
O insigne mestre Allan Kardec dividiu a educação em dois aspectos: educação intelectual e educação moral: Educação moral é a arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. (1)
A educação intelectual é muito importante. Os Espíritos superiores responderam a Allan Kardec que o progresso moral decorre do progresso intelectual, porque faz compreensíveis o bem e o mal, concedendo ao homem o direito de escolha (2), entretanto a educação moral faz com que a diretriz que a instrução nos proporciona seja boa e nos conceda a felicidade. Não basta saber, é preciso praticar o que sabemos, a fim de incorporar o bom hábito em nossas vidas.
A neurociência já mapeou todo o cérebro, com a tecnologia das máquinas diagnósticas auxiliando a medicina. Os hábitos estão encravados na região do cérebro próximo à nuca, entre o córtex motor e os núcleos de base.
Diz André Luiz, por meio da psicografia sublimada de Chico Xavier: “O cérebro é o instrumento que traduz a mente. O cérebro se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fosse um castelo de três andares: no primeiro residem o hábito e o automatismo, no segundo residem o esforço e a vontade e no terceiro indicando as eminências que nos cumpre atingir, demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, desse modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro”. (3)
Quando mudamos o hábito, reprogramamos nosso cérebro criando novas sinapses, novas conexões de neurônios. Hoje a neurolinguística, a psicologia positiva e a neurociência estudam formas de adquirir e mudar os hábitos que nos influenciam ao ponto de comandar nossas vidas. Grande parte dos nossos defeitos e das nossas virtudes são explicadas pelo hábito arraigado que necessita ser educado para que nos tornemos pessoas melhores e sejamos felizes.
“Cada hábito menos digno, adquirido pela alma no curso incessante dos séculos, funcionam qual entidade viva, no universo de sentimentos de cada um de nós, compelindo-nos às regiões perturbadas e oferecendo elementos de ligação com os infelizes que se encontram em nível inferior”. (4)
Dr. Stephen Covey estudou profundamente os hábitos e se convenceu, com pesquisa e reflexão, que vencer ou fracassar são resultados de sete hábitos. São eles que distinguem as pessoas felizes, saudáveis e de sucesso das fracassadas. Escreveu o livro que se tornou best-seller: Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes e, a seguir, O 8º Hábito, que representa o anseio de nossas almas por resultados superiores em busca do nosso eu transcendental, com educação dos nossos hábitos. (5)
No livro Sinal Verde, André Luiz escreve sobre “modos desagradáveis” e “hábitos infelizes”:
Modos desagradáveis: Manejar portas a pancadas ou pontapés. Arrastar móveis com estrondo sem necessidade. Censurar os pratos servidos à mesa. Sentar-se desgovernadamente. Assoar-se e examinar os resíduos recolhidos no lenço, junto dos outros, esquecendo que isso é mais fácil no banheiro mais próximo. Bocejar ruidosamente enquanto alguém está com a palavra. Falar como quem agride. Efusões afetivas exageradas, em público. Interromper a conversação alheia.
Hábitos infelizes: Usar pornografia ou palavrões, ainda que estejam supostamente na moda. Pespegar tapinhas ou cutucões a quem se dirija a palavra. Comentar desfavoravelmente a situação de qualquer pessoa. Entender boatos e entretecer conversações negativas. Falar aos gritos. Rir descontroladamente. Aplicar franqueza impiedosa a pretexto de honorificar a verdade. Escavar o passado alheio, prejudicando ou ferindo os outros. Comparar comunidades e pessoas, espalhando pessimismo e desprestígio. Fugir da limpeza. Queixar-se por sistema, a propósito de tudo e de todos. Ignorar conveniências e direitos alheios. Fixar intencionalmente defeitos e cicatrizes do próximo. Irritar-se por bagatelas. Desrespeitar as pessoas com perguntas desnecessárias. Contar piadas suscetíveis de machucar os sentimentos de quem ouve. Zombar dos circunstantes ou chicotear os ausentes. Analisar os problemas sexuais seja de quem seja. Deitar conhecimentos fora de lugar e condição, pelo prazer de exibir cultura e competência. Viver sem método. Agitar-se a todo instante, comprometendo o serviço alheio e dificultando a execução dos deveres próprios. Contar vantagens, sob desculpa de ser melhor que os demais. Gastar mais do que dispõe. Aguardar honrarias e privilégios. Não querer sofrer. Exigir o bem sem trabalho. Não saber aguentar injúrias e críticas. Não procurar dominar-se, explodindo nos menores contratempos. Desacreditar serviços e instituições. Fugir de estudar. Deixar sempre para amanhã a obrigação que se pode cumprir hoje. Dramatizar doenças e dissabores. Discutir sem raciocinar. Desprezar adversários e endeusar amigos. Reclamar dos outros aquilo que nós próprios ainda não conseguimos fazer. Pedir apoio sem dar cooperação. Condenar os que não possam pensar por nossa cabeça. Aceitar deveres e largá-los sem consideração nos ombros alheios. (6)
Busquemos a cada dia reformar nossos sentimentos, educando os nossos hábitos a fim de contribuirmos para um mundo melhor e mais feliz.
Muita paz!
Notas bibliográficas:
1 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte 3ª, capítulo III, comentando a questão 685 – Feb.
2 – Idem, ibidem, capítulo VIII, questões 780 e 780ª.
3 – No Mundo Maior – André Luiz – Francisco Cândido Xavier – capítulo 3 – Feb.
4 – Missionários da Luz – Idem, ibidem, capítulo 5 – Feb.
5 – Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes – Stephen R Covey – Ed. Best Seller
O 8º Hábito – Stephen R Covey – Ed. Campus.
6 – Sinal Verde – André Luiz – Francisco Cândido Xavier – Cec.