Comemoramos o centésimo artigo desta coluna dissertando em sua edição precedente sobre Allan Kardec, mas não o situando simplesmente como codificador do Espiritismo, o que já seria muito, e sim tendo-o de igual modo como emérito educador francês, brilhante pedagogo, discípulo de Pestalozzi e homem de caráter digno, íntegro, extremamente sério, generoso, capaz de permanecer forte, determinado, resoluto no desempenho de sua nobre missão espiritual mesmo sofrendo injúrias e torpes traições, como as que suportou sem queixa nem revide.
No entanto, apesar de termos feito justiça enaltecendo o mestre de Lyon de maneira tão ampla, deixamos de pôr em relevo aquela que foi a característica mais importante de sua personalidade polivalente: a de pensador, pois ele, além de ter sido missionário das altas esferas do mundo invisível, sempre agiu como um dos mais lúcidos e originais filósofos que a Humanidade terrena já teve, e se nunca ninguém assim o reconheceu ou classificou ousamos nós fazer isto agora; e a seguir diremos porquê, com argumentos que podem até ser refutáveis pela cultura acadêmica, porém possuem indestrutível lógica em nosso entendimento pessoal.