Afirmou Jesus, o Cristo de Deus:
“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que há em ti sejam trevas, que grandes trevas serão!” (1)
No final da parábola dos trabalhadores na vinha, o Mestre utiliza também uma expressão parecida: “Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?” (2)
Os nossos olhos têm a função de perceber o mundo exterior. No momento em que o olho percebe qualquer coisa em si, ele está doente. Por exemplo: se aumenta a pressão intraocular, o olho vê halos ao redor de uma luz, como a visão de um arco-íris. No glaucoma tem uma visão tubular e, na catarata, que é a opacificação do cristalino do olho, como o nome bem define, a visão fica embaçada, ele vê nuvens. Na realidade, o olho não pode olhar para si mesmo.
Então, a que olhos Jesus se refere quando diz que o olho é a luz do corpo? E aqueles que nascem cegos e que não podem ver a luz do mundo? Como será o seu mundo interior, será destituído de luz?
Há quase 20 séculos os teólogos têm discutido essas palavras enigmáticas de Jesus.
Os iniciados do Oriente, há milênios, falam de um “terceiro olho” do chamado “olho de Shiva”, cujo abrimento facultaria a clarividência, a possibilidade de ver coisas não visíveis.
Essa visão interior a que o Cristo se refere é a luz proveniente do Espírito imortal no seu empenho em cumprir a missão principal, que é evoluir moral e intelectualmente por meio da prática do bem, o objetivo único da vida.
As entidades sublimadas responderam ao insigne Allan Kardec, que o Espírito é uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea e que tem uma coloração que vai do colorido escuro e opaco a uma cor brilhante, qual a do rubi, conforme a sua evolução, nada tendo que ver com a visão externa. (3)
Jesus afirmou no Sermão do Monte: “Vós sois a luz do mundo. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras”. (4)
Helen Keller, na infância, antes de completar 2 anos, foi acometida de uma doença, classificada hoje como escarlatina, ficou surda, cega e, porque não via nem ouvia, ficou também muda. Com a ajuda e a grande dedicação de sua professora Anne Sullivan, tornou-se uma missionária na área dos deficientes visuais e surdos-mudos. Apesar de todas as suas dificuldades, foi consagrada como oradora internacional.
Em seu livro best seller, História da Minha Vida, Helen Keller afirmou: “Toda visão é interior. Emergindo do mundo das trevas, eu atingia o mundo das luzes por uma visão interna”. (5)
Sheila Ostrander e Lynn Schroeder produziram uma obra cujo título é Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro. Há um relato intitulado Visão sem Olhos. Nesse capítulo, o livro descreve o fenômeno Rosa Kuleshova:
“No ano de 1962, Rosa kuleshova, uma jovem russa, cega, de vinte e dois anos, moradora da cidade montanhosa dos Urais, Nizhniy Tagil, contou ao seu médico, Iosif M. Goldberg, neuropatologista, que era capaz de ver com os dedos. Após testá-la com toda precaução, vedou cuidadosamente os seus olhos, mesmo sabendo ser ela cega de nascença.
Rosa, moveu o terceiro e o quarto dedos da mão direita sobre folhas de papel, nomeando cores: verde, vermelho, azul claro, alaranjado. A mão lia tão facilmente como os olhos. Parecia ter um par de olhos na ponta dos dedos”.
A visão sem olhos recebeu um nome, na União Soviética: “bio-introscopia”.
A Revista Russa de Medicina Neuropsicológica publicara, no início do século, experiências levadas a cabo com uma mulher dotada de visão nas mãos, à semelhança de Rosa.
O livro documenta que o mundo científico norte americano também se surpreendeu com uma mulher de Michigan, Patrícia Stanley, capaz de fazer muitas coisas que Rosa fazia. Os cientistas começaram a examinar a visão sem olhos.
Jules Romains, depois de seus estudos de fisiologia e histologia, chegou a afirmar ter focalizado a “visão sem olhos”.
O norte-americano Dr. Razran disse a Life:
“Quanto ao que existe por detrás da visão sem olhos, pelo que sabemos, isso pode revelar-se uma espécie inteiramente nova de força ou radiação, até agora não detectada nem pressentida. Não há nada ridículo na ideia. Afinal de contas, a história do descobrimento nesse campo resume-se em termos sentido primeiro alguma coisa, depois penetrado no mar de energia que nos cerca e procurado o que pode ter causado a sensação”. (6)
O Dr. Sérgio Felipe Oliveira, médico, mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo e neurocientista, estudioso da glândula pineal, afirma: “A pineal é um ‘roteador de wi-fi’ que nos conecta com a psicosfera, o pensamento e o sentimento das pessoas. Traz a empatia, a ligação com o mundo espiritual, toda a interação mental”.
Diz Hellen Keller: “A única treva sem luz é a noite da ignorância e da insensibilidade. O mais importante é ter olhos e saber ver”. (7)
Muita paz!
Dados bibliográficos:
1 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Mateus, 6, 22 e 23.
2 – Idem, ibidem, 20,15
3 – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 88 e 88a, Feb.
4 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Mateus, 5, 14 e 16.5
5 – Hellen Keller, Irineu Monteiro, Alvorada.
6 – Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro, Sheila Ostrander e Lynn Schroeder.
7 – Hellen Keller, Irineu Monteiro, Alvorada.