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Artigo do Jornal: Jornal Novembro 2020
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Vivemos num mundo dividido entre o bem e o mal. Jesus, o Cristo de Deus, veio nos trazer a Lei do Amor, mostrando como se faz fazendo. Suas lições inesquecíveis são suficientes para nos levar à suprema felicidade, para a qual todos fomos criados por Deus.

É necessário, urgente e inadiável a nossa mudança interior. Eduquemos os sentimentos em prol do entendimento com o nosso próximo, no caminhar desse início de século. Será essa a conquista mais importante para o nosso sucesso e a verdadeira felicidade.

Quando Jesus exalta os misericordiosos, pois eles alcançarão misericórdia, quis dizer que devemos ter o coração aberto às misérias do mundo.

Devemos exercer a fraternidade com todos os seres, independentemente de quem sejam e o que fazem, não importando se são justos ou injustos, se são ricos ou pobres, bons ou maus, desgraçados ou criminosos, porque todos nós, sem exceção, temos problemas oriundos do passado delituoso.

Jesus, na parábola do joio, nos dá a imagem de que “O Reino dos Céus é semelhante (refere-se à Terra como o Reino dos Céus) a um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas, durante a noite, alguém semeou joio no meio do trigo. Quando os operários viram o joio entre o trigo, disseram: Senhor, quereis que arranquemos o joio? Não! Não o arranqueis, deixai-o crescer com o trigo. No dia da colheita será feita a separação”. (1)

Joio é uma gramínea, chamada na botânica lolium, parecidíssima com o trigo, com a diferença que o joio produz espiguinhas pequenas, enquanto o trigo tem espigas grandes e amarelas.

O campo é a Terra, o joio representa os maus. É uma mistura de positivo e negativo, de luz e treva, de bom e mau.

Nós, os operários do campo, queremos arrancar o joio do meio do trigo para que o trigo possa produzir melhor, sem a presença do joio.

De acordo com o orgulho e o egoísmo exacerbados e a nossa visão caótica da bondade em construção, os maus não devem existir, porque atrapalham a nossa evolução, já que nos consideramos os bons e o mundo deve ser um trigal dos bons.

Sempre houve a ideia de eliminar os maus. Pedro, no Jardim das Oliveiras, em defesa do Cristo, arrancou a espada cortando a orelha do soldado Malco. “Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão.” (2)

Depois, nos primórdios do cristianismo, houve a perseguição aos primitivos cristãos, a morte de milhares de pessoas nas fogueiras e nos circos romanos, servindo de pasto aos leões africanos esfomeados, até o dia 13 de junho de 313, quando o imperador Constantino promulgou o édito de Milão e legalizou o cristianismo.

A partir daí, o cristianismo deixou de ser perseguido e tornou-se perseguidor. Organizaram-se as Cruzadas, a Inquisição e as perseguições religiosas continuaram em todos os cantos da Terra. Como disse o pastor batista, músico e humanista, Albert Schweitzer, o “profeta das selvas”: “o cristianismo é o maior impedimento para alguém chegar ao Cristo”.

Seguimos ainda, a lei do código de Hamurabi, depois registrada no pentateuco de Moisés: “Olho por olho, dente por dente”, a chamada lei de Talião.

Na parábola do joio, Jesus nos ensina que não podemos eliminar os maus. Os maus têm o mesmo direito de serem maus como os bons têm direito de serem bons. Quem age mal, hoje, terá a oportunidade de se corrigir fazendo o bem. O livre-arbítrio é o direito de escolha que temos. “A cada um será dado segundo as suas obras”. (3)

Jesus respeitou o direito de escolha de Judas, mas decretou a lei de causa e efeito: “mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” (4)

Não temos o direito de condenar ninguém. Se nos consideramos bons e queremos matar os maus, então nos tornamos maus também.

Se queremos amar a Deus, ouçamos o que nos disse João, o evangelista:

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê”. (5)

Quando o indivíduo é mau com os outros é porque não possui a paz íntima e necessita descarregar o seu nervosismo em coisas, objetos e seres humanos, que servem de para-raios para livrar-se da tensão consigo mesmo. Tudo pode o homem suportar quando ele tolera a si mesmo.

“Aquele que só vê felicidade na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz, desde que não os pode satisfazer.” (6)

O escritor e filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson, participando de uma solenidade, foi indagado por um homem que discursava sobre a paz, mas que não tinha a paz dentro de si, qual a opinião da sua oratória?

Com a sabedoria e a sinceridade que lhe eram peculiares, Emerson respondeu:

— “Não posso ouvir o que dizes, porque aquilo que és troveja muito alto”.

Precisamos buscar o reino subjetivo dos sentimentos e mapear nossa vida moral. Treinar as virtudes, através da atitude correta na relação com nosso próximo, na certeza de que ele é a peça mais importante no jogo da vida e que somente agindo, assim, conquistaremos a verdadeira felicidade.

Muita paz!

Notas bibliográficas:
1 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Mateus, 13: 24 a 30.

2 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Mateus, 26: 51 a 53.
3 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Mateus, 16: 27.
4 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Marcos, 14: 21.
5 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, João, 1ª ep. 4,8.
6 – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, q 933, comentários de Allan Kardec, FEB.

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