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Artigo do Jornal: Jornal Fevereiro 2018
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Esta frase, proferida por eminente médium do nosso movimento doutrinário, virou axioma para muitos espíritas que abandonaram a Codificação de Allan Kardec para seguir, única e exclusivamente, os ensinos evangélicos e bíblicos, engessando as atividades de nossos Centros em um processo de sectarização mística.

O problema é sério, grave, e precisamos submeter a realidade que enfrentamos atualmente a uma análise criteriosa, honesta e lúcida, tendo em vista o futuro próximo e distante.

Façamos isto de maneira ponderada, amistosa, sem ferir a reputação de ninguém, mas de forma sincera e justa, como se impõe.

Antes de entrar no terreno do Espiritismo, será oportuno perguntarmos aos defensores da tese de que “só devemos ver o lado bom das coisas” como consideram o procedimento histórico de José do Patrocínio, o valente “tigre” na luta pela abolição da escravatura. Em sua época, quando vendiam os negros como animais na porta dos mercados, ele deveria ter visto só o lado bom para a prosperidade social da mão-de-obra escrava, garantia de colheitas fartas a preço baixíssimo?

Penetrando no campo estritamente espírita, a indagação é:

– Qual a conduta que Allan Kardec preconizava para a correta formação do nosso pensamento doutrinário?

Leiamos alguns trechos sugestivos de O Livro dos Médiuns:

“Os que desejem tudo conhecer de uma ciência devem necessariamente ler tudo o que se acha escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, o que haja de principal, não se limitando a um único autor. Devem mesmo ler o pró e o contra, as críticas como as apologias, inteirar-se dos diferentes sistemas, a fim de poderem julgar por comparação”.

(Capítulo III, item 35, alínea 4ª.)

 

“A instrução espírita não abrange apenas o ensino moral que os Espíritos dão, mas também o estudo dos fatos”.

(Capítulo XXIX, item 328.)

 

Eis aí a lição, com tal clareza que dispensa qualquer comentário.

Ver somente o lado bom das coisas, o tabu que nos dias presentes mais obstrui o progresso do nosso movimento ideológico, significa optar em ser caolho e não dar a mínima importância para os erros que sempre existem porque os seres humanos são imperfeitos, lavando as mãos diante deles como Pilatos frente a Jesus, e assim fugindo à responsabilidade ética de oferecer alguma ajuda para a sua correção.

Essa postura comodista e, sejamos francos, um tanto demagógica, é sumamente lesiva aos sagrados interesses de nossa causa, porque todo movimento doutrinário precisa da livre circulação das ideias para progredir e não se fossilizar. O nosso está sendo conduzido de modo antidemocrático, nele impera uma disfarçada censura a todas as denúncias e críticas, mesmo as construtivas, edificantes, indispensáveis, tidas como descaridosas por serem polêmicas.

Se existe algo que, dentro do nosso ambiente ideológico, hoje é sumariamente condenado, chama-se polêmica.

Porém, após desaprovar as polêmicas personalistas, Kardec escreveu na página de abertura da Revista Espírita de novembro de 1858:

“Entretanto há polêmica e polêmica. Há uma ante a qual jamais recuaremos – é a discussão séria dos princípios que professamos”.

(*) Nazareno Tourinho, parceiro do Dr. Carlos Imbassahy na obra O Poder Fantástico da Mente, editada há cinquenta anos, em 1967, é um velho autor espírita cujos últimos livros foram publicados e estão sendo distribuídos pela Editora Lachâtre (Instituto Lachâtre – Caixa Postal 164 – CEP 12914-970 – Bragança Paulista – SP Telefone: (11) 4063-5354 – Site: www.lachatre.org.br – E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.).

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