O último dos tabus existentes no atual movimento espírita brasileiro que selecionamos para submeter a uma análise lógica, à luz do pensamento kardecista, tabu a cada dia mais viçoso enroscado como erva daninha na árvore florida e frutuosa do verdadeiro Espiritismo, aquele que não é unicamente “evangélico”, porque tem dois outros conteúdos, um filosófico outro científico, nasceu desta frase bonita, mas equivocada de um dos nossos médiuns importantes, da maior respeitabilidade:
– Mediunidade a gente desenvolve dando sopa para os pobres.
Grande inverdade!
Dando alimento para os pobres o que desenvolvemos não é a mediunidade que “se radica organismo, independe do moral” (O Livro dos Médiuns, Capítulo XX, logo no início, item 226, alínea 1ª) e sim a bondade, o sentimento enobrecido.
Não devemos confundir desenvolvimento mediúnico com educação mediúnica. Desenvolver é fazer crescer, educar é aprimorar, aperfeiçoando. É evidente que as duas coisas devem se integrar.
A referida obra de Allan Kardec contém um capítulo que trata especificamente deste assunto, o XVII, intitulado Da Formação de Médiuns. A sua leitura tem grande valia para o nosso esclarecimento doutrinário porque desmitifica a faculdade mediúnica que não é uma benção de Deus nem um castigo cármico, um privilégio nem uma provação, um dom supranormal nem uma deficiência psíquica, é simplesmente uma sensibilidade especial que algumas pessoas possuem, graças à sua constituição genética, à herança cromossomática do seu corpo e à pulsação dos neurônios que lhe formam o sistema nervoso, sensibilidade que lhe permite se conectar com influências em parte inacessíveis aos sentidos comuns das outras pessoas.
Esta predisposição natural que tem, como disse Kardec, uma base orgânica, e de certa forma é generalizada, porém em graus muito diversos, logicamente se desenvolve pelo exercício como todas as outras aptidões do ser humano, e não por ações caridosas.
A opinião em contrário de um médium famoso, digno do nosso apreço pela sua humildade e nobreza de caráter, não tem nesse caso valor, até porque sabemos que ninguém é perfeito.
Quanto a isto, leiamos o que declara O Livro dos Médiuns em seu Capítulo XX, item 226, alínea 9ª:
“Qual o médium que se poderia qualificar de perfeito?
“Perfeito. Ah! Bem sabes que a perfeição não existe na Terra, sem o que não estaríeis nela. Dize, portanto, bom médium e já é muito...”.
Acabou o espaço deste artigo e eu pergunto a você, leitor: quer que eu diga mais alguma coisa sobre o tema? Tenho outras ideias a respeito, complementares as do presente escrito, constantes de uma obra que publiquei em 1996 através da Editora da Federação Espírita do Estado de São Paulo, intitulada uma Nova Visão da Mediunidade.
Tais ideias sugerem uma forma de concentração mental diferente da adotada na maioria dos nossos Centros, a qual, pelo menos na Casa Espírita que fundei e mantenho há mais de vinte anos, tem produzido excelentes resultados.
Eu gostaria de partilhar minha experiência nesse campo com os companheiros de ideal fiéis à codificação de Allan Kardec, ainda não caídos nas teias de um “Espiritismo Evangélico” que é muito evangelista e pouco evangelizador.
Para tanto coloco-me à disposição dos interessados.
(*) Nazareno Tourinho, parceiro do Dr. Carlos Imbassahy na obra O Poder Fantástico da Mente, editada há cinquenta anos, em 1967, é um velho autor espírita cujos últimos livros foram publicados e estão sendo distribuídos pela Editora Lachâtre (Instituto Lachâtre – Caixa Postal 164 – CEP 12914-970 – Bragança Paulista – SP Telefone: (11) 4063-5354 – Site: www.lachatre.org.br – E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.).