
O QUE É UMA CRIANÇA ÍNDIGO SEGUNDO AUTORES AMERICANOS DA SEITA KRYON – MATAR COLEGAS DE ESCOLA E O CONCEITO DE SOBREVIVÊNCIA DOS ÍNDIGOS – ESPÍRITOS SUPERIORES BATEM NO ROSTO DA MÃE? – A GERAÇÃO NOVA E O ESPIRITISMO – DEFENDER A DOUTRINA DA INTROMISSÃO DOS FALSOS PROFETAS
Recebi um e-mail de um jovem Espírita querendo que eu o esclarecesse sobre o seguinte:
- O que é uma criança índigo e o que elas têm a ver com o Espiritismo?
- Kardec trata em alguma obra da Codificação sobre essas crianças?
- Criança índigo é o mesmo que criança cristal?
RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS DO JOVEM
Quanto à sua primeira questão formulada, devo esclarecer que a criança chamada “índigo” nasceu a partir da cor que aparece associada à sua aura. A cor índigo vem de uma planta cultivada originalmente na Índia e que fornece material para tingir as calças jeans com a cor característica. Segundo alguns autores, as crianças índigo estão envolvidas por uma aura azul-índigo.
Nancy Ann Tappe, nos anos 80, observou que inúmeras crianças apresentavam esse tipo de aura e tinham características algo semelhantes. Na última década dos anos 90, dois autores norte-americanos, Lee Caroll e Jan Tober, publicaram o primeiro livro sobre “As Crianças Índigo”.
Em maio/99, Lee Carroll e Jan Tober, ambos escritores e palestrantes norte-americanos sobre auto-ajuda, publicaram o livro The Índigo children (As Crianças Índigo), nele narrando suas observações sobre as crianças que estão chegando ao mundo.
Dizem os norte-americanos citados que trata-se de uma nova geração de Mestres aportando no planeta para ajudarem a modificá-lo – social, educacional e espiritualmente; estarão catalisando mudanças comportamentais, no sentido de que a humanidade proceda como pensa, sem mascaramentos, sempre com sólida base no que é certo, mudando o foco do individual para o coletivo, isto é, mais o próximo, menos o EU; em tudo, só admitem a verdade, daí que se comportam como se fossem da realeza.
Antes deles, foi Nancy Ann Tape, uma sua conhecida, parapsicóloga, também americana, quem primeiro (desde 1980) cunhou a expressão "crianças índigo", com base na cor por ela observada na aura de crianças que de alguma forma se destacavam das demais. Nancy escreveu um livro narrando suas observações: Understandig your life through Color - Entendendo sua vida através da cor. A partir daí, tais crianças também passaram a ser denominadas de "Crianças da Luz", "Crianças do Milênio", "Crianças Estrela", e "Meninos Índigo".
“MATAR OS COLEGAS DE ESCOLA” - CONCEITO DE SOBREVIVÊNCIA DOS ÍNDIGOS
Algumas das características das crianças índigo são alarmantes, senão vejamos:
"Nascem, sentem-se e agem com realeza. (...) Conseguem inverter as situações, manipulando ao invés de serem manipulados, especialmente seus pais. (...) Não se relacionam bem com pessoa alguma que não seja igual a elas. (...) Algumas têm propensão ao vício, especialmente drogas durante a adolescência".
Citada em Crianças índigo como a primeira a supostamente reconhecer a aura azul dessas crianças, diz a vidente Nancy Ann Tappe:
"Todas as crianças que mataram colegas de escola ou os próprios pais, com as quais pude ter contato, eram índigos. Eles tinham uma visão clara de sua missão, mas algo entrou em seu caminho e elas quiseram se livrar do que imaginavam ser o obstáculo. Trata-se de um novo conceito de sobrevivência. Todos nós possuíamos esse tipo de pensamento macabro quando crianças, mas tínhamos medo de colocá-lo em prática. Já os índigos não têm esse tipo de medo".
