
Dói-nos ver a inversão de valores que acomete a humanidade. O Capitalismo chegou ao apogeu, e o homem sob seu comando tornou-se infeliz.
Os escândalos financeiros, diariamente relatados pela imprensa, e pela televisão, na qual assistimos criaturas na ânsia irrefletida de aumentar o patrimônio material para ter mais e mais poder, sem se importarem com as injustiças e as iniquidades que produzem, estão chegando ao fim.
Jesus, o Cristo de Deus, afirmou: “Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo” (1).
“É necessário que o escândalo venha, porque, estando em expiação na Terra, os homens se punem a si mesmos pelo contato de seus vícios, cujas primeiras vítimas são eles próprios e cujos inconvenientes acabam por compreender. Quando estiverem cansados de sofrer devido ao mal, procurarão remédio no bem. A reação desses vícios serve, pois, ao mesmo tempo, de castigo para uns e de provas para outros. É assim que do mal tira Deus o bem” (2).
O Universo e nós somos comandados por Deus e Ele só permite que aconteça conosco o que for necessário para nossa verdadeira evolução — a evolução do Espírito —, que é o objetivo da vida no corpo — evoluir —, seja na Terra, seja em qualquer outra habitação. Não existe acaso. Tudo está, rigorosamente, sobre o controle divino.
Para nos dar essa certeza, o insigne Allan Kardec perguntou às Entidades Sublimadas, incumbidas de nos trazer a Terceira Revelação da Lei de Deus:
“Pode um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?
E recebeu como resposta esta contundente afirmação:
“Não; Deus não o permitiria” (3).
Dentro desse mesmo tema, os Espíritos Superiores responderam a Allan Kardec, quando ele questionou sobre a grande perversidade do homem, que, em vez de avançar, parece caminhar aos recuos:
“Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas” (4).
Estamos cada vez mais próximos do ápice da transição por que passa o nosso planeta em que receberá a classificação de mundo de regeneração. Nenhum gesto nosso, por menor que seja, será ignorado. Devemos estar unidos.
A África do Sul, um país que passou por um longo regime escravista denominado apartheid, tem uma palavra, no idioma banto, para designar humanidade: Ubuntu.
Ubuntu significa literalmente “humanidade”, porém quer dizer: Sou incompleto sem você.
Não existem raças, nem credos, nem nações. Somos seres humanos. Nossa humanidade é composta por interconexão, e qualquer corte no tecido dessa interconexão deve ser reparado para que voltemos a ser inteiros. Cada mal praticado fere a todos nós.
Neste ano que se inicia, de 2017, estejamos imbuídos de pensamentos e atitudes de oração para colaborarmos com os Espíritos Superiores nas mudanças morais que se realizam na Terra, tendo mais tolerância para com as imperfeições dos outros, sabendo que quando alguém é ferido, nós também recebemos o estilete da dor, pois estamos todos interconectados.
Ninguém deve ser criticado, porque quem age errado não é feliz. Àqueles que erram, basta o fogo do remorso a queimar-lhes o coração.
Aproveitemos a oportunidade áurea das mudanças, aprendendo com os nossos erros e com os erros dos outros, a trilhar o caminho do bem, corrigindo nossos vícios morais. Eduquemos os nossos sentimentos. Reivindiquemos os nossos direitos, sem egoísmo, com solidariedade, usando a não violência, porque “somos um só rebanho para um só pastor” (5).
Muita paz!
Notas bibliográficas
1 – A Bíblia Sagrada – Tradução de João Ferreira de Almeida – Mateus, 18, 7.
2 – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. VIII, item 14 – feb.
3 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte 2ª – Capítulo IX, Questão 551 – feb.
4 – Idem, ibidem, Parte 3ª – Capítulo VIII, Questão 784.
5 – A Bíblia Sagrada – Tradução de João Ferreira de Almeida – João, 10, 16.