
É urgente fazermos a escolha de sermos protagonistas da nossa própria vida, já não cabe mais caminharmos como coadjuvantes esperando que alguém nos salve de nós mesmos e das escolhas que fizemos.
De imediato devemos assumir que usamos uma lente incapacitante e limitada que reduz a nossa capacidade de perceber a vida, as oportunidades e principalmente as lições embutidas nos acontecimentos diários. Essa lente nos foi colocada pelo ambiente onde nos desenvolvemos e é justamente por causa dela que as nossas escolhas nem sempre são ou foram favoráveis ao nosso desenvolvimento e à construção da nossa felicidade.
Quais as consequências disso? De imediato podemos observar a imensa necessidade de ser visto, comentado, fotografado, ser seguido nas redes sociais vendendo uma imagem irreal de felicidade, tanta facilidade de comunicação e tanta solidão... Joanna de Ângelis[1], afirma: “O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, talvez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda. Os campeões de bilheteria nos shows, no rádio, televisão e cinema, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios, cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão”. Construímos uma sociedade que olha para fora, mas as grandes questões e verdadeiras conquistas da vida necessitam de um olhar muito mais profundo, para dentro do ser que somos.
Não é de se estranhar que a ansiedade esteja tão presente na vida cotidiana e com isso estejamos tão vulneráveis às doenças, sejam elas físicas ou emocionais; nunca se vendeu tantos fármacos na ilusão de que felicidade é vendida em cápsulas. Ou mudamos nossas atitudes e revemos nossas escolhas ou a tão sonhada felicidade ficará cada vez mais distante de nós, como já narrava Vicente de Carvalho: “Essa felicidade que supomos,/Árvore milagrosa, que sonhamos/Toda arreada de dourados pomos,/Existe, sim: mas nós não a alcançamos/Porque está sempre apenas onde a pomos/E nunca a pomos onde nós estamos.”
A felicidade é construída de dentro para fora, é estado da alma, emoção experimentada, vida transformada. É viver cada momento, é estar presente no agora da nossa vida, é beber a taça da alegria e da tristeza quando estiverem à mesa, é não se permitir perder a esperança de que nascemos para sermos melhores, que somos capazes de mudar a história do nosso planeta, não porque somos populares e temos muitos seguidores, mas porque somos inteiros e estamos escolhendo viver plenamente a vida que nos foi amorosamente dada pelo Pai.
Algumas mudanças de atitude podem nos ajudar na construção da felicidade:
- Pratique gratidão: Quanto mais gratos formos, mais felicidade sentiremos;
- Não se preocupe com o que você não tem, apenas dirija sua atenção para a pessoa que você quer ser;
- Pratique alegria: rememore o seu dia e comemore os acontecimentos que proporcionam alegria, não valorize apenas o que não deu certo;
- Aprimore e reconheça suas qualidades: seja hoje melhor que ontem para realmente amanhã poder ser melhor que hoje, sem arrogância e sem a intenção de subjugar o outro;
- Assuma a responsabilidade por sua vida;
- Não deixe para ser feliz “no dia que...”: seja feliz agora. Já pensou como seria o mundo se não precisássemos de motivos para ser feliz?
- Seja amigo dos amigos e dos que não tem amigos;
- Aprenda com as suas crises: a crise é excelente mestre para o aprimoramento da alma;
- Cultive sentimentos nobres: não dê espaço mental a inveja, ciúme, lamentações e queixas;
- Exercite amorosidade a todo o momento: aquele que ama é feliz em qualquer circunstância, pois o amor é o maior lenitivo para a alma.
E tenha sempre em mente que: “A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta[2]”.