Esse é o novo conceito de sobrevivência das crianças índigo? Matar os pais e colegas de escola? O que isso tem a ver com o Espiritismo?
ESPÍRITOS SUPERIORES BATEM NO ROSTO DA MÃE?
Ora, na obra de Lee Carroll e Jan Tober, esbarramos num contrassenso quanto a essas crianças. É que a identificação de tais crianças baseia-se em critérios muito subjetivos e mesmo errôneos. Vemos crianças consideradas índigo batendo no rosto da mãe, sendo prepotentes, humilhando e agredindo outras pessoas, inclusive seus pais.
Ora, segundo qualquer avaliação sensata, tais tendências não revelam um espírito superior. Pode ser até um ser desenvolvido intelectualmente, mas o orgulho e a arrogância mostram um déficit moral, que os pais têm a responsabilidade de ajudar a corrigir, com amor e diálogo.
Os Espíritos da Codificação realmente anunciaram uma geração nova, mas nos seguintes termos: "Cabendo a eles fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por uma precoce inteligência e razão, juntas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, constituindo um sinal indiscutível de um adiantamento anterior", explicaram no capítulo XVIII de A Gênese.
Os Espíritos estão falando de progresso moral e de uma geração com o sentimento inato do bem. Isso pressupõe a habilidade de resolver conflitos, paciência, solidariedade e tolerância. Segundo o Espiritismo, "a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social". Já as crianças índigo descritas são revoltadas, agressivas e prepotentes. A chegada de uma nova geração anunciada na Doutrina Espírita nada tem a ver com o conceito de crianças índigo pertencente à seita estrangeira criada por Lee Carroll.
As suspeitas levantadas sobre essa obra nos motivaram a investigar mais profundamente seus autores, a origem, as finalidades de sua publicação, e quem está divulgando seus conceitos no país em que surgiu, os Estados Unidos. O que encontramos é grave e é preciso esclarecer os fatos.
A GERAÇÃO NOVA E O ESPIRITISMO
Pelo visto, as crianças índigo não têm nada a ver com o Espiritismo. Mas sobre a geração nova, isto é, dos espíritos que estão reencarnando na Terra, para substituir os espíritos atrasados e inclinados ao mal, diz Allan Kardec, no capítulo anteriormente citado de A Gênese, para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso.
Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substitui-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aqui não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.
QUEM SÃO: LEE CARROL E JAN TOBER
Um dos autores de Crianças índigo é Lee Carroll, formado em Economia pela Universidade da Carolina do Norte. Durante 30 anos trabalhou em sua empresa de engenharia de som, em Del Mar, San Diego, onde vive até hoje. O ano em que tudo começou foi 1989, quando um sensitivo disse ter visto ao lado de Lee Carroll uma entidade extraterrestre que se identificou pelo nome "Kryon". Intrigado, Lee começou a "canalizar" (esse é o nome que ele dá para as psicografias) textos da entidade extraterrestre Kryon num grupo esotérico de sua cidade.
A coautora do livro Crianças índigo é a cantora Jan Tober, ex-mulher de Lee Carroll. Ela o ajudou a criar uma seita própria, o Grupo Iluminação Kryon, em 1991. Durante 10 anos, as mensagens renderam a publicação de 12 livros. As edições, traduzidas para 23 línguas, venderam mais de um milhão de exemplares.
Os encontros do Grupo Iluminação Kryon, onde é possível consultar-se pessoalmente com Kryon por meio de Lee Carroll, reúnem plateias pagantes de 3 mil pessoas. Elas lotam caríssimos salões e teatros da Europa e Estados Unidos. Lá também são vendidos livros, filmes, souvenires e bijuterias. As mensagens do extraterrestre Kryon na Internet recebem cerca de 20 mil visitas por dia.
