Muitas pessoas, no momento em que passam a apresentar alguma deficiência de um dos sentidos do corpo físico, tendem a apresentar alguma desconfiança acerca da qualidade informativa dos demais sentidos remanescentes especialmente quando a visão está parcial ou integralmente comprometida. Carrol, em seu livro Cegueira (1968), aponta ser esta falta de confiança algo dificilmente suspeitado pelo público, pois geralmente está convencido da ocorrência de um fenômeno natural ou divino chamado compensação, sendo o verdadeiro mecanismo raramente flagrante supondo apenas uma substituição rápida na agudeza ou proficiência dos demais sentidos.
Como este autor menciona, "se pretendemos compreender a cegueira e seus efeitos nas criaturas humanas, é importante que nos despojemos imediatamente destas noções, reconhecendo que ocorra aumento de eficiência dos sentidos em algumas pessoas cegas e compreender qual o motivo de tal ocorrência. Não somente os sentidos das pessoas cegas não é mais agudo do que daqueles que enxergam, como também, em alguns casos, é até mesmo deficiente" (CARROL, 1968, n.p.).