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Artigo do Jornal: Jornal Fevereiro 2014

Sobre o autor

Pedro Valiati

Pedro Valiati

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Já tivemos a oportunidade, em breve passado, de discorrer um pouco sobre a liberdade, esta peculiar característica, pertencente apenas aos espíritos maduros na questão moral.

Adentrando em sucinta recordação, Judas, apesar da aparente liberdade de ação como “contador do grupo”, fez péssimo uso do respectivo livre-arbítrio, e obedecendo aos imperativos obsessivos, optou pela sórdida traição, fazendo uso do beijo no rosto, símbolo máximo de comunhão dentre o povo Judeu. Demoraram-se 12 séculos para a recuperação plena, sendo traído, ou melhor, traída, na dimensão religiosa, política e bélica, entregue ao exército inglês e sofrendo as dores libertadoras do martírio como Joana D’Arc.

Herodes não foi muito diferente, utilizou-se de suas vastas possibilidades de rei, para burlar as profecias da época, tentando impedir inutilmente a vinda do Rei dos reis. Já naquela época, aliás, e infelizmente, em todas as épocas, o poder vem sendo usado para estreitar grilhões, ao invés de prover aos homens as condições básicas para desenvolverem-se. O erro foi-lhe fatal: Infanticídio, dentre outros crimes. O poder, ferramenta filosoficamente dada e concebida com o intuito de emanar a igualdade e liberdade, paradoxalmente, tem promovido a dor às mancheias. Séculos também foi a medida para Herodes, até libertar-se do jugo de suas próprias ações.

Antagônicas são as consequências daqueles que, através das inconsequências, buscam gozar da liberdade antes da maturidade, a “liberdade” que traz a satisfação. Contudo, pune e cobra as penas da infelicidade.

Judas e Herodes são exemplos comuns da sensação de tudo poder, como se não houvesse um amanhã, mas existe e exige o ônus até o último ceitil.

Os dias de hoje falam por si. Gerações de jovens buscam libertar-se das respectivas angústias através das drogas e demais viciações. Obviamente, acabam por perdê-la na totalidade. Não é paradoxal? Sob o sentimento de fuga e inconsequência, desejando despojar-se das obrigações que a disciplina exige, que em seus respectivos espíritos inseguros, sufoca, prendem-se, comprometendo vidas, no plural, no presente e no futuro.

Outros renegam ao perdão, aferroando-se aos verbetes da mágoa, crisálidas do coração. Respiram a revolta, expiram frustrações e aspiram vingança. Reflitamos: O que é mais libertador do que o perdão? O que mais nos reporta o espírito à beleza e à paz interior?

Sejamos Livres!

Quem mente não é livre, enreda-se como um peixe às malhas do pescador.

Quem julga não é livre, pois se dispõem do próprio código no tribunal da respectiva consciência.

Quem agride e oprime, achando-se livre, atado esta às correntes da inconsequência. Acredita-se autônomo para fazer o que bem entende sem preocupar-se com as dores alheias. Trabalha no próprio caminho, rumo à desdita.

Quem ofende, longe esta de alçar os vôos libertadores, estão, em verdade, sendo arrastados pelas correntes das próprias frustrações, da falta de amor próprio.

Quem não ama, enfim, não é livre.

Quem desejar ganhar a vida, que a perca. Sábias as palavras do Mestre.

Gandhi, nunca esteve tão livre, cativo em uma cela. Revolucionando a milhões e cravando o selo da liberdade nos idos da história.

Mandela, recém-chegado à pátria espiritual, expandia a essência libertadora cerrado em grades.

Corpos presos, almas livres. A liberdade, definitivamente, não é um fenômeno físico.

Uma liberdade que se possa ser retirada não é real.

Ambos, Gandhi e Mandela, poderiam cobrar o mal recebido, reivindicar na alcova da alma, o tratamento recebido, se aferroar ao fel do rancor, mas são livres!

O Cristo, literalmente pregado ao madeiro, transformara o objeto do martírio em asas da liberdade.

Libertemo-nos do fardo das inconsequências e avancemos rumo ao jugo suave dos mansos e humildes de coração. Capturados pela paz, atados a verdade, cativos do amor, acorrentados a Deus.

Que assim seja, Paz a Todos.

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