
De vez em quando somos indagados pelas pessoas sobre a providência divina permitir tantos desvios na conduta humana. Alguns acham que o mundo caminha ao acaso, sem porto e sem piloto. Muitos afirmam que a Terra está sendo destruída e que não há volta, só vai piorar. Outros sustentam ainda que Deus criou o mundo e o deixou entregue ao ser humano e foi descansar e que, portanto, cada um cuide de si.
O Espiritismo que comemora, no dia 18 desse mês, 159 anos, veio preparar a humanidade para uma nova era e explicar todos os questionamentos da alma humana. Não justificam esses comentários, já que a doutrina espírita não é secreta, estando à disposição, durante todo esse tempo, de todos quantos quiserem nela buscar esclarecimentos.
O Insigne Allan Kardec teve ocasião de perguntar à espiritualidade superior, sobre esse tema, com o objetivo de nos trazer o código da felicidade:
– “Bastante grande é a perversidade do homem. Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, ele, em vez de avançar, caminha aos recuos”?
Ao que as entidades sublimadas lhe deram a convicta resposta:
– “Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas". (1)
Vemos que é chegado o tempo de reforma. O mal está chegando ao excesso. O mundo passa por transformações bem evidentes, e todas as profecias bíblicas estão se cumprindo.
Nosso Brasil também está vivendo os seus momentos de reconstrução. País escolhido pelo Cristo, Governador do planeta Terra, numa profecia , na parábola dos trabalhadores maus: “Portanto vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos”. (2)
O Espírito Humberto de Campos conta, no livro psicografado por Chico Xavier, que o Divino Mestre transplantou da Galileia para o Brasil, logo após o seu descobrimento pelos portugueses, a árvore magnânima do seu Evangelho:
“Todos os espíritos edificados nas lições sublimes do Senhor se reuniram, logo após o descobrimento da nova terra, celebrando o acontecimento nos espaços do Infinito.
Uma alegria paradisíaca reinava em todas as almas que comemoravam o advento da Pátria do Evangelho, quando se fez presente na assembleia augusta, a figura misericordiosa do Cordeiro.
Complacente sorriso lhe bailava nos lábios angélicos e suas mãos liriais empunhavam largo estandarte branco, como se um fragmento de sua alma radiosa estivesse ali dentro, transubstanciado naquela bandeira de luz, que era o mais encantador dos símbolos de perdão e de concórdia.
Dirigindo-se a um dos elevados mensageiros na face do orbe terrestre, em meio do divino silêncio da multidão espiritual, sua voz ressoou com doçura:
– Ismael, manda o meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro.
Ismael recebe o lábaro bendito das mãos compassivas do Senhor, banhado em lágrimas de reconhecimento, e, como se entrara em ação o impulso secreto de sua vontade, eis que a nívea bandeira tem agora uma insígnia. Na sua branca substância, uma tinta celeste inscrevera o lema imortal: Deus, Cristo e Caridade”. (3)
Stefan Zweig, escritor austríaco de origem judaica, um dos escritores mais famosos e vendidos do mundo, veio para o Brasil, com a esposa, fugindo das hostes de Hitler, e escreveu um belíssimo livro sobre nosso País. Em sua introdução ele diz:
“O Brasil parece-me um dos países mais modelares e, por isso, um dos mais dignos de estima. É um país que odeia a guerra e, ainda mais, que quase não a conhece. Há mais de um século, com exceção da guerra do Paraguai, que foi insensatamente provocada por um ditador que perdeu a razão, o Brasil tem resolvido todas as questões de limites com seus vizinhos por meio de acordos e arbitragens internacionais.
Nunca a paz do mundo foi ameaçada por sua política e, mesmo numa época de incertezas como a atual, não é possível imaginar que o princípio básico de sua ideia nacional, esse desejo de entendimento e de acordo, se possa jamais alterar. Esse desejo de conciliação, essa atitude humanitária, não tem sido o sentimento casual dos diferentes chefes e dirigentes do país; é o produto natural dum predicado do povo, da tolerância natural do brasileiro, a qual no curso da sua história sempre se confirmou”. (4)
Bela descrição do Brasil feita por esse gigante da literatura internacional. Esse é o povo brasileiro! Tem sido elogiado em todo o mundo por sua conduta pacífica em suas reivindicações atuais na preservação do ideal democrático e, para assegurar que o “governo do povo, pelo povo, e para o povo, jamais desapareça da Terra”. (5)
Oremos a Deus, rogando para nós, o equilíbrio nesses dias de crise do nosso governo. O momento é delicado. Tenhamos fé, a fim de apoiarmos o trabalho da Falange de Ismael em sua missão de manter a integridade do Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. A nossa parte deve ser feita, que é estar em comunhão com as energias positivas, por meio da oração e da conduta cívica fraterna. Perseveremos no bem e na verdadeira caridade vista por Jesus: Benevolência para com todos, tolerância para com as imperfeições dos outros e perdão das ofensas. (6)
Muita paz!
Notas bibliográficas:
1 – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 784, Feb.
2 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Mateus, 21: 43.
3 – Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, cap. III, Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Feb.
4 – Brasil, País do Futuro, Stefan Zweig, volume VI, Introdução, Editora Delta.
5 – Abraham Lincoln, América – Passado e Presente, Divine, Breen, Frerickson, Williams, Roberts, pág. 334, 1ª edição, 1992, Editora Nórdica.
6 – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 886, Feb.