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Artigo do Jornal: Jornal Setembro 2018
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       O insigne Allan Kardec foi se deitar, certa noite, impressionado com um sonho de Lutero de que tomara conhecimento. Nesse sonho, Lutero se via no paraíso colhendo informações sobre a felicidade celestial.

Comovido, o codificador da Doutrina Espírita, logo que adormeceu, saiu do corpo em singular desdobramento, conduzido por um enviado de Planos Sublimes a uma região nevoenta.  Nesse local, milhares de entidades gemiam em sofrimento estarrecedor, com gritos de cólera misturados às blasfêmias e gargalhadas.

Apiedado, Kardec perguntou ao cicerone se os sofredores que ali se encontravam eram aqueles que ficaram famosos na história da humanidade pelo mal que fizeram: os crucificadores de Jesus, os imperadores romanos, os algozes dos cristãos primitivos e os conquistadores da antiguidade. O mensageiro sublime lhe respondeu que grande parte desses Espíritos que ele mencionara fora redimida pela lei da reencarnação, através do esforço próprio e da misericórdia divina.

O emissário espiritual explicou-lhe que homens da categoria dos imperadores Tibério e Calígula; dos conquistadores bárbaros: Átila, Aníbal, Alarico, Gengis Khan, depois de estágios regenerativos na Terra já se elevaram a esferas superiores, enquanto outros se encontram reencarnados à beira da remissão. (1)

Confirmando esse sonho de Kardec, em outros livros escritos igualmente pela mediunidade sublimada de Chico Xavier encontramos a informação do resgate e da redenção de muitos seres que deixaram suas marcas na história, com sua energia poderosa, desviados do caminho do bem, para o qual, todos nós, sem exceção, fomos criados por Deus, com oportunidades iguais de ascensão.

O imperador Marco Aurélio Bassiano, Caracala, (211dC. a 217dC.), famoso pelas construções das Termas de Caracala e perseguidor dos cristãos, após reencarnações dolorosas na Europa, reencarnou no Brasil como Joaquim Rolla, em 1899, em São Domingos da Prata, Minas Gerais. Foi identificado por Chico Xavier, quando estiveram juntos. Tornou-se conhecido como construtor de cassinos, dentre eles o Cassino da Urca, o Cassino de Icaraí, o Cassino e Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Construiu também o Edifício JK, em Belo Horizonte, o Pavilhão de São Cristóvão, no Rio de Janeiro e hotéis nas estâncias de Araxá e Poços de Caldas, em Minas Gerais.

O imperador romano Domício Nero, que no ano 58dC. iniciou o criminoso movimento do sacrifício dos cristãos para divertimento do povo, antes de incendiar Roma (2), após os resgates expiatórios necessários, reencarnou em Luxemburgo, em 1885, com o nome de Louis Ensch. Diplomou-se como engenheiro siderúrgico pela Escola Politécnica de Aix-La-Chapellle, em 1920, tornando-se um respeitado siderurgista na Europa. Chegou ao Brasil em 1927 para encerrar as atividades da usina da Belgo-Mineira, em Sabará, Minas Gerais e para implantar uma nova usina em João Monlevade, Minas Gerais. Nesta cidade mineira, Dr. Louis Ensch proporcionou a construção de mil e oitocentas residências, abriu ruas e implantou sistemas de saneamento básico (água, energia elétrica, esgoto sanitário, pavimentação), além da construção do Hospital Margarida e de várias escolas. Trabalhou na Belgo-Mineira durante 26 anos e ocupou o cargo de diretor-geral. Desencarnou em 9 de setembro de 1953, em seu país natal, mas foi sepultado, segundo seu desejo, em João Monlevade, próximo à usina que ele construiu. (3)

Alarico I e depois como Alarico II, o Grande, Rei dos Visigodos, nos séculos IV e VI, da era cristã, reencarnou em França, no século XVI, como Armand Jean du Plessis Richelieu, cardeal Richelieu, ministro francês; posteriormente, reencarnou no Brasil para continuar sua caminhada redentora, com o nome de Jésus Gonçalves.

Jésus se correspondeu com Chico Xavier, como leproso do Sanatório de Pirapitingui, em São Paulo e, após desencarne, psicografou por seu intermédio o livro Flores de Outono. (4)

Seria dispendioso relatar todos os casos de progresso por meio da reencarnação desses Espíritos que tiveram seus nomes registrados na história como bárbaros, guerreiros monstruosos, reis egoístas e perversos, rainhas fúteis, promíscuas e assassinas. Entretanto, o Espírito Humberto de Campos afirma: “As iniquidades de um Herodes podem desaparecer sob o manto de renúncia de um Vicente de Paulo”. (5)

No término do sonho que inicia este artigo, Kardec perguntou emocionado ao Espírito guia:

“— Dize-me, que sofredores são estes, cujos gemidos e imprecações me cortam a alma?

E o orientador esclareceu, imperturbável:

— Temos junto de nós os que estavam no mundo plenamente educados quanto aos imperativos do Bem e da Verdade e que fugiram deliberadamente da Verdade e do Bem, especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas, perfeitos conhecedores da lição e do exemplo do Cristo e que se entregaram ao mal por livre vontade...”

Ao acordar, Kardec escreveu a pergunta que apresentaria, na noite próxima, ao exame dos mentores da obra em andamento e que figura como a Questão 642 de “O Livro dos Espíritos”: “Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal? Indagação esta a que os instrutores retorquiram: “Não; cumpre-lhe fazer o bem, no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

Apesar do destino inflexível, há uma força em nós que independe do destino. A fé é a vontade de querer, afirmou, em 1863, um Espírito Superior, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XIX.

“Nenhuma ovelha do rebanho do meu Pai se perderá”, afirmou Jesus. Mas somos o tempo de esforço pessoal na construção do nosso destino.

Muita paz!

Notas bibliográficas

1 — Cartas e Crônicas, Humberto de Campos, Francisco C. Xavier, Lição 7, Feb.

2 — Há Dois Mil Anos, Emmanuel, Francisco C. Xavier, pág.307, Feb.

3 — Sementeira de Luz, Neio Lúcio, Francisco C. Xavier, pág. 502, Feb.

4 — A Extraordinária Vida de Jésus Gonçalves, Eduardo Carvalho Monteiro, Edições Correio Fraterno, 1980 e Flores de Outono, psicografia de Francisco C. Xavier, Ed. Lake.

5 — Crônicas de Além-Túmulo, Humberto de Campos, Francisco C. Xavier, pág.71, Feb.

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