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Artigo do Jornal: Jornal Março 2016

Sobre o autor

Melissa Santos

Melissa Santos

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A pergunta pode parecer estranha para muitos: como vocês passaram os dias de carnaval? Bem, eu que vos escrevo, posso dizer que minha folia foi Cristã. Muitos agora devem estar se questionado: como é possível os dias de “festa da carne” serem transformados em momentos de muita harmonia e paz com Jesus?

Há muitas maneiras disso acontecer: aproveitando o carnaval para estudar o evangelho e a doutrina espírita, confraternizar músicas cristãs com os amigos e familiares, conhecer novas pessoas com o mesmo ideal de fé, refletir sobre a vida ou fazer tudo isso ao mesmo tempo, tendo o prazer de participar de encontros de luz como o ENEFE e a COMEERJ, ambos promovidos e supervisionados pelo CEERJ (Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro).

Como expliquei em artigo anterior, publicado em janeiro deste ano, a COMEERJ é a Confraternização de Mocidades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro e já existe há 35 anos. A última edição, agora em fevereiro, reuniu cerca de cinco mil pessoas, entre elas aproximadamente 2.500 jovens de 11 a 26 anos, em diversos polos nos dias de carnaval. Já o ENEFE (Encontro Estadual da Família Espírita) aconteceu em vários centros e lugares cedidos para o evento, como o Abrigo Teresa de Jesus, na Tijuca, na qual eu participei. Foram mais de 3.400 espíritas reunidos nos 58 núcleos espalhados em vários municípios.

 O tema deste ano, que serviu de base para os estudos e reflexões feitas durante os encontros, não poderia ser mais propício para o momento em que estamos passando: DESAFIOS DA VIDA – ESTAMOS VIVENDO COMO CRISTÃOS?

Viver como cristão é se empenhar para seguir os passos do Mestre Jesus. E é sempre bom relembrar também a frase do item 4, do capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.

No livro Pensamento e Vida, psicografado por Chico Xavier, Emmanuel nos diz, na lição 5, intitulada “Educação”, que “o pensamento é força criativa, a exteriorizar-se da criatura que o gera, por intermédio de ondas sutis, em circuitos de ação e reação no tempo”. Já Joanna de Angelis, no livro Rejubila-te em Deus, psicografia de Divaldo Franco, na lição 8, “A psicologia da oração”, nos esclarece: “a oração é um precioso recurso que faculta a aquisição da autoconsciência, da reflexão, do exame dos valores emocionais e espirituais que dizem respeito à criatura humana. Torna-se delicado campo de vibrações especiais, faculta a sintonia com as forças vivas do Universo, constitui-se veículo de excelente qualidade para a vinculação da criatura com o seu Criador”. Sendo assim, mudarei a minha pergunta inicial: qual a melhor forma de passar o carnaval? Será que nosso pensamento estará mais em sintonia com o Alto se tivermos em festas milionárias e ao mesmo tempo sem propósito sublime, ou em reflexão sobre a própria vida e as mudanças que queremos fazer em nós durante eventos voltados para isso?

Que fique claro aqui que não quero fazer nenhum tipo de censura ou de julgamento aqueles que gostam de ir a blocos, desfilar na Sapucaí e acompanhar nas ruas os dias de festa. Mas como espíritas, não podemos esquecer que esses eventos, mesmo que em nós não haja o sentimento de baderna e libertinagem, atraem espíritos ainda equivocados. Manoel Philomeno de Miranda, relata Nas Fronteiras da Loucura, psicografia de Divaldo Franco, o seguinte trecho: “como acontecera nos anos anteriores, aquela segunda-feira de Carnaval convidava ao desaguar de todas as loucuras no delta das paixões da avenida em festa. (...) As mentes, em torpe comércio de interesses subalternos, haviam produzido uma psicosfera pestilenta, na qual se nutriam vibriões psíquicos, formas-pensamento de mistura com Entidades perversas, viciadas e dependentes, em espetáculo pandemônico, deprimente. (...) Não obstante, como sempre ocorre em situações dessa natureza, equipes operosas de trabalhadores espirituais em serviços de emergência, revezavam- se, infatigáveis (...) para defender os incautos menos maliciosos, enfim, socorrer a grande mole em desequilíbrio ou pronta para sofrer-lhe o impacto”.

Não é desconhecido que os polos e núcleos de Comeerj e ENEFE, assim como todos os outros que acontecem com ideais voltados para Deus durante o carnaval, são pontos de apoio para a espiritualidade. Quem vai a esses encontros de amor também ajuda a manter a psicosfera menos densa durante os dias de momo. E não raro Espíritos socorridos são levados a essas unidades para tratamento. Talvez seja por isso que os participantes sintam-se muito bem e em paz consigo mesmos e com a sensação de dever cumprido. Participar de COMEERJ e ENEFE é uma experiência diferente e única, que só as vividas com Jesus podem nos proporcionar. Por isso, depois de todas essas considerações, termino o artigo com uma nova pergunta: e você, qual o tipo de folia que quer ter no próximo carnaval?

 

=====================  BOX 1 =======================

A experiência de ter participado pela primeira vez da folia cristã

 

Alice Damásio, de 17 anos, foi pela primeira vez à Comeerj agora em fevereiro, no polo XVIII. O encontro aconteceu dentro de um colégio particular, em Bento Ribeiro. Foram quatro dias intensivos, inclusive dormindo no local. Experiência que ela quer repetir: “lá você conhece muitos amigos novos, fortalece a relação com os amigos antigos, reflete sobre suas atitudes como cristão, como espírita, aprende lições de trabalho e muitas outras coisas! Você realmente se sente num mundo onde reinam a paz e o amor!”, declarou a jovem. Alice destacou também os momentos favoritos durante o evento: “a parte que eu mais gostei foi quando fizemos como se fosse um culto no lar. Os nossos familiares foram para lá estudar conosco durante um tempinho. Foi muito bom, pois antes do culto nós cantamos e tocamos em volta dos familiares, algo que não estava ensaiado e que foi de arrepiar, muito lindo!”. E concluiu dizendo: “agora que conheci a COMEERJ, vou voltar para lá todo ano! Essa foi uma das melhores escolhas da minha vida”.

Já Marcos Antônio Damico, de 55 anos, foi pela primeira vez no ENEFE. O escolhido foi o núcleo Tijuca, que acontece no Abrigo Teresa de Jesus. Ele contou que sempre teve vontade de ir, desde que os filhos eram pequenos (agora já dois rapazes), mas não tinha a chance por conta de viagens neste período. Para ele, depois de tanta espera, o encontro superou as expectativas: “o local não poderia ser melhor, o estudo foi muito relevante quanto a nos posicionarmos a sermos verdadeiros cristão no mundo. A troca de experiências nos debates e conhecimento fez nos refletir. Quantas novas amizades, quanto estreitamento das amizades já enlaçadas, quanto carinho recebido e doado... Já estou até com saudades...” E finalizou dizendo: “quero voltar ano que vem!”.

Eu sei bem o que é isso, essa sensação boa após ENEFE ou COMEERJ. Sensação que faz a gente querer participar de coração aberto a cada ano e que me fez trocar as folias nas ruas, nos blocos, pelo recolhimento alegre e de estudo com Jesus. Essa festa cristã nos deixa mais em paz, mais preparados para passarmos com fé renovada todos os demais dias do ano. Eu mesmo já estou nesta folia de luz desde 2011! E espero poder participar novamente em 2017.

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