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Artigo do Jornal: Jornal Novembro 2014
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Se perguntássemos a um homem, em qualquer época e em qualquer lugar: qual é o seu maior desejo? A resposta seria uma única: ser feliz. “Esse desejo encontra-se espalhado por este planeta em virtude de sua classificação como um mundo de provas e expiações, daí a frase bíblica muito comum que nos diz: A Felicidade não é deste mundo.” Esta frase é também o titulo de uma mensagem do espírito François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot, recebida em Paris no ano 1863, e que se encontra no Evangelho Segundo o Espiritismo. Vamos conhecer esta mensagem:

Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama geralmente o homem em todas as posições sociais. Isso prova meus caros filhos, melhor que todos os raciocínios possíveis a verdade desta máxima do Eclesiastes: A felicidade não é deste mundo. Com efeito, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor, são condições essenciais à felicidade. Digo mais: nem mesmo a reunião dessas três coisas tão cobiçadas, pois que ouvimos constantemente, no seio das classes privilegiadas, pessoas de todas as idades lamentarem amargamente a sua condição de existência

Diante disso, é inconcebível que as classes trabalhadoras invejem com tanta cobiça a posição dos favorecidos da fortuna. Nesse mundo, seja quem for cada qual tem a sua parte de trabalho e de miséria, seu quinhão de sofrimento e desengano. Pelo que é fácil chegar-se à conclusão de que a terra é um lugar de provas e expiações.

Assim, pois, os que pregam que a Terra é a única morada do homem e que somente nela e em uma única existência, é-lhe permitido alcançar o mais alto grau de felicidade que a sua natureza comporta; iludem-se e se enganam aqueles que os ouvem. Basta lembrar que está demonstrado por uma experiência multissecular que este globo, só excepcionalmente reúne as condições necessárias à felicidade.

Num sentido geral, pode-se afirmar que a felicidade é uma utopia a cuja perseguição se lançam as gerações, sucessivamente, sem jamais a alcançarem. Porque, se homem sábio é uma raridade neste mundo, o homem realmente feliz não se encontra com maior facilidade.

Aquilo em que consiste a felicidade terrena é de tal maneira efêmera, para quem não se guiar pela sabedoria, que por um ano, um mês, uma semana de completa satisfação, todo o resto se passa em uma sucessão de amarguras e decepções. É, notai. Meus caros filhos, que estou falando dos felizes da Terra, desses que são invejados pelas massas populares.

Consequentemente, se a morada terrena se destina às provas e expiações, é forçoso admitir que existem, além das moradas mais favorecidas em que o Espírito do homem, ainda prisioneiro de um corpo material desfruta, em sua plenitude, as alegrias inerentes à vida humana. Foi por isso que Deus semeou, em vosso turbilhão, esses belos planetas superiores para os quais os vossos esforços e as vossas tendências vos farão, um dia, gravitar. Quando estiveres suficientemente purificados e aperfeiçoados.

Não obstante, não se deduza das minhas palavras que a Terra esteja sempre destinada a servir de penitenciária. Não, por certo! Porque do progresso realizado podeis facilmente deduzir o que será o progresso futuro, e das melhoras sociais já conquistadas, as novas e mais fecundas melhoras que virão1. Essa é a tarefa imensa que deve ser realizada pela doutrina que os espíritos vos revelaram.

Assim, pois, meus queridos, que uma santa emulação vos anime e que cada um dentre vós se despoje energicamente do homem velho. Entregai-vos, inteiramente, à vulgarização desse Espiritismo, que já deu início à vossa própria regeneração. É um dever fazer vossos irmãos participarem dos raios dessa luz sagrada. À obra, portanto, meus caros filhos! Que nessa reunião solene, todos os vossos corações se voltem para esse alvo grandioso, de preparar para as futuras gerações um mundo em que a felicidade não seja mais uma palavra vã.

