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Artigo do Jornal: Jornal Abril 2018
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          Perguntaram a Chico Xavier:

          – Você faria uma plástica facial?

          – Claro, se me fosse possível, pois assim não assustaria tanto meus semelhantes.

          A resposta bem-humorada do médium nos conduz à problemática dessa especialidade médica, bastante desenvolvida na atualidade.

          Técnicas modernas tornaram os procedimentos mais simples e acessíveis.

          Há, porém, sob o ponto de vista espiritual, a impertinente questão:

          Será lícita essa iniciativa, buscando-se a beleza física, quando o que importa é o embelezamento espiritual?

          Bem, amigo leitor, costuma-se dizer que para sermos felizes devemos gostar de nós mesmos.

          Obviamente, isso envolve, também, a aparência.

          Razoável, portanto, que a pessoa não satisfeita com seu visual trate de melhorá-lo.

          Argumentam os opositores que seria incensar a velha vaidade humana, tão prejudicial à evolução do Espírito.

          Se assim considerarmos, deveremos renunciar aos cuidados com a roupa, os sapatos, os cabelos, a higiene pessoal.

          Todos apreciam uma pessoa bem trajada, cabelos bem penteados, suave perfume.

          Igualmente desejável boa postura, ar saudável, expressão jovial, harmonia nos traços, ausência das rugas que tanto incomodam a alma feminina.

          Há profissionais que devem observar cuidadosamente esses aspectos: modelos e artistas, por exemplo, cujo trabalho exige apuro com o visual.

          Condenável seria o excesso.

          Vejo pessoas que se submetem a tantas recauchutagens faciais que ficam com a aparência de uma boneca de cera, pele esticada, face inexpressiva.

          Ouvi, certa feita, famosa atriz já na madureza, a proclamar que jamais se submeteria à cirurgia rejuvenescedora facial, por considerar que rugas dão dignidade e respeitabilidade à velhice.

          Exemplar sua postura, embora não devamos levar sua observação a extremos, suprimindo até mesmo os recursos de preservação da saúde.

          Afinal, de certa forma contrariamos a Natureza quando lutamos contra a morte, buscando longevidade.

 

                                       ***

 

          Há a questão do carma.

          A cirurgia plástica estaria interferindo na programação cármica.

          Será?

          Consideremos a herança genética.

          Herdamos de nossos pais suas características físicas e não me parece que toda uma ancestralidade tenha enfiado o nariz onde não devia ou não ouviu os avisos da vida, justificando o nariz adunco ou as orelhas de abano.

          Mesmo quando há legítimo problema cármico relacionado com a aparência ou a funcionalidade física, isso não significa que não possamos corrigi-lo ou amenizá-lo.

          Na contabilidade espiritual, quando se trata do pagamento de débitos cármicos, a medicina, com seus avanços, é a própria Misericórdia Divina a nos oferecer generosos descontos, amenizando as dores do resgate.

           Consideremos, ainda, que a dor é apenas o estágio primário no processo de reajuste quando contrariamos as leis divinas e nos comprometemos no mal.

          Num segundo estágio, há os prejuízos que causamos.

          Um exemplo:

          Num exercício de vandalismo, chuto a vitrine de uma loja, fazendo-a em pedaços. No ato, corto a perna e vou parar no hospital.

          Dependendo dos recursos que venha a mobilizar, inclusive cirurgia plástica, posso demorar mais ou menos na recuperação, ficar ou não com cicatriz antiestética ou limitação de movimentos, mas o resgate de minha dívida com o comerciante será o meu compromisso maior.

          Somente estarei liberado quando ressarcir os prejuízos que lhe causei.

          Ainda que ele não necessite dessa reparação, sentir-me-ei em débito com minha própria consciência, obrigando-me a ações compensatórias dirigidas ao bem comum.

           Podemos considerar a cirurgia plástica uma espécie de maquiagem para o homem perecível, sem nenhum efeito na economia do Espírito imortal.

          Portanto, caro leitor, use-a, se o desejar, sem abusar, e lembre-se:

          O bisturi melhora precariamente o visual físico.

          Para melhorar o visual espiritual é preciso usar largamente outro bisturi: o empenho de renovação, extraindo mazelas e imperfeições de nossa alma, mão firme no esforço do Bem.

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