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A Inglaterra, a sexta economia do mundo, que inaugurou a tecnologia com a Revolução Industrial, no século XVIII, e as bases da ciência experimental moderna com a Royal Society, se depara agora com um quebra-quebra, nas lojas dos seus grandes centros urbanos. Não de alimentos, como pensou um famoso inglês, o economista Thomas Robert Malthus, que, em 1798, afirmou que a humanidade teria um crescimento demográfico de forma geométrica, enquanto a produção dos alimentos para sustentá-la aumentaria aritmeticamente, ou seja, a população seria tão multiplicada que a sobrevivência seria impossível por falta de alimentos. Acertou, em parte, o pai da demografia, como Malthus ficou conhecido: houve uma disparada na natalidade no mundo, que em sua época não chegava a um bilhão de habitantes, enquanto agora já contamos com sete bilhões de indivíduos, com a perspectiva de dez bilhões até o ano de 2050.

Quanto à falta de alimentos, errou. Faltou a ele, que era também pastor anglicano, a confiança em Jesus, que afirmou no sermão da montanha, na ansiosa preocupação pela vida: Por isso vos digo: Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber. Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?

Há fome no mundo. Existe mais de um bilhão de pessoas vivendo em extrema penúria, e não por falta de alimentos, mas, pelo egoísmo humano que não vê ninguém, senão a si mesmo, achando-se o centro do universo, quer tudo para si, sem se importar com o seu próximo.  Os Espíritos Superiores informaram a Allan Kardec, na época da confecção de O Livro dos Espíritos: Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.

A invasão das lojas se deu pela insatisfação oriunda da desigualdade social. Uma frustração acumulada da parte de um segmento da sociedade, cansada dos apelos dos veículos de comunicação para a aquisição de produtos que vivem no imaginário popular e a impossibilidade de nem sequer  tocar  nessas  parafernálias da moderna tecnologia. Segundo o grande sociólogo europeu, o polonês Zygmunt Bauman, esse caos se deve a uma revolta motivada pelo desejo de consumir. Londres viu os distúrbios do consumidor excluído e insatisfeito.

Impulsionados  pelo desejo e o medo, os dois grandes vilões da alma humana, sentindo-se excluídos de uma sociedade de consumo que expõe orgulhosamente suas aquisições como se fossem troféus, e  a ansiedade de possuir os seus objetos de desejo, e insuflados pelo medo da pobreza que  mascara as chances de mudança na situação social, partiram agressivamente para o saque irrefletido.

Por mais que os governos tentem combater essas ocorrências danosas, na Inglaterra ou em outra nação, nada mais farão que tentar eliminar os efeitos de uma causa explícita, postergando a causa real, que é a falta de educação. Não a educação intelectual, mas a educação moral, como escreveu Allan Kardec, o grande educador, discípulo de Pestalozzi, em O Livro dos Espíritos, já citado anteriormente: Não nos referimos à educação moral pelos livros e sim à que consiste em formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos.Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.

Vivemos momentos de transição da humanidade. A Terra deixará de ser um planeta de expiações e provas e passará para o estágio mais avançado de planeta de regeneração. Emmanuel, o sábio e amoroso benfeitor espiritual, mentor de Chico Xavier, dá até uma data para a consecução dessa passagem, em seu livro "Plantão de Respostas II: o ano de 2057". Mas já estamos incursos nesse processo.  Se o indivíduo não buscar, o mais rápido possível, conhecer-se a si mesmo, que é a base para uma mudança de estrutura, e partir para a educação de seus sentimentos, jamais poderá aproveitar as oportunidades que surgem a mancheias, convidando-o para a felicidade. O reino de Deus está dentro de nós, afirmou Jesus, e o poeta Vicente de Carvalho traduz dessa forma: Essa felicidade que supomos/ Árvore milagrosa, que sonhamos/ Toda arriada de dourados pomos,/ Existe, sim: mas nós não a alcançamos/ Porque está sempre apenas onde a pomos/ E, nunca a pomos onde nós estamos.

Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores encarregados de nos trazer o Consolador prometido por Jesus: Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, o homem, em vez de avançar, caminha aos recuos? Ao que as Entidades Sublimadas lhe responderam: Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao excesso para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.

Muita paz!

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