Em sessão especial promovida pelo senador Luís Eduardo Granjeiro Girão, o Senado Federal homenageou no último dia 29 agosto Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, considerado o "médico dos pobres". A data escolhida lembrou o nascimento do homenageado em 1831.
Eduardo Girão definiu Bezerra de Menezes como grande pacifista e humanista do século 19. Além de médico e escritor, ele também foi vereador e deputado e lutou por causas à frente de seu tempo.
— É uma trajetória brilhante, de muita superação. Ele trouxe muita luz para essa terra, como médico, como político libertário, um dos grandes responsáveis pela abolição da escravatura no Brasil, um político preocupado com o meio ambiente — destacou.
O presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), Jorge Godinho Barreto Nery, disse considerar que o exemplo de Bezerra de Menezes deveria ser seguido por todos os médicos, por todos os espíritas e por todos os políticos. O trabalho do médico, segundo Jorge Nery, não se encerrou após a sua morte, no ano de 1900.
— Somos espíritos imortais e o trabalho do Doutor Bezerra de Menezes, após a sua desencarnação, se iniciou nos dias seguintes. Ele teve a oportunidade de comunicar-se em reuniões mediúnicas, dando continuidade ao trabalho que ele vem fazendo até os dias de hoje.
O senador Nelsinho Trad lembrou a coragem de Bezerra de Menezes de se assumir espírita e defender o direito das pessoas de seguir o Espiritismo em uma época na qual a doutrina não era aceita. O senador, que também é médico, lembrou que o médico se dedicava a todos os pacientes, inclusive àqueles que não tinham como pagar pelo tratamento.
O juiz José Carlos de Lucca, palestrante espírita, destacou a preocupação do homenageado com pessoas consideradas “invisíveis”.
— Bezerra de Menezes olhava para os invisíveis, para os que não tinham nome, os que não tinham dignidade, os que não eram ouvidos pelo Estado, pelos poderes públicos, os que não tinham dinheiro para pagar uma consulta, os que não tinham dinheiro sequer para comprar o remédio das suas receitas.
O presidente da Federação Espírita do Ceará, Luciano Klein Filho, biógrafo de Bezerra de Menezes, afirmou que sua pesquisa permitiu a constatação da grandeza do médico. De acordo com Klein, ele era um pai amoroso que suportou a perda de 8 dos seus 14 filhos por doenças como a febre tifóide. Para ele, Bezerra de Menezes está na lista dos grandes humanistas e pacificadores do mundo.
— Era alguém que, diferentemente de muitos de nós, pregava o que vivia e vivia o que pregava cotidianamente, sempre tendo a preocupação precípua de atender alguém que padecia de algum mal, de alguma dificuldade, nos momentos de sua trajetória de vida.
Durante a homenagem, foi exibido um trecho do filme "Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito" cujo protagonista, o ator Carlos Vereza, também participante da solenidade defendeu um maior envolvimento da doutrina em temas políticos.
O escritor Alexandre Caldini, autor do livro A Morte na Visão do Espiritismo, destacou a evolução de Bezerra de Menezes na terra e definiu a homenagem como uma pequena retribuição de todo o bem que o médico fez ao próximo. Para ele, a lei de Deus pode ser traduzida por amor, pela caridade, pelo bem.