O que se denomina de Dia de Finados é, igualmente, conhecido como Dia dos Mortos ou simplesmente Finados. Precisamente, no 2º dia de novembro, os falecidos são lembrados, acarretando intensa romaria aos cemitérios, porquanto é a data na qual os que se encontram na Dimensão da Imortalidade são reverenciados.
É tão especial o Dia de Finados que se trata de um feriado religioso, para que as pessoas tenham facilidade em homenagear seus entes queridos, familiares e amigos, orando, acendendo velas, colocando flores nos túmulos e participando de missas em prol dos defuntos.
A crença católica prega a existência da vida após a morte, acreditando na existência do céu, do inferno e do purgatório, como diferentes estados espirituais após a morte.
A Doutrina Espírita aborda o chamado Dia dos Mortos em sua obra básica, denominada de O Livro dos Espíritos, expondo que os Espíritos são sensíveis à saudade dos que os amavam na Terra, e a lembrança marcante dos encarnados aumenta a felicidade dos seres espirituais que estão contentes e proporciona alívio aos que padecem da tristeza. O que atrai os seres extrafísicos é, exatamente, o pensamento e a oração dirigidos a eles, não importando o dia e o local. A prece é que santifica o ato da lembrança.
Igualmente, é ressaltado na obra codificada pelo magnânimo Kardec que o desejo de o indivíduo ser enterrado de preferência em um lugar revela inferioridade moral, porquanto para alguém mais elevado, nada representa um pedaço de terra mais do que outro. Além de tudo, enfatiza que o encontro com os parentes e amigos amados ocorrerá, independentemente, de que os seus ossos estejam separados na cova.
Encerrando o assunto em tela, os mestres do além afirmam que “o respeito que, em todos os tempos e entre todos os povos, o homem consagrou e consagra aos mortos é efeito da intuição natural que tem da vida futura”, isto é, de que os mortos vivem na dimensão espiritual (1).
O que é o Purgatório?
A Igreja Católica, por sinal, é bem complacente à presença dos espíritos, acreditando em sua vida ativa após o fenômeno da morte. Inclusive, em Roma, fora do Vaticano, ao lado da sacristia da Igreja do Sagrado Coração pelo Sufrágio das Almas, está situado o chamado Museu do Purgatório, antes denominado de Museu Cristão do Além, albergando a primeira coleção de provas da presença de seres desencarnados, atuando no mundo físico, recolhidas pelo padre Vitor Jouet, falecido em 1902.
Segundo a concepção católica, a documentação reunida e exposta no local revela a presença de almas do purgatório, pedindo auxílio para sair de lá e poder penetrar no paraíso.
Realmente, tais provas revelam a apresentação insofismável do espírito imortal, já admitida por muitos setores do clero, a despeito de outros que atribuem tais manifestações em condições especialíssimas, muito raramente e restritas às almas do Purgatório. Portanto, no Dia de Finados, há a oportunidade valiosa do ato da oração pelos seres extrafísicos, principalmente para os que vivenciam o tal estado purgatorial.
A prece pelos espíritos no Além é citada, na Bíblia Católica, no 2º livro de Macabeus, onde um líder dos integrantes de um exército rebelde judeu que assumiu o controle de parte de Israel, sob o domínio do Império Selêucida, chamado Judas Macabeus, solicitou um sacrifício expiatório, consistindo em uma coleta de duas mil dracmas de prata, a ser oferecida no Templo de Jerusalém, para que os mortos fossem livres das suas faltas. Tal fato revela a certeza de que os seres que passaram pelo fenômeno do falecimento estão vivos e podem necessitar das preces dos que ficaram (2).
Para a Igreja Católica, a existência do estado purgatorial é uma verdade de fé, firmada pelos concílios, ressaltando ser um local onde as almas se encontram em expiação e purificação, através do fogo, de seus pecados veniais ou de erros graves perdoados pela confissão.
Portanto, a aflição espiritual é sempre passageira. Na Parábola do Rico e Lázaro, Jesus narra a angústia de um ser desencarnado que, no mundo físico, tinha sido muito abastado e, devido a sua indiferença, vivenciava intenso sofrimento. O atribulado se dizia estar atormentado por uma chama (3). Esse fogo purificador realmente não é definitivo, já que o próprio patriarca Abraão, ali presente, o chama carinhosamente de “filho”. Como poderia ser ainda filho de Abraão, estava condenado para todo o sempre? É claro que, sendo qualificado como filho, não estava irremediavelmente perdido.
Na obra “Nosso Lar”, psicografada pelo estimado e saudoso Chico Xavier, o autor espiritual André Luiz faz menção ao “fogo purificador” sofrido pelas almas desencarnadas no chamado “Umbral”, descrito como “espécie de zona purgatorial, funcionando como região destinada a esgotamento dos resíduos mentais, onde se queima, a prestações, o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o ensejo sublime de uma existência terrena”.
Orienta André que “se a tarefa dos bombeiros nas grandes cidades terrenas é difícil, pelas labaredas e ondas de fumo que os defrontam, os missionários do Umbral encontram fluidos pesadíssimos emitidos, sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prática do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores”.
Essa citação emblemática de fogo, consumindo as almas no chamado purgatório, representa o sofrimento sentido em espírito, já liberto do corpo morto, sem a limitação do tempo próprio da dimensão física, tendo a aparência ou ilusão de tempo indeterminado, de algo que parece nunca acabar (“fogo eterno”).
Aludindo a isso, o Cristo faz referência a um cárcere representado pelo cruciante sentimento de culpa e de remorso, aprisionando a criatura, devido a um autojulgamento que se processa na intimidade espiritual, recordando-se com sofrimento dos passos dados nos caminhos obscuros das ações equivocadas. As suas próprias culpas são as grades que a prendem, convivendo com a aflição e o desespero originados das acusações da consciência. O ser se tornou escravo de si mesmo, responsável pelos resultados da infeliz conduta adotada, mas tem seu término, assegurado por Jesus, enfatizando que essa prisão é transitória, porquanto “em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo” (4).
Os Mortos vivem!
A Doutrina Espírita ensina que, diante do fenômeno biológico da falência dos órgãos, os seres mudam apenas de vestimenta, permanecendo suas individualidades, com as mesmas emoções, os mesmos anseios, as mesmas atitudes, os próprios desejos e pensamentos. Enfim, os espíritos têm consciência de suas identidades, havendo vida de relação no além.
A morte não existe. A vida continua após a falência irreversível dos órgãos. Se não houvesse vida fora do túmulo, não teria sentido a vida antes da morte. O espírito preexiste ao corpo de carne e sobrevive além da sepultura.
Portanto, é importante, no dia 2 de novembro ou em qualquer ocasião, que os homens estejam sintonizados com o Alto, em estado de oração, a favor dos que se encontram na Dimensão Espiritual.
O ideal Dia dos Finados seria o que ligasse a lembrança dos mortos com a concomitante prática do amor pelos encarnados. É muito gratificante para os desencarnados serem lembrados no momento em que os chamados “vivos” estão exercendo boas ações, a caridade, em homenagem aos seus finados. As vibrações de agradecimento e reconhecimento dos atos amorosos são recebidas pelos seres do Além, sentindo-se felizes e gratos.
Que os desencarnados necessitados recebam da Espiritualidade Superior vibrações de paz, saúde e refazimento espiritual, sempre, em todos os dias!
Bibliografia:
Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, questões 320 a 326.
Bíblia Católica, 2º Livro de Macabeus, capítulo XII, versículos 44-46.
Evangelho segundo Lucas, capítulo XVI, versículo 24.
Evangelho segundo Mateus, capítulo V, versículo 26.