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Artigo do Jornal: Jornal Outubro 2017
Escrito por: Nazareno Tourinho
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O título do presente escrito representa o segundo tema que, na abertura desta coluna, prometi abordar, a fim de fornecer aos leitores esclarecimentos doutrinários úteis, genuinamente kardequianos, tendo em vista os tabus que estão engessando o nosso movimento ideológico em deplorável mesmice, dentro da qual, alguém já alertou, nada se cria, tudo se copia...

Antes de entrar diretamente no assunto devo recordar que os Espíritos bons só dão conselhos perfeitamente racionais. Toda recomendação que se afasta da linha reta do bom senso ou das leis imutáveis da natureza acusa a presença de um Espírito atrasado e, portanto, pouco digno de confiança.

Esta opinião, que certamente, e infelizmente, não agrada a muita gente importante em nosso meio, não é minha, é do codificador do Espiritismo, está no item 267, alínea 18ª do Capítulo XXIV de O Livro dos Médiuns. Ela justificará as reflexões críticas que serei obrigado a fazer daqui em diante, sem o menor intuito de menosprezar quem pensa de modo diferente.

Relativamente a passes parece-me um grande erro, superlativamente prejudicial à propagação da verdadeira Doutrina Espírita, a tese de que para alguém ministrá-los em nossos Centros precisa fazer curso, a fim de obter indispensáveis conhecimentos em matéria de, desculpem o palavrão, fluidoterapia.

Tenho este ponto de vista pelas seguintes razões absolutamente lógicas:

1ª) O passe espírita não pode ser confundido com o passe dos seguidores da teoria do Magnetismo Animal, criada pelo médico alemão Franz Anton Mesmer, é um ato mais religioso do que científico, mais caridoso do que técnico e, portanto, o seu ministrador necessita de compaixão, nunca erudição;

2ª) As atividades mediúnicas de cura do Espiritismo devem se revestir de extrema simplicidade, porque a doutrina é ostensivamente contra formalismo; nelas o que vale é o sentimento, não a conduta estereotipada;

3º) É possível vermos uma pessoa que recebeu passe de outra com anel de doutor em um dedo da mão, ligeira ou demoradamente, levantar da cadeira com dor de cabeça antes não sentida, e depois se ver livre da mesma, e de outros sintomas mórbidos, graças a uma velhinha analfabeta que rezou na sua frente, sacudindo em várias direções um galho de arruda...

4ª) Todos os modelos de passe que são indicados ou receitados por modernos professores de Espiritismo saíram da cabeça deles, ou de obras inconfiáveis, aparentemente científicas, mas no fundo de ficção, pois ninguém conhece a química e a dinâmica do fluido magnético, ninguém sabe como ele age e reage nas pessoas e nos diversos ambientes, jamais forma feitas experiências de laboratório para apurar isto;

5ª) Em O Livro dos Médiuns, Capítulo XIV, item 176, alínea 2ª, Allan Kardec ensina:

“Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias”.

Ora, se no passe por nós ministrado são os Espíritos bons que direcionam os fluidos e lhes conferem as qualidades necessárias, por que precisamos de curso para socorrer nossos irmãos em sofrimento?

Somente necessitamos três coisas: a primeira, evidentemente, é ter bom caráter e coração generoso; a segunda, concentrar a vontade naquilo que estamos realizando, valendo-nos da intuição para escolher a forma de movimentar as mãos; a terceira é não fazer gestos espalhafatosos, ou que possam ser mal interpretados pela pessoa atendida, principalmente se ela pertencer ao chamado sexo oposto, que nos tempos atuais, salvo melhor juízo, já não é tão oposto...

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