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Artigo do Jornal: Jornal Setembro 2018

Sobre o autor

Iris Sinoti

Iris Sinoti

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O psiquiatra Suíço Carl Gustav Jung asseverava que: “Quando uma situação interna não é tornada consciente, ela acontece do lado de fora, como destino1.” Desse modo, ele propõe que mergulhemos em nosso inconsciente, trazendo para a luz da consciência nossos sombrios e desconhecidos conteúdos como única maneira de evitarmos que na nossa vida esses conteúdos tornem-se reais ou mesmo “destino”.

Impressionante verificarmos que, na grande maioria das vezes as nossas dificuldades e desafetos, incômodos e medos têm lugar em nosso mundo íntimo, e de imediato somos levados à reflexão: Será que na vida futura encontrarei as minhas “partes” desconhecidas materializadas como um carma, castigo ou pena?

Sabemos que estamos encarnados em um mundo de provas e expiações, e que por motivos óbvios estamos comprometidos com as Leis Divinas, retornando quantas vezes forem necessárias para o ajustamento e aprimoramento do Ser que somos – Espíritos. Mesmo com essa consciência, muitos ainda acreditam que parte das nossas fraquezas é decorrente do corpo físico, ou seja, que a “Carne é Fraca”. Mas, aprofundando os estudos doutrinários, sabemos que o espírito não se origina da carne e que a carne nada mais é do que uma vestimenta do espírito, e que sendo assim, não somos um corpo com alma, mas uma alma que anima um corpo. Nós espíritas por vezes nos esquecemos disso, e direcionamos nossa existência prioritariamente às questões do corpo, negligenciando o ensinamento do Mestre: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”2.

No capítulo VII de “O Céu e o Inferno”, Kardec nos lembra: “O Espírito é o artista do próprio corpo, por ele talhado, por assim dizer, à feição das suas necessidades e à manifestação das suas tendências.” Não são o corpo, a família e o relacionamento afetivo que comprometem nossas existências, e sim o espírito comprometido que somos que imprime no corpo e nas circunstâncias da vida as necessidades para nosso crescimento. Assim sendo, aquilo que não tornamos consciente em algum momento da existência retorna na condição de destino para ser reconhecido, acolhido e amado como conteúdo da própria alma. Sim, amigos, somos nós os únicos responsáveis por nossas vidas, e nem mesmo a genética pode ser culpada, pois ela apenas apresenta as características que necessitamos para a jornada da vida!

Portanto, só nos resta seguir em frente, tomando a responsabilidade da vida em nossas mãos e caminhando com a certeza de que o futuro é um direito de todos, pois a Lei é de Progresso, mesmo quando ainda teimamos em viver em escassez. A forma como esse futuro será dependerá das nossas escolhas presentes.

Estaremos renascendo sempre que nos renovarmos psiquicamente, trabalhando os nossos valores éticos e clareando nossos conteúdos sombrios. Podemos e devemos nascer e renascer na mesma existência, cumprindo assim a morte do homem velho para o nascimento do homem novo – esse é o nosso trabalho.

Temos um caminho a seguir e precisamos começar imediatamente. E não devemos esquecer de algumas ferramentas que serão úteis na jornada:

  1. Não esquecer de que somos herdeiros de nós mesmos. Por isso mesmo, reclamar e se queixar de nada adianta. Os desafios e conflitos só serão modificados se dedicarmos esforço pessoal, pois esse é passo importante para o autoencontro. Somos responsáveis pelo que fazemos e pelo que deixamos de fazer, essa é a nossa herança;
  2. Ninguém que atravessa a estrada da vida está isento de problemas;
  3. Se quisermos encontrar o melhor de nós precisamos reconhecer o que há de pior em nós. Sem o trabalho com a sombra estaremos apenas adiando o crescimento;
  4. A vida nos apertará para sairmos do lugar, e isso é bom.

Não percamos a oportunidade de crescimento, entregando-nos ao imediatismo do ego, às pequenezas da inveja e do ciúme, à frieza do orgulho... Pois, “A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos3”. Que aceitemos a vida, afinal Ele nos deu vida e Vida em Abundância!

 

 


1 Aion, estudos sobre o simbolismo do si-mesmo.

2 Mateus 22:21.

3 Norman Cousins.

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