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Artigo do Jornal: Jornal Julho 2017
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       Antônio Sobreira, empresário de transportadora, dono de uma frota de caminhões, foi visitar sua mãezinha doente, que lhe pediu para evitar a cólera, pois percebia que ele estava muito nervoso.

       — Fique tranquila, mãe — respondeu, sorrindo.

       Entretanto, logo que saiu à rua, um motorista avisou-lhe que o Avelino, seu irmão, atropelara seu filho perto de sua casa.

       Aflito, Antônio entrou no veículo e, chegando às imediações de sua residência, viu a aglomeração do povo e uma larga mancha de sangue no chão.

       Avelino, seu irmão, dirigiu-se a ele pedindo perdão e explicando que estava em marcha regular, quando Antonino, seu filho, atravessou num lapso de segundo na frente do carro. O filho acidentado fora levado ao hospital pela mãe e por dois médicos que passavam no local.

       Sem pensar, Antônio avançou contra Adelino, humilhando-o e, aos murros, deixou-o caído no chão com várias escoriações e equimoses.

Louco de fúria, apanhou seu automóvel e foi para o hospital. Lá chegando, encontrou sua esposa sorridente com o filhinho feliz, na portaria, que lhe disse:

“— Graças a Deus —, nada aconteceu. Antoninho não teve um arranhão.

— E o sangue no asfalto? — Perguntou Sobreira, varado de assombro e remorso.

Somente então veio a saber que o sangue pertencia ao cachorro de estimação – o Totó, que acompanhava o menino, e que os médicos que haviam atendido, de passagem, eram ambos veterinários.

Naquele instante, Sobreira, recordando as palavras de sua mãe, não pôde sofrear as lágrimas de arrependimento”. (1)

A ira é o impulso violento contra o que nos amedronta e nos ofende, também chamado cólera, raiva, ódio e rancor.

O Professor Mira y López, em seu excelente livro, Quatro Gigantes da Alma, diz que a Ira é o Gigante Rubro. Quando ela se liga ao Amor, nos dá o ciúme; quando se une ao Dever, nos dá a intolerância, capaz de chegar aos excessos de Torquemada e de Savonarola. Mas seu sócio preferido é, sem dúvida, o Medo.

A chispa de Ira é a consciência ou a ameaça do fracasso – Que não se pode sentir a Ira, sem antes haver sentido Medo, é óbvio para todo observador perspicaz. É somente quando surge um obstáculo, quando algo atinge nosso Eu e, de algum modo, o limita ou menospreza, isto é, ao nos vermos limitados, entorpecidos ou fracassados em nosso propósito vigente, que, sentimos acender a chispa da cólera. Se, em uma noite de verão, ouvimos o zumbido de um mosquito em nosso quarto de dormir, alertamo-nos e aguardamos, em tensão, que pouse em qualquer lugar de nossa pele para esmagá-lo: antecipamos o prazer de aniquilar esse inimigo do sono. Por fim, ele nos pica e zás!, aplicamos em nós mesmos um bom tapa, sem outro resultado que o de tornar a ouvir o zumbido. Nessa altura, já estamos zangados; começamos a encolerizar-nos – isso é o importante – não na medida que nos sentimos fracassados em nossa suposta potência. Outro exemplo: alguém nos atira um insulto absurdo e nós nos pomos a rir, porque sua falta de veracidade não nos ofende; mas se alguém nos lança em rosto algo que é desagradável e total ou parcialmente verdadeiro, então será certa nossa ira. Por quê? Porque no primeiro caso nos sobram e no segundo nos faltam meios seguros para anular os efeitos do insulto.

Dr. Frederic Luskin, doutor em Aconselhamento Clínico e Psicologia da Saúde pela Universidade de Stanford, afirmou, por meio de pesquisa, que a raiva revelou ser um fator de risco significativo para a doença cardíaca. Um estudo recente contemplou adultos que possuíam pressão arterial normal. Os participantes fizeram um teste psicológico para medir seus níveis de raiva. Os que apresentaram alto nível de raiva tinham três vezes mais chances de desenvolver uma doença cardíaca do que aqueles com níveis menores de raiva. Isso ocorre porque a raiva provoca a liberação de substâncias químicas associadas ao estresse, que alteram o funcionamento do coração e causam o estreitamento das artérias coronárias e periféricas.

Um estudo fascinante indicou que o simples ato de pensar durante cinco minutos em algo que o deixa irado pode deprimir a variação da frequência cardíaca.

Nesse estudo, os cinco minutos de raiva também deprimiram a reação imunológica dos participantes. Os pesquisadores fizeram o teste de imunoglobulina salivar, uma medida comum da capacidade imunológica, e constataram que a imunidade diminuiu por um período entre quatro e seis horas depois do episódio de cinco minutos de raiva. (2)

Quase todos, com raríssima exceção, nos deixamos arrastar pela ira, mesmo sabendo do seu imenso poder de destruição.

Paulo de Tarso, o judeu convertido ao cristianismo, disse em carta ao povo de Éfeso: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Como a nos dizer: já que não conseguimos controlar a ira, que independe de nossa vontade, devido ao nosso interior violento, que não a acalentemos a ponto de levá-la para o nosso leito.

Graças à nossa incapacidade de administrar a ira e o sofrimento, culpamos os outros por nosso insucesso. Odiando, seremos nosso próprio algoz. Em vista disso, é necessário, para sermos felizes, buscar a reconciliação com as pessoas que nos feriram, de certo modo, e aquelas que magoamos em nossa caminhada ao longo de nossa existência, educando nosso sentimento, utilizando o perdão. (3)

Renovemos o pensamento e tudo se renovará conosco.

“Quem se encoleriza, é o inquisidor da própria alma”. (4)

Muita paz!

 

Dados bibliográficos:

1 – Almas em Desfile – Espírito Hilário Silva – Francisco Cândido Xavier, Waldo Vieira – Lição 12 – Feb.

2 – Os Morfeus do Sonho – Itair Rodrigues Ferreira – 2ª edição, pág. 177 e 178 – Emican Editora

3 – Século XXI: A Era do Sentimento – Itair Rodrigues Ferreira – Pags. 71/72 – Emican Editora

4 – Agenda Cristã – Pelo Espírito André Luiz – Francisco Cândido Xavier – Lição 36 – Feb.

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