Na atualidade e a nível global, os índices de suicídio são alarmantes, estimando-se que a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida, e a cada 2 segundos ocorre uma tentativa sem sucesso.
O suicídio não é uma ocorrência apenas dos dias atuais, pois sempre houve, e Allan Kardec não ficou indiferente a essa triste realidade, tanto que escreveu um artigo sobre Estatística de Suicídio (Revista Espírita de julho de 1862), que cito na obra Um Tesouro Inestimável – volume 1.
O Codificador faz uma abordagem notável, lembrando que há muita preocupação com o gênero de morte e o meio empregado, mas a questão mais importante seria a motivação, ou seja, o que levou o indivíduo a praticar o suicídio, a permitir a implementação de medidas preventivas.
Allan Kardec cita como as principais causas as decepções, os revezes de fortuna, o desgosto da vida etc.
Na obra O Livro do Espíritos, na questão nº 943, os benfeitores espirituais citam a saciedade, a falta de fé e a ociosidade como fatores predisponentes ao suicídio.
No referido texto da Revista Espírita, Kardec menciona que a incredulidade, a simples dúvida quanto ao futuro e as ideias materialistas são os maiores excitantes ao suicídio, porque estimulam a covardia moral, pois para estes não haveria justificativa para que perseverassem diante dos infortúnios da vida.
Continuando no magistral texto de Kardec, este relembra que o conhecimento do Espiritismo, ao trazer a certeza da vida futura (a vida não se encerra com a morte), traz um contrapeso à ideia do suicídio, porque aquele que se mata se liberta de um mal para chegar a outro pior.
O Espiritismo fala-nos da imortalidade da alma, do sentido existencial, explica a causa do sofrimento e das tribulações da vida, e que a felicidade é proporcional ao bem que se faz, de forma que a veneranda doutrina espírita vem, há mais de 160 anos, iluminando consciências e evitando muitos suicídios, convidando-nos a alegria de viver e a enfrentar os desafios existenciais em clima de paz e confiança em Deus.
Por fim, o Espiritismo também é um consolador notável aos familiares que tiveram um ente querido que se suicidou, porque compreende que a vida prossegue e que não há eterno sofrimento, cabendo-lhes a oração em prol do familiar que se equivocou, a fim de que este, diante da misericórdia divina, possa reabilitar-se e prosseguir sua caminhada evolutiva na direção da plenitude.