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Artigo do Jornal: Jornal Abril 2019
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Em 31 de março de 1848, há cento e setenta e um anos, um episódio inusitado deu início à construção do Espiritismo na Terra. Esse fato extraordinário ocorreu na casa da família Fox, na aldeia de Hydesville, no condado de Wayne, na cidade de Rochester, no Estado de New York, nos Estados Unidos da América.

A família Fox alugou uma casa em 11 de dezembro de 1847. No ano seguinte, os membros da família começaram a ouvir ruídos de arranhadura. Além do pai e da mãe, de religião metodista, havia duas filhas morando na casa. Eram Margareth, de catorze anos e Kate, de onze anos. Finalmente, na noite de 31 de março houve uma irrupção de inexplicáveis sons muito altos e continuados. A jovem Kate Fox desafiou a força invisível a repetir as batidas que ela dava com os dedos. Nesse momento de grande tensão, Kate e os seus familiares descobriram que os ruídos eram feitos por um ser humano, morto e enterrado na casa.

A notícia espalhou-se pela redondeza e mais de duzentas pessoas foram observar a comunicação das meninas Fox com o invisível.

“Conquanto o desafio da mocinha tivesse sido feito em palavras brandas, foi imediatamente respondido. Estava funcionando a telegrafia espiritual. Assim foi obtido o nome do “morto” — Charles B. Rosma, um mascate, (caixeiro viajante). Ele tinha trinta e um anos de idade quando fora, cinco anos atrás, assassinado por causa de dinheiro, pelo antigo inquilino, Sr. Bell, que o enterrou na adega”. (1)

Após os depoimentos positivos para a confirmação de assassinato, tomados pela polícia, com Lucretia Pulver, que serviu como empregada de Sr. e Sra. Bell, o imóvel foi desocupado, a casa vazia, taxada de “casa fantasma”. A casa foi abandonada, suas paredes foram ruindo e, “somente cinquenta e seis anos mais tarde foi feita a descoberta do esqueleto, que provou, acima de qualquer dúvida, que alguém realmente havia sido enterrado na adega da casa dos Fox.”

Esta constatação aparece no Boston Journal — uma folha não espírita — de 22 de novembro de 1904, e está assim redigida:

“Rochester, N.Y., 22 de novembro de 1904: O esqueleto do homem que se supõe ter produzido as batidas, ouvidas inicialmente pelas irmãs Fox, em 1848, foi encontrado nas paredes da casa ocupada pelas irmãs e as exime de qualquer sombra de dúvida concernente à sua sinceridade na descoberta da comunicação dos Espíritos”. (2)

Essa casa foi comprada, desmontada por Benjamin Bartlett e transportada para sua propriedade em Lily Dale, N.Y., em abril de 1916, e durou até 12 de setembro de 1955, quando se incendiou. No lugar onde estava a casa foi construído um belo jardim de meditação e um obelisco em memória dos Fox. O Lily Dale Assembly Spiritual é o maior centro de filosofia, religião e ciência do espiritualismo do mundo. Na placa de comemoração estão escritas, em alto relevo: There is no death. There are no dead. Não há morte. Não há mortos.

Relata o Evangelho que Jesus descia do Monte das Oliveiras e toda a multidão dos seus discípulos louvava Deus em alta voz dizendo: “Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor!

“Alguns dos fariseus lhe disseram em meio à multidão: Mestre, repreende os teus discípulos. Mas Jesus lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão”. (3)

Se não é esta a interpretação da passagem bíblica, ela vem a calhar, pois as pedras da parede falaram nos sinais do mascate preso na parede da adega, quando chegou o momento determinado por Deus, porque “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”. (4)

O humilde Espírito do mascate assassinado de Hydesville abriu uma passagem para a   outra dimensão da vida. Devemos homenageá-lo e agradecê-lo por essa missão simples, mas que proporcionou uma nova visão à humanidade. Esse fenômeno se alastrou, e as meninas Fox foram convidadas para outras casas onde se ouviam as tais pancadas. Elas se hospedavam e travavam conversas com os Espíritos, utilizando-se do método simples que fizeram: cada batida seria equivalente à letra do alfabeto na sequência: o A seria uma batida, o B seriam duas batidas, o C seriam três batidas, e assim sucessivamente.

A revolução das batidas e pancadas causadas por forças invisíveis atravessou o Oceano Atlântico indo para a França, que na época era o centro cultural do mundo, sendo acolhida pelo Prof. Hyppolite Léon Denizard Rivail, que começou a estudar esses fenômenos, em maio de 1855, com a seriedade científica que lhe caracterizava como discípulo direto de Pestalozzi e como magnetizador, seguidor de Franz Anton Mesmer, o pai do Magnetismo Animal.

E, em 18 de abril de 1857, menos de dois anos depois desses estudos, surge o Espiritismo, com a publicação de O Livro dos Espíritos, ditado pelos Espíritos aos médiuns: esta palavra foi utilizada por Allan Kardec para designar essa faculdade, esse dom especial das pessoas de entrar em contato com as forças espirituais, descerrando as portas ao mundo dos Espíritos, até então ignorado por todos, dando início a uma nova era para a humanidade.

O insigne Allan Kardec, pseudônimo que ele adotou humildemente para que as obras fossem lidas e aceitas pelo seu conteúdo, porque a Revelação pertencia aos Espíritos, e não a ele, cujo nome era bem conhecido nos meios acadêmicos e impresso nos frontispícios dos livros educacionais: H.L.D. Rivail.

Allan Kardec, com a certeza de que o trabalho era dos Espíritos, escreveu: “O Espiritismo é obra dos Espíritos. Eu vi, observei, coordenei e procuro fazer compreender aos outros aquilo que compreendo; esta é a parte que me cabe. Diz-se: a filosofia de Platão, de Descartes, de Leibnitz; nunca se poderá dizer: a doutrina de Allan Kardec; e isto, felizmente, pois que valor pode ter um nome em assunto de tamanha gravidade?

O Espiritismo tem auxiliares de maior preponderância, ao lado dos quais somos simples átomos.” (5)

Muita paz!

 

Notas bibliográficas

1 – História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle, páginas 73 a 92, Editora Pensamento.

2 – Idem, ibidem.

3 – A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida –Lucas, cap.19, 39e 40.

4 – Idem, ibidem – Eclesiastes, 3, 1.

5 – O que é o Espiritismo? – Allan Kardec – 46ª edição – página 120 – Feb.

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