TESE POLITEÍSTA
Quem é esse ser que se diz extraterrestre e que revelou as crianças índigo? O site oficial da seita dá sua versão:
"Kryon é o mais evoluído ser de luz a que a Terra jamais teve acesso. Proveniente do 'Sol Central', com a função primordialmente técnica ligada ao 'serviço eletromagnético'. Foi enviado por um grupo de 'Mestres Extrafísicos', chamado 'A Irmandade'. Veio dessa vez para reordenar a 'rede magnética planetária', visando uma série de mudanças magnéticas no eixo da Terra, que se encerrará no ano de 2012".
Ora, em O Livro dos Espíritos, "Jesus foi o ser mais perfeito que já apareceu na Terra" (Questão 625).
Ainda há muito mais. De acordo com Kryon, Deus não existe. Ele propõe o panteísmo, ou seja, segundo ele, "todos os seres do Universo são parte de um todo e as individualidades são apenas ilusões".
Esse pensamento panteísta se opõe claramente aos ensinamentos do Espiritismo. Basta ler o seguinte diálogo em O Livro dos Espíritos: "Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo, seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade; ou seja, que pensar da doutrina panteísta?", perguntou Allan Kardec. E os Espíritos responderam: "Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte de Deus" (Questão 15).
AS CRIANÇAS ÍNDIGO SEGUNDO O GRUPO ILUMINAÇÃO KRYON
A doutrina do Grupo Iluminação Kryon vai ainda mais longe. Damos aqui apenas um resumo das palavras de Kryon:
"Os seres humanos que vivem na Terra eram anjos muito evoluídos que assinaram um contrato para vivenciar uma experiência humana no planeta Terra, motivo pelo qual seríamos honrados e celebrados em todo o Universo."
De acordo com o "extraterrestre", "a humanidade atingiu a 'Convergência Harmônica' necessária. Essa experiência é a de vivermos com um nível vibracional rebaixado para a terceira dimensão, sem as memórias ou lembranças de nossa origem divina".
O que seria "Convergência Harmônica"? Nos livros psicografados por Lee Carroll, informações pseudocientíficas como essa estão por todo o texto, sem explicação alguma.
Segundo Kryon, desde 1987 estariam nascendo crianças com o DNA alterado, que seriam as tão comentadas "crianças índigo". Há também referências às crianças cristal.
Todavia, de acordo com a Doutrina Espírita, a moral é um atributo do Espírito e não do corpo. Nenhuma alteração do DNA transformaria moralmente indivíduo algum.
E quais as consequências dessa suposta mutação das crianças? Segundo o extraterrestre Kryon, "elas se tornarão uma nova raça que irá habitar uma galáxia que está sendo criada a 12 bilhões de anos-luz da Terra".
Pelo fato de a astrofísica estar bastante avançada, podemos afirmar que a ideia da criação tardia de uma galáxia não tem embasamento científico algum.
DEFENDER A DOUTRINA ESPÍRITA DOS FALSOS PROFETAS
Na luta contra os conceitos absurdos dos falsos profetas que teimam em deturpar a Doutrina dos Espíritos, José Herculano Pires estabeleceu uma linha de conduta firme e esclarecida que marcou toda a sua vida. Um trecho bastante atual da obra O verbo e a Carne revela a clareza de sua visão:
"Infelizmente a maioria das criaturas não gosta de reconhecer os seus limites. A vaidade e a ambição levam muita gente a dar passos mais largos do que as pernas permitem. É o que hoje vemos, de maneira assustadora, em nosso meio espírita. Os casos de fascinação multiplicam-se ao nosso redor. Pessoas que podiam ser úteis se transformam em focos de confusão e perturbação, entravando a marcha do Espiritismo com a sustentação de teorias absurdas que levam a doutrina ao ridículo.
CONCLUSÃO
Diante disso tudo, lembro aqui as palavras de Jesus:
“E NAQUELES TEMPOS HAVERÁ FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS”.
E Jesus tinha razão em nos advertir, pois eles estão tentando penetrar disfarçadamente no Movimento Espírita, falseando as informações relativas à chegada de uma geração nova anunciada pela Doutrina Espírita que nada tem a ver com o conceito de crianças índigo pertencente à seita estrangeira criada por Lee Carrol.