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Artigo do Jornal: Jornal Fevereiro 2018
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       Nos antigos escritos da Humanidade, o sono e o sonho ocupam lugar de destaque pelo interesse que sempre despertaram no ser humano.

No livro Metamorfoses, o escritor latino Públio Ovídio Naso, no ano 8 d.C., escreveu que na mitologia grega o deus Hypnos representava o deus do sono, que dormia seu sono eterno numa gruta silenciosa, ornada de arbustos de papoula, a flor de que se extrai o ópio, e tinha um filho nomeado por ele Morfeu, o deus do sonho, porque ele tomava as formas que bem entendesse para atender às pessoas em suas visões.

Na Bíblia, o sono e o sonho eram usados por Deus para falar com as pessoas. Muitos sonhavam, acreditavam nos sonhos e os interpretavam. (1)

O médico austríaco Sigmund Freud, criador da Psicanálise, também se ocupou com esta matéria em seus estudos e escreveu, em 1899, A Interpretação dos Sonhos, livro publicado com a data de 1900.

       Apesar da atenção que essa matéria recebe dos pesquisadores de todos os tempos, ela ainda é enigma por parte dos cientistas, em torno de 50%, que não acreditam em Deus e se intitulam reducionistas ou localizacionistas. Para eles, comer, beber e ir ao banheiro, têm uma razão biológica. Entretanto, quanto à necessidade do sono diário e o sonho não há explicação. (2)

       Esses cientistas acreditam que o cérebro e a mente são a mesma coisa. O cérebro, quando está em atividade, chama-se mente. Enquanto seus colegas espiritualistas, os outros 50%, veem o cérebro como um órgão fisiológico para a manifestação da mente, que é extrafísica e que dele independe.

       Há vinte anos, assistimos a um programa de mesa redonda na TV cujo tema era este que escrevemos agora: o sono e o sonho. Participavam dele: neurocientistas, psiquiatras, psicanalistas e psicólogos.

O entrevistador crivou-os de perguntas, e em suas respostas falaram sobre os ritmos do dia a dia: o relógio hipotalâmico, os ritmos circadianos, infradianos e ultradianos. Explicaram que os ciclos de sono-vigília são controlados por neurotransmissores que agem em diferentes partes do cérebro. Falaram sobre o sono REM e o sono não REM. Discorreram a respeito da melatonina, um hormônio que começa a ser produzido no organismo quando escurece para preparar o sono e sobre a substância química adenosina, que se acumula no sangue enquanto estamos acordados, causando entorpecimento, e, quando dormimos, ela é decomposta gradualmente. Falaram até sobre o Transtorno Afetivo Sazonal que é um estado depressivo causado pelo nível reduzido de serotonina etc.

Antes do término do programa, ficamos surpresos quando o entrevistador, insatisfeito, disse para os participantes: — Eu deveria ter convidado para o debate um espírita para fecharmos o programa com chave de ouro.

Realmente, como se pode falar sobre um assunto de natureza tão espiritual, como esse, sem a colaboração da Ciência do Espírito, que é o Espiritismo?!

O insigne cientista Allan Kardec, missionário do Cristo de Deus, ao implantar a Terceira Revelação da Lei de Deus na Terra, a Lei da Caridade, deixou-nos um tratado sobre o sono e os sonhos. Eis, em síntese: (3)

“Durante o sono, a alma não repousa como o corpo repousa. O Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. Tem o Espírito mais faculdade do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro.

Quantas vezes achamos que tivemos um sonho extravagante, um sonho horrível. É, muitas vezes uma recordação dos lugares e das coisas que vimos ou que veremos em outra existência. Com o corpo entorpecido pelo sono, o Espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro.

O sono influi mais do que supomos na nossa vida. A questão da simpatia e da antipatia resultam, muitas vezes de nossa ligação, durante oito ou nove horas de ventura ou de desespero.

O sono é o recreio depois do trabalho. O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Sonhar é lembrar das atividades tidas durante o sono. Muitas vezes não nos lembramos por não termos desenvolvidas as faculdades oníricas. O sonho pode ser também efeito da imaginação, das preocupações do estado de vigília. Os maus Espíritos se aproveitam dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.

Durante o sono, a atividade do Espírito pode fatigar o corpo, pois que o “Espírito se acha preso ao corpo qual balão cativo ao poste. Assim como as sacudiduras do balão abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fatigá-lo”.

Certamente que não pudemos citar, na íntegra, todo o tratado sobre o sono e os sonhos. É importante estudarmos esse capítulo de O Livro dos Espíritos, assim como os dezenove livros deixados por Kardec e os livros da continuação da revelação dos Espíritos.

O Espiritismo nos esclarece sobre a influência da nossa conduta no sono e nos sonhos. Se à noite, durante o sono, encontramos com nossos afetos e desafetos, da mesma forma, marcamos um encontro, para dormir conosco, através dos nossos pensamentos, palavras e atos, durante o dia, no estado de vigília.

Muita paz!

Notas bibliográficas:

1 – A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Gênesis. 40 e 41. Daniel, 7:1-7 e Mateus, 2.

2 – Cem Bilhões de Neurônios – Conceitos Fundamentais de Neurociência – Roberto Lent – pág521

3 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte 2ª, capítulo VIII – Feb.

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