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Artigo do Jornal: Jornal Outubro 2020

Sobre o autor

Iris Sinoti

Iris Sinoti

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“É da alma que saem todos os males e todos os bens do corpo e do homem em geral, influindo ela sobre o corpo como a cabeça sobre os olhos. É aquela, por conseguinte, que antes de tudo precisamos tratar com muito carinho, se quisermos que a cabeça e todo o corpo fiquem em bom estado.”

Sócrates (Cármides, de Platão)

Não precisamos caminhar muito, para confirmar que a atual sociedade terrestre se encontra verdadeiramente doente, não só por causa da pandemia, a Covid-19, mas por todos os destrambelhos e desmedidas cometidas ao longo de décadas. Será que sabemos de fato o que significa ser saudável?

A OMS (Organização Mundial da Saúde) nos diz que saúde é o completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Claro, poderíamos e deveríamos incluir o bem estar espiritual no conceito de saúde da OMS. Será por essa ausência, a da dimensão espiritual, aqui entendida sem nenhuma conotação religiosa específica, que nos tornamos tão doentes? Será por isso que a medicina e os dedicados médicos nem sempre conseguem encontrar respostas para as nossas doenças?

Allan Kardec, no Evangelho segundo o Espiritismo (introdução), afirma: “Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem”.

Nos escravizamos a um sistema que cada vez mais se especializa, que nos divide em pedaços e, contrariando a própria OMS, não admitem que saúde é uma busca ampla de bem estar e que não é possível acreditar-se bem quando o mundo que nos rodeia se encontra doente. Somos parte de um organismo vivo e estamos doentes e adoecendo tudo ao nosso redor. Por que adoecemos?

Será que as pressões psicossociais podem nos afetar? Será que estarmos encarnados em um momento tão efervescente da Orbe terrestre pode, de alguma forma, afetar nosso psiquismo, ao ponto de nos adoecer?

O nosso corpo fala e a forma que ele tem de se comunicar é através de sintomas. E, na maioria das vezes, esses sintomas encontram-se no mais fundo de nós, bem naquele lugar que evitamos visitar na correria do dia a dia. Precisamos parar e refletir sobre o que está acontecendo, como estamos nos sentindo e em que medida isso nos afeta.

A Mentora Joanna de Ângelis nos diz: “Invariavelmente, na raiz dos desastres orgânicos, das infecções, das instalações de sintomas e das doenças encontra-se o indivíduo em si mesmo...1”, enquanto não reconhecemos que nossa alma adoece muito antes do nosso corpo, estaremos sempre nos colocando fora da realidade que nos cerca. Enquanto fugirmos em busca de uma bela aparência como substituto de autorrealização, de beleza interior, estaremos sempre reagindo a tudo o que nos desagrada, desafia e confunde, comportando-nos como se fossemos crianças em busca de atender os nossos desejos imediatistas.

Como não adoecer?

Claro que estamos sujeitos e sujeitas aos vírus, bactérias, fatores hereditários e estresse, mas, em muitas situações, agravamos o nosso estado físico por estarmos distanciados de quem somos e, muitas vezes, por termos prazer em nos manter no lugar de vítimas. Não poderemos melhorar enquanto estivermos acreditando que a doença deve ser uma condição permanente em nossas vidas; não é que nosso corpo não possa adoecer, mas apenas precisamos entender que a doença é um estado que deve ser passageiro.

A doença pode ser uma porta para o nosso autoconhecimento e para a ampliação do nosso olhar sobre o nosso lugar no mundo em que vivemos, pois: “Dentro da própria doença reside a cura”2.

1 Atitudes Renovadas, cap. 18
2 Rose-Emily

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