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Artigo do Jornal: Jornal Fevereiro 2016

Sobre o autor

Jacob Melo

Jacob Melo

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            Toda ideia nova forçosamente encontra oposição e nenhuma há que se implante sem lutas. Ora, nesses casos, a resistência é sempre proporcional à importância dos resultados previstos, porque, quanto maior ela é, tanto mais numerosos são os interesses que fere. Se for notoriamente falsa, se a julgam isenta de consequências, ninguém se alarma; deixam-na todos passar, certos de que lhe falta vitalidade. Se, porém, é verdadeira, se assenta em sólida base, se lhe preveem futuro, um secreto pressentimento adverte os seus antagonistas de que constitui um perigo para eles e para a ordem de coisas em cuja manutenção se empenham. Atiram-se, então, contra ela e contra os seus adeptos.

            Assim, pois, a medida da importância e dos resultados de uma ideia nova se encontra na emoção que o seu aparecimento causa, na violência da oposição que provoca, bem como no grau e na persistência da ira de seus adversários.

            Se aplicarmos isso a ideias antigas, com mais de 200 anos, alguém poderá advogar que ‘não seria o caso’, mas se essas ideias só agora voltam a tomar força, certamente o dito se aplica com largueza.

            Pois não nos enganemos: os dois primeiros parágrafos que abrem este artigo são de autoria do senhor Allan Kardec. Interessante é que algumas pessoas, quando cruzam com esse texto, não lembram de o terem lido ou mesmo de tê-lo percebido. Intrigante, todavia, é que ele não está registrado em nenhuma obra pouco conhecida, pois se trata do item 12 do capítulo 23 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, por ele intitulado de Estranha Moral.

            O Magnetismo, à sua época, era considerado como uma grande ideia nova, a qual recebia da Academia e de todos os lados, dardos de toda natureza. O Espiritismo igualmente veio em semelhante viés, recebendo ferrenhos antagonistas, muito embora os grandes magnetizadores do passado sempre atribuíram e expressaram seus desejos de que à Ciência médica caberia seu desenvolvimento e sua aplicabilidade. Isto, porém, não ocorreu. Vindo o Magnetismo com um potencial extremamente vigoroso, o medo de perda de status ou de ter que aceitar mudanças múltiplas em seus quartéis, o meio científico trabalhou contra e não aceitou nem parceria nem divisões.

            Os mais notáveis magnetizadores de então escreveram seus livros, com todos registrando, de uma forma mais contida ou mais abrangente, os erros de visão, as decisões intencionalmente equivocadas e os partidos contra os benefícios que adviriam.

            Com o advento do Espiritismo, pela maneira lúcida, exemplar e tão bem anotada ao longo de toda sua obra, Allan Kardec, conhecedor de grande parte dos problemas vividos pelos antepassados e contemporâneos das práticas magnéticas, parecia pressentir uma nova onda de descrédito sobre aquela Ciência, pelo que reforçou, o tempo inteiro, a função, o uso e o valor do Magnetismo na abóbada do Espiritismo. Contudo, apesar de seu esforço, tudo indica que ele não esperaria viesse do próprio meio espírita os mais aferrados opositores ao Magnetismo que ele tanto e tão bem demonstrou estar intrinsecamente ligado à Doutrina Espírita.

            Infelizmente, o que se passou com o Charles Lafontaine, parece se repetir, de outras formas, mas no mesmo sentido, com o esforço de se propagar o bem.

            Quando ele foi proibido por um delegado, de aplicar Magnetismo em Nápoles, na Itália, recorreu de sua influência para fazer com que o homem que o ameaçara de ter que ir embora revogasse sua decisão. Interferiram em favor do senhor Lafontaine os embaixadores da França, Inglaterra, Espanha e Rússia, fazendo com que o delegado arquivasse o decreto. Enquanto esse delegado dizia que “decididamente nós não podemos manter este homem em Nápoles; ele mudará a religião; ele faz tudo o que o Cristo fazia”, o Rei, que se pronunciou sobre o acusado assim recomendou: “Eu consinto que o Sr. Lafontaine fique em Nápoles, sob a condição de que ele não fará os surdos-mudos ouvirem nem os cegos verem”!

            Até parece que atualmente a luta contra a prática do Magnetismo nas Casas Espíritas parafraseia esse fato: “Você pode estudar o Magnetismo, mas não pode fazer o bem que ele garante ser possível”.

            Quando se relê o texto de Allan Kardec que abriu este artigo se entende ainda melhor a força do que ele escreveu.

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