-lo, mas não muda os nossos necessários processos de evolução. No caso dessa irmãzinha, afeiçoada ao bem, liberou-se dos perturbadores e anulou grandes, porvindouros sofrimentos que lhe pesavam na economia da evolução, por erros graves cometidos na área da sexualidade e da prepotência, que a infelicitaram, gerando muito dissabor naqueles que lhe sofreram os desequilíbrios.
Como bem asseverou o amoroso apóstolo Pedro: Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.
Muita paz!