O termo aporte é também conhecido como transporte, materialização e teleaporte. Segundo alguns pesquisadores do assunto, os aportes estão ligados ao fenômeno da telecinesia ou da telergia. O tema tem sido objeto de parapsicólogos, metapsiquistas e estudiosos da Doutrina Espírita. Este fenômeno aparece na literatura de ficção cientifica, em que é chamada de teleporte o teleportação.
Definindo-se ao aporte, podemos dizer que tais fenômenos consistem no transporte de um objeto ou mesmo de um ser vivo de um lugar para outro sem que sejam utilizados meios físicos visíveis. No conhecido filme A Mosca, um cientista faz uma teleportação com a ajuda de aparelhos tecnológicos sofisticados e dos modernos conhecimentos da Ciência contemporânea.
Já foram realizadas, com sucesso, muitas demonstrações deste fenômeno, entretanto, nada se pode dizer sobre o seu modus operandi (modo de operar), a não ser no caso de fraude. Nessas sessões os experimentadores, trancados em um cômodo com portas e janelas fechadas, viram aparecer ali objetos que tinham a sua origem fora do ambiente ou em um outro aposento da casa. O problema está em responder como foi possível a estes objetos transportados atravessar as paredes ou o teto de uma casa, aparentemente, desrespeitando a lei da impenetrabilidade da matéria. Em muitos casos, os objetos teletransportados estavam a cerca de três quilômetros de distância.
Foram feitas muitas experiências desse tipo com o médium Henry Slade, um americano de efeitos físicos. Em uma das sessões em que Slade esteve presente, ele fez com que uma mesa se movimentasse por um quarto e, ao passar por baixo de uma outra mesa maior, desapareceu completamente, voltando a aparecer minutos depois a uma altura de um metro e meio, caindo bruscamente no chão. Em outra oportunidade, foram colocadas moedas dentro de uma caixa fechada e ele conseguiu fazer que elas viessem para fora, passando pelas paredes da caixa.
Muitos estudiosos têm tentado dar uma explicação racional desses fatos. Alguns trabalham com a hipótese de que os objetos transportados sejam desmaterializados, ao passar pela matéria sólida, e rematerializados depois. O cientista espírita Ernesto Bozzano (1862-1943), realizou uma experiência de transporte com um médium bastante conhecido e capacitado, pedindo a ele que trouxesse para o local da experiência, um bloco de pirita1 que se encontrava em sua casa, na mesa de trabalho. A casa do experimentador ficava a 2 km de onde a experiência era realizada.
Um caso bastante estranho, então, aconteceu. O médium que trabalhava em semiobscuridade disse que não havia conseguido realizar o aporte, entretanto, quando as luzes foram acesas, percebeu-se que todos os presentes estavam cobertos com um pó fino que, depois de ser submetido à análise, verificou-se que era pirita. Voltando para casa, Bozzano encontrou o bloco original, mas faltava-lhe um pedaço. Bozzano concluiu que o espírito tentara fazer o transporte através do médium, mas havia fracassado ao reagrupar corretamente o material.
Não deve parecer estranho ao leitor o fato narrado nesta experiência, uma vez que os espíritos não podem fazer tudo e as coisas que fazem são aquelas compatíveis com a sua evolução. Em O Livro os Médiuns (Cap. V, p. 84 ss), o Espírito Erasto dá uma longa explicação sobre esse tipo de fenômeno. Para isso, ele entrevistou um Espírito não muito evoluído, mas que era capaz de transportar objetos.
Na conversa com o Espírito, Erasto pergunta se ele era capaz de transportar objetos pesados, por exemplo, algo que pesasse 50 kg. O espírito respondeu, dizendo que, para ele, o peso não era problema e que trazia flores porque isso era mais agradável do que um objeto volumoso. Erasto explica que a ausência de peso é relativa à gravidade que, para nós, é considerável e para os Espíritos, não. Em verdade, o objeto pesado exigiria maior esforço. Comenta Erasto:
A massa dos fluidos combinados é proporcional à massa dos objetos; em uma palavra, a força deve ser em razão da resistência; donde se segue que, se o Espírito traz apenas uma flor ou um objeto leve, é porque não encontra no médium ou em si próprio, os elementos necessários a um esforço maior. (Op. Cit. p. 91)
Erasto pergunta ao Espírito se o desaparecimento de objetos em nossa casa poderia ser obra deles. O espírito diz que sim e que é muito mais frequente do que imaginamos. Para achar o objeto, seria interessante pedir mentalmente ao Espírito que dissesse onde o escondeu, mas a devolução do objeto só será possível se o Espírito aceitar o pedido.
Ainda para nos esclarecer sobre o tema, Erasto pergunta ao Espírito qual a técnica por ele empregada nos transportes. O Espírito dá uma resposta imprecisa e incompleta: “Nós o envolvemos em nós mesmos”. Erasto, porém, nos diz que a explicação dele (Espírito) não é correta, porque o transportador não envolve o objeto com sua própria personalidade; mas, como o seu fluido pessoal é dilatável, penetrável e expansível, ele combina uma parte do seu fluido com uma parte do fluido animal do médium. É nesta combinação fluídica que se encontra a técnica do transporte.
O fato de um Espírito não detalhar o Modus Facciendi (modo de fazer) diz respeito a sua pouca evolução. Ele sabe fazer, mas não sabe explicar como faz. Ele tem a técnica, mas não tem o conhecimento. Nenhum de nós, por exemplo, tem dúvidas ao ligar a geladeira, a televisão, o computador, porém, se formos chamados para explicar como funcionam estes objetos, não teremos condição de responder. O mesmo se dá com o Espírito que faz o transporte.
Concluindo este capítulo, devemos deixar claro que os transportes e tantos outros fenômenos espirituais ainda nos escapam. A ciência da Terra, no que diz respeito às coisas do mundo espiritual, ainda engatinha e, só muitos anos à frente, penetrando mais nas questões espirituais, poderá conseguir respostas sobre este e muitos outros fenômenos que ela ainda não conhece.
1 Mineral composto de bissulfeto natural de ferro. É de cor amarelo pálida, por isso os mineradores costumam chamar a pirita de “ouro dos bobos.”