
León Denis, em um de seus livros de maior sucesso, O destino do ser e da dor, falando sobre o processo evolutivo do ser humano diz textualmente: “A alma dorme na pedra; sonha no vegetal; movimenta-se no animal, e acorda no homem.” Esse mecanismo evolutivo milenar, a que todos os seres estão fadados a experimentar, começa com a cristalizações dos minerais, até atingir um ponto maturativo, que provocam o deslocamento para organizações moleculares mais complexas, atingindo o reino mineral, começando com os vegetais mais simples, os chamados unicelulares, estagiando inicialmente nas águas, onde recebem recursos da natureza, a fim de avançar para plantas mais complexas, as pluricelulares.
Estagiando no reino vegetal, a alma humana, ou princípio espiritual, dependerá por muito tempo do “automatismo”, uma energia invisível e desconhecida nos seus impulsos determinantes, mas que funciona como necessidade imperiosa do ser em desenvolvimento. Nessa busca incansável pela evolução física e espiritual, o princípio espiritual atinge o reino animal, onde sua estrutura se torna mais complexa e livre, dentro dos padrões da chamada “alma-grupo”, coletiva, até que depois de estagiar em muitos animais de muitas espécies, atinge os chamados lacertídeos, ou seja; sapos, rãs, pererecas, e outros, que a partir daí, passam a desenvolver a chamada “glândula pineal”, esse órgão do cérebro, que milênios mais tarde, vai dar ao homem terreno à “mediunidade”.
Na medida que progride para animais de estrutura mais complexas, vai se realizando a “individualização” do ser espiritual, até chegar aos animais do topo do reino o animal, que são os mamíferos conhecidos como: cão, gato, baleia, golfinho, elefante e outros. Dos lacertídeos até os mamíferos temos os répteis e a as aves, todos intermediários desse processo evolutivo que não para. Nos vegetais as plantas demonstram a irritabilidade celular; no animal temos o instinto, e no homem temos a razão-consciente. Podemos afirmar que, nesse processo de evolução infinita, temos uma espécie de “amor universal” provindo de Deus, que espalha uma fagulha divina, envolvendo todos os seres da criação universal; minerais, vegetais, animais e homens.
A destinação histórica dessa evolução é a conquista biossociopisíquica do homem, que ao receber na testa o selo da humanidade, recebe dois atributos com os quais vai desenvolver suas aptidões através da mente humana, usando o “livre-arbítrio” e o “pensamento contínuo”, instrumentos indispensáveis ao progresso humano, no uso da liberdade de escolher, e na capacidade de cocriar juntamente com Deus através do pensamento, que formará ideias que se materializarão na vida cotidiana através dos séculos.
As coisas externas sempre foram uma atração irresistível para o homem terreno, e ainda nos dias de hoje, mesmo sabendo que são temporárias, e que não podemos levar para o outro lado da vida, insistimos nelas, em detrimento das coisas internas, que são espirituais, e onde se encontram os mecanismos renovadores, que resultam de lições pretéritas. Uma reforma íntima bem sucedida, descartará as neuroses, o medo, a solidão, o ódio, o rancor e o ressentimento, dando ao homem condições de alcançar através do amor, a vida integral, tão disseminada pela Doutrina do Consolador.
A consciência imortal, conquistada pelo homem depois de milênios de experiência na carne e no espírito, é diretriz espiritual do corpo físico, mas só será útil ao homem, se houver o hábito da reflexão, do questionamento, do que podemos ou não fazer, em nosso benefício, e principalmente em benefício dos outros. Espíritos com dificuldades de se identificar com as Leis de Deus, sofrem muito, mas continuam tendo em germe a essência divina, que só desabrocha quando o espírito abandona os vícios, desejos e paixões. A sensualidade e os prazeres fugidios e imediatos, continuam sendo o maior obstáculo para que homem possa avançar célere para o infinito de Deus.
A responsabilidade diante de Deus é individual, porque o homem é o único responsável pelo seu destino, um caçador de si mesmo, e quando adquire o hábito de fazer silêncio e refletir sobre a ansiedade e os tormentos íntimos, ele cresce na vida física e espiritual, pois passa a contar com a ajuda de irmãos superiores, que supervisionam nossos esforços aqui na Terra, mostrando para nós painéis mentais diferenciados de tudo o que já observamos, convidando-nos para a paz, a alegria e a felicidade.
De um modo geral, ainda gostamos das facilidades, da gratuidade, do automatismo e do milagre, sem nenhum esforço de nossa parte, e por isso criamos mentalmente bengalas psicológicas, conselhos com pessoas despreparadas, ou até mesmo pregadores inflamados, que alardeiam fortunas, curas mirabolantes e outras facilidades, que certamente você não vai encontrar. Se você quer ser realmente feliz, trabalha diuturnamente seu corpo e sua mente através de pensamentos éticos e altruísticos, voltados para o seu bem e principalmente para o bem dos seus semelhantes. “Quando conseguires plantar, nos corações daqueles que te cercam, a alegria e a felicidade; a felicidade dos outros te buscará, onde quer que você esteja, aqui ou no além, afim de implantar em definitivo, a tua suprema ventura”.