Conforme anunciamos no escrito precedente, hoje vamos discorrer sobre mediunidade em crianças lastreando argumentos não só em ideias, mas sobretudo em fatos. Tal opção é plenamente justificável porque Allan Kardec escreveu:
“Singularmente se equivocaria, quanto à nossa maneira de ver, quem supusesse que aconselhamos se abandonem os fatos. Pelos fatos foi que chegamos à teoria” (O Livro dos Médiuns, Primeira Parte, Capítulo III, item 14).
Como o valor dos fatos que iremos expor depende de nossa credibilidade pessoal, não temos outra alternativa além de assumir uma postura aparentemente vaidosa e dizer o seguinte:
a) Tudo o que relataremos a seguir consta do livro Experiências Mediúnicas com Crianças e Adolescentes, que publicamos há quase vinte anos, em 2.000, pela Editora DPL, de São Paulo-SP;
b) A referida obra foi apresentada ao público por dois médicos, que ao assinarem seus textos prefaciando-a fizeram questão de fornecer o número do seu CRM (Conselho Regional de Medicina);
c) Em suas páginas encontram-se documentadas ocorrências mediúnicas com diversas crianças, e os benefícios que elas tiveram sendo atendidas em sessões espíritas;
d) O personagem do primeiro caso, que a seguir vamos transcrever do livro sem qualquer comentário, tendo em vista o espaço destinado à coluna, presentemente é oficial-bombeiro da Polícia Militar paraense, e se alguém duvidar que ele existe venha a Belém para conhecê-lo, pois nos comprometemos a apresentá-lo. Eis os fatos:
Rangel apareceu em nossa casa espírita no ano de 1996, com 9 anos de idade, carregado pelo pai. Sua mãe, Margareth, disse-nos que o problema era o seguinte: após um passeio no qual ele tomara banho de piscina, começou a cair de repente em diversos lugares, mormente na escola, por lhe faltarem energias para sustentar-se em pé. Perguntou se não seria uma providência correta levá-lo a um neurologista, considerando a possibilidade de uma batida da cabeça durante o banho de piscina. Respondi afirmativamente, pois nunca desaconselhamos tratamentos médicos, contudo sugerimos que o trouxessem a uma reunião mediúnica privada que faríamos, destinada a atendimentos especiais e pesquisas. Nessa reunião Rangel entrou em transe com surpreendente espontaneidade, deslocando-se no recinto de um lado para o outro com a maior desenvoltura. Ao término da reunião, afastando-se o Espírito nele incorporado suas pernas bambearam e ele caiu, saindo carregado como chegou.
Diante do fato alentador, Margareth desistiu do neurologista e consideramos o tratamento espiritual iniciado.
Poucos dias depois ela foi dizer alguma coisa para Rangel em casa e ouviu dele esta frase:
– “Eu não sou Rangel, sou Jardel! (Este era o nome de um irmão desencarnado).
O fenômeno mostrava-se auspicioso, todavia daí para a frente se reproduziu tanto que passou a complicar a rotina da família. Jardel não se contentava em descrever para os pais, vez por outra, as facetas de sua existência extrafísica: pôs-se a ocupar o corpo de Rangel excessivamente e em ocasiões impróprias, até em uma festinha de aniversário. Não foi sem persistente relutância que concordou em somente dar o ar de sua graça durante sessões desobsessivas. Quando isso se concretizou, o menino estava curado.
Como Margareth, a essa altura, resolveu fazer do Espiritismo a sua religião, com plena concordância do marido José Carlos, também decidimos fazer uma avaliação psicológica de Rangel a fim de verificar se ele tinha condições de assumir responsabilidades de médium. Concluímos que tinha e o auxiliamos no desenvolvimento e educação das suas faculdades. Antes de completar onze anos Rangel já trabalhava conosco regularmente, em tarefas desobsessivas e de cura de enfermidades orgânicas. Continua trabalhando até hoje, aos 13 anos, e nunca nos decepcionou em nada. Sua mãe acabou revelando-se igualmente médium e está sendo aproveitada tanto nas nossas sessões desobsessivas quanto de cura.