
Casos do Baleia Azul acendem sinal vermelho para educação de nossos filhos
A preocupação inquietou os corações de muitos pais nesses últimos dias. Notícias sobre o número de adolescentes que se autoflagelaram ou até mesmo cometeram suicídio em todo o mundo, motivados por uma série de fatores, entre eles o jogo Baleia Azul, revelou o quanto frágil e perdidos estão muitos dos nossos jovens.
Antes de continuar lendo essas linhas, quero aqui deixar claro que escrevo como espírita e mãe. Colocarei abaixo o que a Doutrina de Luz nos esclarece sobre a reponsabilidade que nós, pais, temos para com os nossos filhos.
Educar não é tarefa fácil, porém não é impossível. Em O Livro dos Espíritos, o papel da família é bem evidenciado: “os Espíritos dos pais tem por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa.tornar-se-ão culpados, se vierem a falir em seu desempenho”. A obrigação paternal se torna ainda mais evidente na resposta desta pergunta de Allan Kardec: “quando os filhos causam desgostos aos pais, não têm estes desculpa para o fato de lhes não dispensarem a ternura de que os fariam objeto, em caso contrário?” E os Espíritos dizem: “não, porque isso representa um encargo que lhes é confiado e a missão deles consiste em se esforçarem por encaminhar os filhos para o bem. Ademais, esses desgostos são, amiúde, a consequência do mau feitio que os pais deixaram que seus filhos tomassem desde o berço. Colhem o que semearam.”
Sim, nós pais somos responsáveis pelos nossos filhos e temos a obrigação de dar o melhor a eles. E isso não é feito só com bens materiais, como muitos ainda pensam, mas principalmente com ensino evangélico, moral e o exemplo no dia a dia, dentro e fora de casa.
A realidade do século XXI torna ainda mais urgente uma maior atenção à família. Dados divulgados pela BBC Brasil indicam que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos aumentou 27,2% no Brasil.
O “jogo” Baleia Azul é mais um fator que vem a contribuir para esse aumento. Disputado pelas redes sociais, o “game macabro” propõe desafios aos adolescentes. Os mais agressivos e perigosos chegam a pedir automutilação e suicídio. Mas porque nossos jovens estão se deixando influenciar dessa tal maneira? Será que todos nós somos culpados por essa onda de violência?
Joanna de Ângelis responde a essas perguntas: “não conseguindo a auto-identificação mediante o processo de educação a que se encontra submetido, ou portador de um distúrbio psicótico maníaco-depressivo que não conseguiu superar, ou experimentando frustrações decorrentes de conflitos íntimos, o adolescente imaturo opta pela solução adversa do suicídio. Sem estrutura emocional para enfrentar os imperativos psicossociais, ou mesmo os desafios dos relacionamentos interpessoais, ou aturdido pelas sequelas das drogas aditivas, ou empurrado a plano secundário no lar, o adolescente parece não encontrar caminho que deva ser percorrido, tombando no autocídio infame, de consequências, infelizmente imprevisíveis e estarrecedoras.”
A solução para tudo isso, Joanna também prescreve: “quando o lar se tornar escola de real educação, e a escola se transformar em lar de formação moral e cultural, a realidade do Espírito fará parte das suas programações éticas, sem o caráter impositivo de doutrina religiosa compulsivo-obsessiva, porém com a condição de disciplina educativo moralizadora que é, da qual ninguém se poderá evadir ou simplesmente ignorar, então o suicídio na adolescência cederá lugar à resistência espiritual para enfrentar as vicissitudes e os desafios, mediante amadurecimento íntimo e compreensão dos valores éticos que constituem a vida.”
Em um vídeo publicado na internet, Rossandro Klinjey, palestrante espírita e psicólogo, também falou sobre a responsabilidade dos pais: “na verdade, o risco real dos adolescentes se matar existe antes da Baleia Azul, antes deste jogo. O jogo veio apenas mostrar o quanto nós temos hoje uma geração psiquicamente fragilizada. O aumento da vulnerabilidade dos jovens se dá por uma série de fatores, entre eles a falta de disciplina, a perda de autoridade dos pais por omissão, preguiça, competência ou por não saberem como se impor”. Rossandro reforçou a importância do diálogo e a vigilância constante no que o filho acessa nas redes sociais: “veja o que ele está postando, porque aquilo já vai dar uma indicação de como ele está vendo o mundo.”
Divaldo Franco também se manifestou a respeito dessa questão: “a indiferença de muitos pais em relação à prole, a ausência de educação condigna e os exemplos de edificação humana, defronta-se, inevitavelmente, a deplorável situação em que estertora a sociedade. Todo exemplo deve ser feito para a preservação do significado existencial, trabalhando-se contra a ilusão que domina a sociedade e pelo fortalecimento dos laços de família, pela solidariedade e pela vivência do amor, que são antídotos eficazes ao cruel inimigo da vida – o suicídio”.
O tema é polêmico, mas precisa ser debatido em casa, nas escolas, na mídia e até nas casas espíritas. E, acima de tudo, é necessário atentar para a importância da família na formação desses jovens. Converse com o seu filho, observe-o, tenha momentos de qualidade com ele, estabeleça laços verdadeiros de afeto e respeito. Como diz Emmanuel: “toda criança, entregue à nossa guarda, é um vaso vivo a arrecadar-nos as imagens da experiência diária, competindo-nos, pois, o dever de traçar-lhe noções de justiça e trabalho, fraternidade e ordem, habituando-a, desde cedo, à disciplina e ao exercício do bem, com a força de nossas demonstrações, sem, contudo, furtar-lhe o clima de otimismo e esperança “.
Fontes: O Livro dos Espíritos, Capítulo IV, X e XI
Livro Pensamento e Vida, Emmanuel / Chico Xavier – cap. 13
Livro Adolescência e Vida, Joanna de Ângelis / psicografia de Divaldo Franco – cap. 25
Vídeo do Rossandro Klinjey:
BBC Brasil online/ G1 on line / Jornal A Tarde, coluna Divaldo Franco, publicada 20-04-17