Hoje escrevo de certa forma inspirada pelos acontecimentos atuais, ou melhor, pelas consequências dos eventos atuais. Esse é um importante momento para refletir sobre os nossos acúmulos, os nossos excessos, sejam eles materiais ou emocionais, pois todos demonstram a presença de alguma patologia.
No universo tudo flui e se transforma. Qualquer tentativa nossa de reter a fluidez universal gera imediatamente uma crise, seja no âmbito individual ou coletivo. Se estamos falando de uma lei universal, estamos afirmando que: a vida se direciona para o progresso, mesmo que, para isso, uma outra Lei lei seja necessária, como a Lei de Destruição, por exemplo.
A patologia da avareza tem passado tão despercebida, ou até mesmo acolhida, que até substituímos o seu nome para Avidezavidez, porquanto ser ávido por alguma coisa parece soar melhor que ser avaro (mesquinho). Muitas vezes a avareza é até mesmo elogiada como prudência, economia, cuidado... Será? Quando a avidez por possuir cada vez mais dinheiro, por obter cada vez mais lucro, por acumular cada vez mais riqueza, chega ao limite de fazer questionar o valor da vida humana, não se temhá dúvidas que que estamos muito doentes.
Em algumas tribos antigas, quando um caçador juntava mais caça do que ele e sua família conseguiriam consumir, ele era afastado para se tratar, pois era considerado “louco”. Será que, atualmente, teríamos espaços psiquiátricos suficientes? Como poderemos investir na evolução, se caminhamos na contramão da Lei de Abundância e de Progresso?
O vício do ter faz querer acumular cada vez mais e não renunciar a nada, nem para os outros e , nem para si mesmo. Nessa condição, é totalmente proibido desfrutar da vida, e isso é tão contraditório que a busca por acumular leva a uma vida de escassez, de pobreza de propósitos e vazio existencial. Escolher a avareza é optar conscientemente por ser miserável, mesmo tendo uma grande riqueza nas mãos.
O avarento tem tanto medo de ser que acredita ser precisona necessidade de buscar muitas coisas para preencher seu vazio, o que leva a uma autoagressão constante e um prejuízo a de si mesmo , que levaresponsável pela à solidão, mesmo que esteja com muitas pessoas ao seu redor, pois, para o avarento, constantemente elas são interpretadas como ameaçaestá sendo ameaçado em aos seus propósitos de acumular.
Existem alguns disfarces que a avareza utiliza para passar despercebida:
Sede de Poder – quando o desejo de ter faz a pessoa achar que nunca tem o bastante, sejam bens materiais, seja atenção, admiração; a insatisfação será a única realidade que permanecerá constante.
Arrogância – quando voluntariamente o indivíduo se atribui o direito de obter cada vez mais poder, reconhecimento, riqueza etc., fazendo com que acredite ser especial e merecer tratamento diferenciado.
Cobiça – Aqui existe um grande problema, pois a cobiça destrói o equilíbrio, e tudo o que excede para uns se torna carência para muitos, contrariando a Lei de Abundância. A cobiça é a raiz de muitos males que degeneram o ser humano.
A avareza é decorrente da ferida da nossa alma narcisista, e a dor gerada por essa ferida é tão intensa que adultera a nossa caminhada na jornada da vida. Nos deixamos dominar pelo egocentrismo, que limita o mundo, gerando a ilusão de que ele o indivíduo gira em torno do próprio ego, que a vida nos deve favores e, que provavelmente, somos merecedores de todas as recompensas para aliviar a dor que insistimos esconder de nós mesmos.
Como tudo isso,o gera-se muita solidão interna, ; é preciso compensar essa angústia com doses cada vez maiores de coisas (que podem ser inclusive problemas), que os quais terminam por gerar acúmulo. O avarento acredita ser importante desviar a atenção do que deve ser cuidado e do que verdadeiramente é importante. Iludido, o indivíduo acredita poder controlar seu medo e, que tendo “coisas”, não passará por necessidades, não precisará de ninguém e não terá que sofrer com as dores da alma.
Tudo isso aponta para a pobreza espiritual à que o ser humano foi se dirigindo, optandomos pela miséria em uma vida de fartura e ainda roubamos roubando dos outros a possibilidade de serem fartos e prósperos.
Realmente aprendemos com o Cristo a amar o nosso irmão?
“Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”1
Fonte:
1 Marcos 8:36