“O Carnaval para mim, é passado de dor e a caridade hoje, é-me festa de todo dia, qual primavera que surge após inverno demorado, sombrio”. Noel Rosa
Saulo de Tarso
Para a compreensão da festa de momo, se faz necessário lembrar que o planeta Terra ocupa apenas o segundo lugar na escala evolutiva na condição de mundo de provas e expiações. Assim sendo, reencarnam espíritos recém-saídos da condição de barbárie, que começam a alcançar novas oportunidades de evolução espiritual em busca da luz. Entretanto, trazem esses espíritos as mais grotescas vibrações e sensações que precisam ser extravasadas e com isso aproveitam as festas de momo para realizarem as “descargas, tendências reprimidas”.
Quando a Terra deixar esse estágio evolutivo, nas palavras de Bezerra de Menezes, “em seu lugar, então, predominarão a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real, com o homem despertando para a beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade. A folia em que pontifica o Rei Momo já foi um dia a comemoração dos povos guerreiros, festejando vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica, quando a festa se chamava bacanalia; na velha Roma dos césares, fortemente marcada pelo aspecto pagão, chamou-se saturnalia e nessas ocasiões se imolava uma vítima humana”.
Dentre a vasta literatura espírita, indicamos como leitura para os dias de momo a obra Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, onde é abordado o tema para nossas reflexões quanto a utilização de nossas energias vitais que mal utilizadas são canalizadas, sugadas por entidades infelizes que utilizam dessas energias como o alimento é para nós encarnados.
Na referida obra, o autor, que quando encarnado desempenhou atividades médicas e espiritistas em Salvador, relata episódios protagonizados pelo venerando Espírito Bezerra de Menezes, na condução de equipes socorristas junto a encarnados em desequilíbrio.
Na referida obra retiramos pequeno trecho, onde Manoel registra, dentre muitos pontos de relevante interesse, o encontro com um certo sambista desencarnado, o qual não é difícil identificar como Noel Rosa, o poeta do bairro boêmio de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, muito a propósito, integrava uma dessas equipes socorristas encarregadas de prestar atendimento espiritual durante os dias de Carnaval.
Interessado em colher informações para a aprendizagem própria (e nossa também!), Philomeno inquiriu Noel sobre como este conciliava sua anterior condição de “sambista vinculado às ações do Carnaval com a atual, longe do bulício festivo, em trabalhos de socorro ao próximo”. Com tranquilidade, o autor de Camisa Listrada respondeu que em suas canções traduzia as dores e aspirações do povo, relatando os dramas, angústias e tragédias amorosas do submundo carioca, mas compreendeu seu fracasso ao desencarnar, despertando “sob maior soma de amarguras, com fortes vinculações aos ambientes sórdidos, pelos quais transitara em largas aflições”.
No entanto, a obra musical de Noel Rosa cativara tantos corações que os bons sentimentos despertados nas pessoas atuaram em seu favor no plano espiritual; “Embora eu não fosse um herói, nem mesmo um homem que se desincumbira corretamente do dever, minha memória gerou simpatias e a mensagem das músicas provocou amizades, graças a cujo recurso fui alcançado pela Misericórdia Divina, que me recambiou para outros sítios de tratamento e renovação, onde despertei para realidades novas”.
No diálogo entre o ex médico e o ex sambista – poeta da Vila sobre seu entendimento quanto às ebulições momescas, é claro, também mudou: - “O Carnaval para mim, é passado de dor e a caridade hoje, é-me festa de todo dia, qual primavera que surge após inverno demorado, sombrio”.
Infestação espiritual
“Em face dos desconcertos emocionais que os exageros festivos produzem nas criaturas menos cautelosas, há uma verdadeira infestação espiritual perturbadora da sociedade terrestre, quando legiões de Espíritos infelizes, ociosos e perversos, são atraídos e sincronizam com as mentes desarvoradas”.
A razão do carnaval
“Expressiva faixa de humanidade terrena tramita entre os limites do instinto e os pródomos de razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas emoções superiores, natural que se permitam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo ano, sintonizados com as entidades que lhes são afins, é de lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus”.
Obsessões coletivas
“Nesse período, instalam-se lamentáveis obsessões coletivas que entorpecem multidões, dizimam existências, alucinam valiosos indivíduos que se vinculam a formosos projetos dignificadores”.
Opinião de Emmanuel
“Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas”. Página recebida pela psicografia missionária de Chico Xavier.
Conclusão
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações”.
O Espiritismo nos esclarece que estamos a todo tempo em companhia de uma inumerável legião de seres invisíveis, recebendo deles instruções e influências boas ou más a depender da faixa de sintonia em que nos encontremos, e nesse período de momo sobretudo a vigilância dever ser redobrada, pois espíritos vampirizadores e ignorantes são atraídos em maior número.
A Doutrina Espírita é uma filosofia de pensamento livre, não condena o carnaval, mas, também, não estimula suas festividades. Nesse período são cometidos excessos de todos os graus, com abusos e desregramentos no âmbito do sexo, das drogas, da violência; exageros que extravasam desequilíbrio e possibilitam a atuação de espíritos inferiores.
ENEFE E COMEERJ faça já a sua inscrição
O que as pessoas procuram no carnaval? Beber até cair; arrumar um parceiro ou parceira para se deliciar com o sexo; esquecer as tristezas e amarguras da vida; dançar até o sol raiar. Pergunto aos espíritas: precisamos disso para nossa evolução espiritual? O espírita verdadeiro pode e deve aproveitar o feriado prolongado para estudar, trabalhar, ajudar aos outros e conectar-se com o Plano Maior da Vida em elevada festividade espiritual que nos faz bem, proporcionando real alegria e plenitude ao Espírito imortal.
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Fontes bibliográficas
Entre os Dois Mundos – Manoel P. Miranda, psicografia Divaldo P. Franco
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVII – Item 4 – Allan Kardec
Nas Fronteiras da Loucura – Manoel P. Miranda – psicografia Divaldo P. Franco