A pessoa que leu esta mensagem com bastante atenção poderá estar se perguntando: estamos condenados, na Terra, a sermos para sempre infelizes? A resposta é não. A Terra, enquanto um mundo de provas e expiações é o mundo compatível com a nossa evolução e necessário ao nosso progresso. Nele existem doenças, injustiças, maldades, dores físicas e morais e outros males que nos fazem infelizes, mas que são, em verdade, criados por nós mesmos.

Esta condição, porém, não é eterna, pois, à medida que formos avançando na longa estrada da evolução, habitaremos mundos melhores e seremos mais felizes. A felicidade não é uma dádiva de Deus, mas uma conquista do espírito, portanto, quanto menos evoluído é um espírito, mais infeliz será.

Podemos, ainda, fazer outra questão: há em nosso planeta a mínima condição de sermos felizes? A resposta, neste caso, é depende. Depende de quê? Depende do tipo de felicidade que estamos buscando. Estamo-nos pensando em uma felicidade relativa, poderemos ser felizes embora vivendo na Terra, entretanto, se estamos falando em felicidade absoluta, a resposta é não, porque esta felicidade não é deste mundo, mas dos mundos maiores onde vivem os espíritos evoluídos. Deste modo, que fique bem claro, este livro trata da felicidade relativa, ou seja, aquele que podemos conquistar por nossos esforços.

O que se pode entender por felicidade relativa? Os espíritos chamam de felicidade relativa um estado de bem-estar que existe apesar das dores deste mundo. Esta forma de felicidade é conseguida pelo exercício correto da arte de bem viver ou arte de fazer boas escolhas. É do ato de escolher que deriva a nossa felicidade ou infelicidade. Um homem recebe uma grande soma na Loteria, de pobre, torna-se muito rico. Diríamos que esse homem teria tudo para ser feliz, mas não foi, porque fazendo más escolhas meteu os pés pelas mãos e acabou morto pela mulher que ele escolheu para ser feliz com ele. Urge, então, que se interrogue? Como podemos fazer boas escolhas? Vamos tentar responder esta pergunta.

Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que a nossa capacidade de escolher deriva de nosso livre arbítrio e seria o mau uso dele que nos levaria à infelicidade. Em segundo lugar, desejamos destacar que as nossas escolhas dependem de nosso sistema de crenças que, por sua vez, é formado do que chamamos instrumental teórico, como: Os valores adquiridos em nossa educação; a religião que possuímos; a nossa filosofia de vida ou visão de mundo, entre outros fatores de menor influência.

É em função do instrumental teórico que pensamos e agimos. Desse modo, por exemplo, um católico pensa e age como católico, um evangélico como evangélico, um espírita como espírita e um materialista como materialista. O livro que você vai ler tem como objetivo primeiro discutir esta questão, dando ao leitor informações não dogmáticas que o ajudem a fazer melhores escolhas.

No caso específico do leitor espírita, o seu instrumental teórico é o Evangelho de Jesus e a Doutrina dos Espíritos. Assim, a primeira pergunta que deve fazer a si mesmo à pessoa espírita frente a um momento de escolha é: Em meus passos o que faria Jesus Cristo? E o que nos diz o Espiritismo nesse caso. Se isso for feito com seriedade e honestidade muitas situações dolorosas poderão ser evitadas.

Tomemos um exemplo. Uma pessoa espírita confessa sinceramente que não se encontra preparada para a perda de sua mãe ou de seu filho e diz ainda que a sua própria morte a atemoriza bastante. Ora, esta pessoa, sendo espírita, deve ter lido que o fundamento de nossa doutrina é exatamente a imortalidade da alma, a comunicação dos espíritos e a reencarnação. Como pode, então, essa pessoa, ser espírita? É simples: ela entrou para o Espiritismo, mas o Espiritismo não entrou nela. Este descompasso entre a teoria e a prática é muito comum, não só entre os espíritas, mas entre as pessoas de um modo geral. Assim, é necessário combater esta atitude e tentar fazer que as nossas palavras correspondam às nossas ações, se não quisermos passar pela vida longe da felicidade real.


1 Kardec, Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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