A Doutrina Espírita nos consolida como irmãos a caminho do Pai. Através dos séculos ouvimos esta notícia. Contudo, dado às exigências sociais, muitas vezes de alta competitividade, acabamos por nos tornarmos inimigos em potencial. “O homem é o lobo do homem” é uma frase tornada célebre e cunhada pelo filósofo inglês Thomas Hobbes, no Séc. XVII e que significa que o homem é o maior inimigo do próprio homem. Daí as tristes notícias que recebemos dia a dia vindas da relação humana.
Allan Kardec indagou na questão 766 de O Livro dos Espíritos se a vida social é natural. Como resposta obteve que: “Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus não deu inutilmente ao homem a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação”. Na questão 768 os Espíritos Superiores nos dizem que: “O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer porque não possui todas as faculdades; precisa do contato dos outros homens. No isolamento ele se embrutece e se estiola”. Aí estão as palavras definitivas sobre vivermos em pleno entendimento, ajudando-nos mutuamente, para que nossas vitórias sejam compartilhadas e não disputadas como se vê ainda hoje.
O nosso planeta ainda o é de provas e expiações e em trânsito para o próximo ciclo que é o da regeneração. O que é o ciclo da regeneração? O próprio nome indica. Regenerar é gerar ou produzir novamente. Formar-se de novo. Dar nova vida, revivificar. Santo Agostinho no livro O Evangelho segundo o Espiritismo no Capítulo III nos fala sobre os mundos regeneradores: “Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis. Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade”.
Assim temos um roteiro a seguir. A Lei é inexorável. Estamos a caminho de um tempo de melhor adequação às propostas divinas e a elas nos consolidemos ou cairemos em armadilhas que nos levarão a mundos inferiores. Desta forma o importante é a busca da fraternidade legitima, onde homem cuida do homem num processo de ajuda mútua exercendo, não a competição, mas a fraternidade legítima. A existência no corpo físico é rápida e o retorno ao plano espiritual nos nivelará dentro das propostas que criamos e vivemos. No livro Grandes e Pequenos Problemas editado pela FEB em 2006 Angel Aguarod recebeu a seguinte comunicação da espiritualidade: “A compaixão é o sentimento que melhor conduz à caridade, porque quando real, a compaixão provoca a ação tendo por propulsores a abnegação e o sacrifício, degraus maravilhosos que suavemente elevam o ser às alturas da perfeição e que ele sobe auxiliado pelas asas das virtudes, que caracterizam a caridade”.
Assim sendo a proposta está sobre a mesa: sermos legítimos irmãos com a consciência de que o Pai olha, vela e nos fortalece para nossas ascensões sem as necessidades de nos digladiarmos uns contra os outros.
Biografia:
Guaraci de Lima Silveira é escritor espírita com 18 livros publicados, dramaturgo, articulista e palestrante atuando também em radiofonia. Milita no movimento espírita fazem 42 anos. Reside em Juiz de Fora – MG. Aposentado, dedica todo seu tempo ao estudo e divulgação da Doutrina espírita.