No último artigo desta coluna sobre Deus, analisando o conteúdo filosófico do capítulo inicial de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que o define como “inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, e enumera os seus atributos plenos de todos os poderes e perfeições, criticamos fundamentadamente o físico inglês Stephen Hawking, que fez ruidoso sucesso nos meios acadêmicos pelo seu crasso ateísmo, tanto quanto, ou mais, fez no pretérito Nietzsche, quando anunciou “a morte” do Criador da Vida e do Universo, em um dos seus acessos de loucura tidos como genialidade.
Neste escrito, apraz-nos fazer semelhante alusão a outro proeminente e muito festejado físico opositor da crença espiritualista, que, pelo seu materialismo ateu, também anda sendo enaltecido em prosa e verso. Trata-se de Richard Dawkins, autor do livro “The God Delusion”, traduzido para o português com o título de Deus, um Delírio, logo transformado em best-seller como o volume Uma Breve História do Tempo, de Stephen Hawking. O que desejamos dizer, a propósito do assunto nestas linhas, consta da brochura já publicada, em que escrevemos para a Editora Lachâtre, com o título “Saudade de Deus” É o seguinte:
“Achamos que essa gente toda materialista e ateia, possuidora de prestígio cultural, padece do pior tipo de ignorância, a ignorância ilustrada. Uma Ignorância brilhante, para não dizer lustrosa, por ter recebido o polimento da erudição, contudo sombria por ser enganosa e enganadora. O que põe essa gente a perder é a ciclópica vaidade, pois, se ela fosse menos presunçosa, saberia que o homem é um ser evolutivo ainda sem a menor condição de desvendar todo o mistério da vida e da sua gênese. Diante da grandeza do universo, representamos menos do que um fragmento de cisco encontrado em canto de olho de uma pulga, ou piolho de minhoca.” Como o nada não pode existir, a pergunta que se impõe é esta:
O acaso, destituído de inteligência, seria capaz de ter produzido, ou inventado, tantas coisas diferentes como as do universo, funcionando com espantosa precisão regulada por leis absolutamente perfeitas?
Reflitamos sobre a variedade e a natureza dessas coisas: sabemos com segurança que só no reino animal inferior já foram catalogados mais de um milhão de insetos; sabemos que o corpo humano possui uns setenta trilhões de células, algumas formadas por uns dez bilhões de moléculas proteicas, todas se movendo em sinergia, a fim de fazer uma bomba chamada coração pulsar incessantemente, espalhando sangue para irrigar, em média, por segundo, setenta metros de milhares de quilômetros de veias, artérias e capilares, recebendo do pulmão oxigênio para manter, em atividade, o cérebro, onde outros bilhões de células, os neurônios, se comunicam entre si eletromagneticamente, para emitir ordens aos diversos membros do corpo, por meio de um complicadíssimo sistema nervoso. Uma tão prodigiosa máquina orgânica como esta foi criada por mero acaso ou por uma inteligência que não podemos explicar?
Responda a esta pergunta, com um mínimo de lógica, quem despreza a grandeza do universo infinito e a maravilha do pequeno corpo humano, e por isto nega a existência de Deus! Orgulhosa e tolamente, sem perceber o ridículo dessa atitude mental.
Amigos leitores, este artigo foi escrito em vida pelo já saudoso Nazareno Tourinho.