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Artigo do Jornal: Jornal Agosto 2018
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Desde cedo somos apresentados à dicotomia bem versus mal, ou bom versus mau. Frases como “muito bem, boa menina!” ou “isso é feio, isso é mau” tem sido repetidas através das gerações e raros são os que jamais escutaram de seus pais algo semelhante. Sem perceber e sem que essa tenha sido a intenção de nossos primeiros educadores, fomos aprendendo que toda vez que algum comportamento nosso era considerado mau, nós não éramos aceitos, não éramos aprovados. Não nos sentíamos amados. Logo, pareceu mais útil para muitos de nós, abafar ou esconder esse lado sombrio e apresentar apenas a faceta “boazinha”, “amável”.

No terceiro capítulo do livro A Gênese1, Allan Kardec afirma “pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro”. Pensemos nessa interessante analogia entre o bem e o calor. Se alguém está sentindo frio (ausência de calor) como poderei ajudá-lo? Apresentando-lhe o calor, aquecendo-lhe. Parece simples, não é mesmo? Afirma-se, também, que a escuridão é tão somente a ausência de luz. Como solucionar o problema de um quarto escuro (ausência de luz)? Acendendo uma vela, lamparina ou iluminando-lhe de algum modo. Nesse mesmo sentido, diante do mal (ausência do bem) como deveremos proceder?

Desde há muito, temos tentado escamotear nossas imperfeições em vez de apresentar-lhe o antídoto, a faceta da bondade real. Sabemos que temos por destino a perfeição espiritual, mas ainda estamos mais interessados em parecer bons aos olhos dos outros do que fazer brilhar nossa verdadeira luz. Muitos de nós, perdoem-nos aqueles que não estão mais nessa fase, seguem como as crianças de outrora, buscando a aprovação externa, alguém que lhes diga apenas da sua bondade.

Perguntaram a Jalal ad-Din Muhammad Rumi, mestre espiritual persa do século XIII “o que é veneno?

– Qualquer coisa além do que precisamos é veneno. Pode ser poder, preguiça, comida, ego, ambição, medo, raiva, ou o que for.

Cientes de que todas as paixões possuem uma utilidade providencial e que é no abuso, no excesso que habita o mal ou a ausência do bem, busquemos meditar sobre as nossas características íntimas, aquelas que nos impedem de avançar e indaguemos no silêncio do nosso “templo interno” quais são os excessos que necessitam ser equilibrados.


1        KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. 3 O bem e o mal.  [trad. Guillon Ribeiro]. Brasília: FEB, 2013

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