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Artigo do Jornal: Jornal Junho 2014

Sobre o autor

Pedro Valiati

Pedro Valiati

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Em uma das quatro estradas transitadas pelo Mestre e seus apóstolos, Pedro, o representante, pede ao Rabi que o caminho seja desviado, pois um animal morto estava por perto e o cheiro já incomodava. Enumerando os inconvenientes físicos do canino em putrefação, responde-lhe o Cristo “Não notaste-lhe os belos dentes?”

Paradoxal é o espírito humano:

- Desejamos o repasto da consciência tranquila, do trabalhador que cumpriu com o respectivo dever, dentro do conforto e sem maiores esforços, do corpo e do espírito. A paz do dever cumprido, do trabalho realizado, exige o comprometimento acompanhado da disciplina no conjunto da alma, 365 dias no ano.

- Rogamos pela companhia salutar. Contudo, quando nos convém, buscamos as atrações das paixões, as adegas do orgulho e do egoísmo. Os pensamentos rasteiros, as afeições indecorosas, o remoer das más notícias e maledicências, nos permitindo e alimentando as atrações infelizes.

- Pedimos a família feliz e perfeita. Que coaduna com as mais belas virtudes e valores. Porém, ainda cobramos as regalias e responsabilidades alheias e esquecemos os respectivos deveres como representantes e líderes domésticos.

- Contamos com a divina providência a todos os instantes, semeando a irresponsabilidades e o improviso.

Não poderemos desviar do caminho da lei de causa e efeito. Se escolhemos determinadas estradas, devemos nela nos submeter a bela paisagem ou aos inconvenientes. Por maior que sejam os desconfortos, o cheiro fétido, a imagem chocante da podridão e do sofrimento, este foi o caminho escolhido.

Contudo, mesmo as estradas mais difíceis possuem as belezas do caminho, por mais discretas que sejam. São os “Belos Dentes”, ou as vozes dos anjos, alcançáveis a todos os ouvidos ouvintes.

Todo aquele que traçou a mensagem do Cristo na estrada do coração deve honrar as dores e belezas do caminho. Necessita ter a consciência dos atos, controlar as paixões sob os esforços que só aquele que reprime o mal vivo dentro de si por séculos conhece.

A Casa Espírita é composta de homens e mulheres que, ao mínimo, deveriam entender o alcance de seus atos, dentro e fora da seara.

Sabemos os efeitos dos fluidos viciantes nas dependências da casa espírita, especialmente nas câmaras de passe e reuniões mediúnicas. Principalmente nestes ambientes, existem espíritos doentes e atormentados, necessitados do equilíbrio, não de apoio energético compatível com aqueles que, no breve passado, trouxeram-lhe a desdita.

As explosões de pensamentos e conversações menos nobres, da mesma forma, contaminam o ambiente.

Os espíritas que se transformam apenas no dobrar da esquina constroem a respectiva jornada espiritual em castelos de areia. Tendo as resistências demolidas ao sabor dos ventos da fraqueza, das intempéries das paixões, bem como das dificuldades da vida.

O tempo não aceita desperdício. Realizar a reforma íntima na essência, e não de vez em quando, tal afinco não interessa a alma que deseja abraçar maiores responsabilidades. Engana a si, trazendo a dor e a dúvida. Desencadearão processos de amargura e melindres, fragilidades e fraquezas, em infindáveis idas e vindas ao trabalho da casa.

O processo de crescimento deve ser autossustentável. O espírita consciente compreende a fortaleza da persistência na fé, no hábito de orar e meditar nos próprios erros. Entende e aceita os desafios do lar, do próximo, do trabalho, sob os limites do tempo e do cansaço do corpo físico.

As dores da obsessão são resultantes da indisciplina e não do trabalho espiritual.

Permitamos que o amor trafegue em nossos espíritos, retiremos a couraça do orgulho e da renitência, abracemo-nos, somos irmãos e, assim, devemos amar-nos. Fortaleçamo-nos uns aos outros nos momentos de fraqueza. As dificuldades arrefecem e a esperança se faz presente no abraço, na palavra amiga, ou até mesmo nos métodos eletrônicos de comunicação. Devemos mostrar presença aos irmãos que nos acercam.

Eis a escolha do caminho de porta estreita e de difícil acesso, onde jamais estaremos sozinhos. Tal como os apóstolos, caminhemos nas estradas do amor, a qual o Cristo nos acompanhará sempre.

Fiquemos todos em paz, e lembremo-nos sempre: Os que na Terra ligarem-se a Deus, a Ele permanecerão ligados no reino dos céus.

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